Um título tão desejado

Confiança! Este foi o sentimento que tomou conta dos adeptos do Nápoles durante quase toda a época. O percurso pouco oscilante, com uma segurança quase impar, faziam antever há muito que o terceiro título da história já não iria fugir. Nem a derrota frente a Lázio, que quebrou a invencibilidade, fez com que pudessem crescer eventuais dúvidas ou sentimentos de insegurança.

Tal como o Vesúvio, que vigilante é uma presença constante na paisagem na cidade, os adeptos há muitos queriam explodir em delírio e mostrar que era possível chegar a um título mesmo sem Diego Armando Maradona.

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Em 33 anos o clube teve que sofrer, chorar para voltar a sorrir. O símbolo da cidade perdeu poder, força para contratar, andou pela Série B, subir, voltou a cair. Chegou a crise financeira, a bancarrota, e esteve perto do fim.

Com De Laurentiis, o clube conseguiu sair da penumbra, houve investimento, o clube regressou à Série A em 2007. Somou pódios, segundos lugar, mas só em 2023 voltou a conhecer a glória.

Um empate que soube a Scudetto

Pareceu algo do divino. Quase três anos após a morte de Diego Armando Maradona, o Nápoles conseguiu vencer o seu terceiro Scudetto  da sua história. É sem dúvida um dos acontecimentos de relevo de 2023.

A precisar apenas de um empate para assegurar o título, o emblema do sul de Itália confirmou essa conquista frente à Udinese.

33 anos depois, o 'Scudetto' é do Nápoles
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Com cinco jogos por disputar até ao final da Série A, Victor Osimhen fez o golo do empate ao minuto 52 para confirmar as celebrações nas ruas de Nápoles.

Foi o primeiro título dos napolitanos desde os tempos de glória em que Diego Armando Maradona era o líder da equipa. Nesses anos, o Nápoles venceu o campeonato em 1987 e 1990.

O título foi uma recompensa para o povo, numa cidade que tem que lidar com tanta dificuldade, como relembrou o treinador Luciano Spalletti. "Nápoles, isto é para ti", atirou.

O almejado cetro até poderia ter sido selado na jornada anterior, depois do empate frente à Salernitana. Bastava um empate, um empate apenas. Uma quinta-feira plena de esperança para todo o povo napolitano. Para além de 11 mil adeptos do Nápoles em Udine, e mais cinco mil fora do recinto, 50 mil espectadores acorreram ao estádio para ver o encontro nos ecrãs gigantes do San Paolo.

Com o apito final em Udine, o fãs invadiram o relvado. Em Nápoles os adeptos entraram em êxtase e delírio.

Aurelio De Laurentiis, presidente do emblema do sul de Itália, teve esta reação onde não escondeu a sua alegria e felicidade. "Queríamos ganhar e agora ganhámos. Ganhámos todos juntos", disse o dirigente à multidão que se reunia em euforia.

O percurso 'quase perfeito' do Nápoles rumo ao Scudetto

As melhores imagens do jogo que consagrou o nápoles
As melhores imagens do jogo que consagrou o nápoles Instalação nas ruas de Nápoles (Photo by Alberto PIZZOLI / AFP) créditos: AFP or licensors

30 anos depois, o Nápoles celebrou o terceiro título de campeão, o primeiro sem o mágico Diego Armando Maradona. Foi logo desde o início do campeonato que a equipa de Luciano Spalletti construiu uma liderança robusta e bateu toda a concorrência.

O título foi confirmado numa altura em que os napolitanos dispunham de uma vantagem robusta de 16 pontos sobre a Lázio que era o 2.º classificado.

O triunfo permitiu ao Nápoles igualar o registo da Roma ao nível de 'scudetti' conquistados, mas ainda assim mantém-se a muita distância dos registos da Juventus (36 títulos) e dos colossos de Milão, AC Milan (19) e Inter (19). Há ainda mais quatro emblemas com mais títulos. É o caso do Génova (nove), Torino (sete), Bolonha (sete) e Pro Vercelli (sete).

Foi com o maestro Diego Armando Maradona ao comando que os 'azzurri' conquistaram os primeiros títulos do seu historial. No último título conquistado, em 1990, nenhum dos jogadores da elenco que quebrou o jejum era sequer nascido. Nem mesmo Mário Rui, o defesa português, que integra os napolitanos e que conta com 32 anos.

Nápoles resgatado da falência

Aurelio De Laurentiis, presidente do Nápoles
Aurelio De Laurentiis, presidente do Nápoles Aurelio De Laurentiis, presidente do Nápoles

Depois do título de 1990, os 'partenopei' atravessaram tempos muito complicados. Em 2004 o clube esteve mesmo em bancarrota e acabou por ser 'salvo' por Aurelio de Laurentiis, o presidente do clube, e que se notabilizou como produtor cinematográfico.

O clube andou mesmo pelas divisões inferiores antes do regresso à elite. Entre os títulos na Série A logrou a conquista de uma Taça UEFA em 1988/89.

Na ausência de Diego, foram alguns os candidatos a liderarem a equipa. Passaram pelo clube jogadores como Ezequiel Lavezzi, Marek Hamsik ou Edinson Cavani, mas nenhum conseguiu levar o Nápoles ao tão desejado scudetto. O título de 22/23 acabou por ser mérito, de uma equipa muito forte a nível coletivo, liderada por um homem que foi o jogador mais decisivo do campeonato, o avançado nigeriano Osimhen, que se tornou no melhor marcador da prova, com 22 golos. O georgiano Kvaratskhelia foi outro dos esteios, com 12 golos e 10 assistências.

Uma mescla de talento e nacionalidades, cerca de 17, e com Mário Rui em destaque, naquela que foi a sexta temporada do português no clube.

Percurso do Nápoles

As melhores imagens do jogo que consagrou o Nápoles como campeão italiano
As melhores imagens do jogo que consagrou o Nápoles como campeão italiano A equipa do Nápoles. (Photo by Tiziana FABI / AFP) créditos: AFP

O arranque da Série A foi auspicioso, uma vez que os napolitanos só cederam quatro pontos, com dois empates, nas primeiras quinze jornadas, vencendo duelos importantes com destaques para as vitórias sobre a Lázio (2-1), AC Milan (2-1), Atalanta (2-1) e Roma (1-0), fora de portas.

A invencibilidade na prova acabou por ser quebrada em 2023, na 16.ª jornada, com a derrota no terreno do Inter. Contudo, o percalço não retirou a confiança ao conjunto de Spaletti, que somou logo a seguir oito triunfos seguidos, com destaque para a goleada imposta à Juventus, o seu grande rival, por 5-1, no estádio Diego Armando Maradona.

Às 24.ª jornada eram já 15 os pontos que separavam o primeiro do segundo classificado e só um desastre completo poderia impedir o título dos napolitanos.

Os confrontos diretos também foram fundamentais já que o conjunto do sul de Itália venceu oito dos 11 encontros frente às formações que surgiam logo atrás na tabela classificativa. Foram 24 pontos, em 33 possíveis, frente a Lázio, Juventus, AC Milan, Roma, Inter e Atalanta.

Um título muito festejado e muito desejado que trouxe felicidade e satisfação a uma cidade mítica e histórica do sul de Itália.