A comissão disciplinar da Federação Italiana de Futebol pediu hoje um castigo de dois anos e meio para o presidente da Juventus, Andrea Agnelli, por relacionamento ilícito com as claques ‘ultra’ e favorecimento à venda ilegal de bilhetes.
A justiça da federação transalpina fez este pedido 10 dias depois de Agnelli ter sido eleito presidente da Associação Europeia de Clubes (ECA), sucedendo no cargo da instituição, que tem 220 membros, ao alemão Karl-Heinz Rummenigge, líder do conselho diretivo do Bayern de Munique.
O promotor da federação, Giuseppe Pecoraro, também propôs que a Juventus disputasse dois jogos caseiros à porta fechada, mais um com a bancada sul, reservada aos ‘ultras’, vazia, bem como uma dura multa 300 milhões de euros.
Segundo a acusação, Agnelli terá autorizado a comercialização de passes anuais e ingressos acima do preço tabelado.
Um painel de federação tem agora 10 dias para decidir sobre a punição e, em seguida, há espaço para recursos.
Recentemente, Agnelli admitiu estar a ser investigado pela justiça desportiva italiana por supostas ligações a grupo da ‘Ndrangheta, a mais influente associação mafiosa em Itália na atualidade.
O dirigente reconheceu ter reunido com o Rocco Dominello, condenado a oito anos de prisão precisamente pelo esquema de corrupção ligado à transação ilegal de bilhetes – o seu pai foi sentenciado a 12 anos de prisão, pelo mesmo crime.
O que se tenta descobrir neste processo é precisamente o possível favorecimento na venda de ingressos a grupos ‘ultras’ da Juventus com ligações à organização criminosa.
Andrea Agnelli alega que a reunião com Dominello surgiu do mesmo modo que muitas outras, em ocasiões de comemoração com os adeptos, e garante que nunca a Juventus pretendeu envolver-se em atividades ilegais.
Se for banido por mais do que um ano, o dirigente terá de esperar uma década antes de ser novamente líder da Juventus.
“A acusação está a fazer o seu trabalho. Não estamos habituados a fazer previsões sobre se vai pedir um mês ou irradiação. O importante é lutar contra as alegações”, disse Franco Coppi, advogado de Agnelli.
O diretor de bilheteira Stefano Merulla, o responsável pela segurança Alessandro D’Angelo e o antigo diretor de marketing Francesco Calvo também vão ser julgados neste caso, baseado em violações à integridade do desporto e relações ilícitas com adeptos.
Andrea Agnelli, de 41 anos, lidera o clube, que a sua família é proprietária há quase um século, desde 2010.
O italiano é, desde 2015, membro sem direito a voto do comité executivo da UEFA desde, sendo que quarta-feira deve mudar o seu status em congresso especial do organismo, em Genebra, Suíça.
Pecoraro também deseja que o eventual castigo seja extensível à ligação de Angelli à UEFAE.
Os promotores anti-máfia alegam que a ‘ndrangheta’ está envolvida com a Juventus há pelo menos 15 anos, garantindo a ordem no estádio a troco de bilhetes gratuitos.
A Juventus, inédita hexacampeã italiana e finalista da Liga dos Campeões, nega qualquer irregularidade.
Comentários