A Juventus, do português Cristiano Ronaldo, garantiu hoje a conquista do nono título consecutivo de campeã italiana de futebol, o 36.º da sua história, ao vencer em casa a Sampdoria, por 2-0, na 36.ª ronda.
Na receção, sem adeptos, à Sampdoria, a formação de Turim chegou aos golos por Cristiano Ronaldo, aos 45+7 minutos - o 31.º no campeonato do português, que ainda falhou um penálti aos 89 -, e Bernardeschi, aos 67.
A ‘Juve', que a duas jornadas do fim da Liga italiana tem sete pontos de vantagem sobre o segundo, o Inter de Milão, vence o título de forma consecutiva desde 2011/12, somando agora 36 cetros de campeã nacional.
Um percurso com sobressaltos, mas com o desenlace do costume
O empate da véspera do Inter de Milão na receção à Fiorentina tinha deixado a Juventus a apenas três pontos de selar a conquista do 36º título de campeã da Itália. E a vitória desta tarde em Udine confirmou mesmo a revalidação do cetro, a três jornadas do final da Serie A, com nove pontos de avanço em relação à segunda classificada, a Atalanta, sobre quem a Juve tem vantagem no confronto direto, e dez sobre o terceiro classificado, o Inter.
Mas, apesar de o título ter chegado ainda com três jornadas por disputar, o percurso não foi esta época sido tão fácil como em anteriores ocasiões. Os rivais pareceram, durante grande parte da temporada, dispostos a dar desta feita mais luta à 'vechia signora', cujo futebol apresentado sob as ordens do novo treinador, Maurizio Sarri, esteve longe de convencer os críticos e os próprios adeptos.
De início foi o Inter a demonstrar força e a tentar mostrar que podia surpreender, voltar à glória do passado e acabar com a hegemonia da Juventus. O conjunto de Milão, efetivamente, entrou com tudo. Liderou a prova até à sexta jornada, com seis vitórias em seis jogos. Mas, ao sétimo jogo, recebeu a Juventus, perdeu por 2-1 e viu-se ultrapassado no topo. A Juve chegava à liderança à sétima jornada.
Porém, os 'nerazurri' não pareciam dispostos a baixar os braços. Seguiram a um pontoda Juve nas seis jornadas seguintes, sem nunca escorregarem, e à 14.ª jornada aproveitaram o terceiro empate da época da turma de Turim na prova - 2-2 em casa com um surpreendente Sassuolo - para reassumirem a liderança.
A Juventus passava, talvez, um dos piores momentos da época e a esse empate seguiu-se a primeira derrota da temporada na Serie A: 3-1 na visita à Lázio, que desta forma vincava também a sua posição como candidata a roubar o trono aos 'bianconeri'.
A primeira volta, contudo, terminaria com o cenário do costume e a Juventus na frente. O Inter escorregou e a Juve estava, à 19.ª jornada, na frente da tabela, com 48 pontos (fruto de 15 vitórias, 3 empate e 1 derrota), mais dois do que o Inter e mais cinco do que a Lazio. Ainda assim, em jeito de comparação, no final da 1ª volta da temporada anterior, 18/19, o avanço da Juve para o segundo, então o Nápoles, era de 9 pontos...
Apesar de liderar, a Juventus continuava a não convencer e os mais diretos perseguidores teimavam em não ceder. No início de fevereiro, à 24.ª jornada, soavam os alarmes em Turim: derrota surpreendente na visita ao Hellas Verona e a Juve via-se novamente alcançada pelo Inter no topo da classificação, com a Lazio a apenas um ponto do duo da frente. No quarto posto surgia uma Atalanta em crescendo, com um futebol de ataque que conquistava cada vez mais admiradores.
Caminhada para o título prosseguiu após a retoma da competição
Três jornadas depois, a 8 de março, surgia a interrupção da prova devido à pandemia de COVID-19. Por essa altura a Juventus já liderava novamente isolada, com a Lazio a um ponto e o Inter, em quebra, a oito (mas com menos um jogo) depois de perder com os dois da frente. A Atalanta era quarta, a 15 pontos (mais também com menos um jogo).
A competição foi retomada em junho, precisamente com os jogos em atraso de Inter e Atalanta, que ambos venceram. A Juventus, por seu lado, reforçou a liderança logo no primeiro jogo após o regresso à ação na prova. Vitória em Bolonha, derrota da Lazio na visita à Atalanta e quatro pontos de vantagem para os de Turim na frente.
Quatro pontos que passaram a sete à 30.ª jornada, com novo deslize da Lazio e com o Inter em quebra evidente. Pensou-se que tudo estaria aí decidido. Os jogadores da Juve, contudo, também o terão pensado e relaxaram. Seguiram-se três jogos seguidos sem ganhar (derrota com o Milan e empates com Sassuolo e Atalanta em jogos em que a derrota não esteve longe).
Mas foi apenas o adiar do inevitável. Lázio e Inter também estavam em quebra, não aproveitaram as escorregadelas da Juventus e o regresso às vitórias na 34.ª jornada, com um triunfo precisamente sobre a Lazio, graças a um bis de Ronaldo, praticamente selou a questão. O primeiro 'match-point', na Jornada 35, não foi convertido, com a Juven a perder em Udine, mas ao segundo Ronaldo e companhia não perdoaram e, com o regresso às vitórias, carimbaram a conquista do 'Scudetto' Esta temporada um pouco mais tarde do que é costume, mas o título - o nono consecutivo e o 36º da história - chegou mesmo.
Ronaldo soma mais um título coletivo e vai à procura do troféu de melhor marcador
Para Cristiano Ronaldo, este é o seu 30º troféu coletivo conquistado* e o sétimo título de campeão nacional do seu palmarés (o segundo em Itália pela Juventus, depois de três em Inglaterra pelo Manchester United e de outros dois em Espanha pelo Real Madrid).
O internacional português de 35 anos chegou aos 50 golos pela Juventus na Serie A ao bisar há duas jornadas atrás, frente à Lazio, e leva 31 golos na Serie A esta temporada, em 32 jogos disputados. Persegue ainda Ciro Immobile, da Lazio, no topo da lista de melhores marcadores (que este domingo assinou um hat-trick, levando mais quatro golos do que o português a duas jornadas do fim) e procura ganhar o título de máximo goleador da prova que lhe fugiu na temporada passada, em que se estreou em Itália e em que terminou a Serie A com 21 golos marcados. Se o conseguir, será o primeiro jogador da Juventus a sagrar-se melhor marcador da Série A desde que Del Piero o conseguiu, em 2008.
Ronaldo tem estado em grande destaque desde o virar de ano. Em 2020, nos 18 jogos em que esteve em campo para a Serie A só não marcou em três, tendo feito balançar as redes nos outros 15. E, desde o retomar da competição depois do interregno ditado pela COVID-19, só não marcou em dois, somando dez golos nos últimos dez jogos na prova.
O português persegue ainda outros dois recordes. O de melhor marcador da história da Juventus num só campeonato (que é Felice Borel, com 32 golos, em 1933/34) e o de melhor goleador da história de uma só edição da Série A, recorde que pertence ao agora colega de Ronaldo, Higuaín, quando em 2015/16 marcou 36 golos ao serviço do Nápoles. E claro, ao atingir estes recordes dará também um passo decisivo rumo à conquista de mais uma Bota de Ouro.
Juventus dobra o número de títulos de Inter e Milan
Ao carimbar a conquista de mais um título na Serie A, a Juventus chega então aos 36 títulos de campeão italiana. Quer isto dizer que, sozinha, soma tantos títulos como os dois rivais de Milão, Inter e AC Milan, juntos...uma superioridade a todos os títulos assinável e vincada pela hegemonia das últimas temporadas.
Confira o Histórico de títulos da Serie A italiana
Juventus
36 (1905, 1925-26, 1930-31, 1931-32, 1932-33, 1933-34, 1934-35, 1949-50, 1951-52, 1957-58, 1959-60, 1960-61, 1966-67, 1971-72, 1972-73, 1974-75, 1976-77, 1977-78, 1980-81, 1981-82, 1983-84, 1985-86, 1994-95, 1996-97, 1997-98, 2001-02, 2002-03, 2011-12, 2012-13, 2013-14, 2014-15, 2015-16, 2016-17, 2017-18, 2018-19, 2019-20)
Internazionale
18 (1909-10, 1919-20, 1929-30, 1937-38, 1939-40, 1952-53, 1953-54, 1962-63, 1964-65, 1965-66, 1970-71, 1979-80, 1988-89, 2005-06, 2006-07, 2007-08, 2008-09, 2009-10)
Milan
18 (1901, 1906, 1907, 1950-51, 1954-55, 1956-57, 1958-59, 1961-62, 1967-68, 1978-79, 1987-88, 1991-92, 1992-93, 1993-94, 1995-96, 1998-99, 2003-04, 2010-11)
Genoa
9 (1898, 1899, 1900, 1902, 1903, 1904, 1914-15, 1922-23, 1923-24)
Pro Vercelli
7 (1908, 1909, 1910-11, 1911-12, 1912-13, 1920-21, 1921-22)
Bologna
7 (1924-25, 1928-29,1935-36, 1936-37, 1938-39, 1940-41, 1963-64)
Torino
7 (1927-28, 1942-43, 1945-46, 1946-47,1947-48, 1948-49, 1975-76)
Roma
3 (1941-42, 1982-83, 2000-01)
Fiorentina
2 (1955-56, 1968-69)
Nápoles
2 (1986-87, 1989-90)
Lazio
2 (1973-74, 1999-00)
Casale
1 (1913-14)
Novese
1 (1921-22)
Cagliari
1 (1969-70)
Verona
1 (1984-85)
Sampdoria
1 (1990-91)
*Para estes números não está considerada a conquista do Torneio de Toulon, ao serviço da seleção sub-20 de Portugal, por não se tratar de uma competição oficial, nem duas vitórias do Manchester United na Supertaça de Inglaterra em que Ronaldo fazia parte do plantel dos 'Red Devils', mas não integrou a lista de convocados para esse jogo.
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