A dificuldades que Portugal tem tido nos confrontos com as equipas de classe média-alta e alta da Europa e do mundo têm sido notórias e não é de hoje. A derrota frente à Sérvia (e também o empate frente à Irlanda), equipa que ocupa o 25.º lugar do ranking mundial, serviu para colocar a nu essas debilidades.
Olhemos então para os últimos jogos da seleção portuguesa, em Mundiais, Europeus, qualificações e até na Liga das Nações. Recuemos então até 2019, quiçá a última vez em que Portugal se exibiu a um nível condizente em relação à qualidade dos seus jogadores: Nas meias-finais da Liga das Nações, Portugal impôs-se frente à Suíça frente à Suíça (3-1). Na final, Portugal bateu os Países Baixos por 1-0.
Daí para cá, são nítidas as dificuldade da equipa portuguesa em bater adversários de maior nomeada e nem sempre estamos a falar de equipas 'crème de la crème' do futebol mundial. Durante a qualificação para o Euro 2020, Portugal bateu a Sérvia (2-4), mas depois acabou por ser derrotado pela Ucrânia (2-1). Em Portugal, não se conseguiu impor aos sérvios (1-1) e empatou a zero frente à Ucrânia. A equipa das quinas acabou por ficar em segundo lugar do grupo, atrás da Ucrânia, seguindo no entanto para o Euro 2020.
Em nova edição da Liga das Nações, impôs-se frente à Croácia, finalista do último mundial e Suécia. Contudo, frente à Espanha e França voltou a não conseguir afirmar o seu futebol. Frente à 'La Roja', em partida de preparação para o Euro 2020, Portugal não perdeu, mas foi dominado em todos os capítulos do jogo (Posse, número de remates, cantos).
Frente à França, no duplo confronto na Liga das Nações, numa repetição da final do Euro 2020, Portugal equilibrou as operações, numa partida em que a equipa de Fernando Santos até teve mais controlo do jogo do que no dia glorioso no Stade de France. Em novo confronto na Luz, a superioridade francesa foi uma evidência e o triunfo acabou por surgir com naturalidade depois de um tento de N'Golo Kanté(1-0).
Abordando as últimas fases finais em que Portugal esteve presente, no Euro 2020 obteve apenas um triunfo, na estreia frente (à frágil) seleção da Hungria (3-0) e depois não ganhou nem mais um jogo na competição. Empate frente à França (2-2) e derrota copiosa frente à Alemanha (2-4) também na fase de grupos.
Nos oitavos de final, apesar de ter sido superior em números frente à Bélgica (Mais posse, mais oportunidades e maior domínio) acabou eliminado depois de um golo de Thorgan Hazard. Portugal também caiu dessa forma frente ao Uruguai no Mundial de 2018. Teve mais posse e maior caudal ofensivo mas voltou novamente a não conseguir bater outro adversário de nível mundial (2-1), acabando eliminado da prova.
Em 2021, e novamente num grupo muito acessível, onde pontificavam adversários como a República Irlanda, o Azerbaijão ou Luxemburgo, Portugal não conseguiu ser primeiro do grupo. Na Sérvia, depois de estar a ganhar por 2-0 (golos de Diogo Jota) deixou-se empatar depois dos golos de Mitrovic e Kostic.
Na antecâmera do embate decisivo frente aos sérvios, a equipa nacional somou um empate dececionante frente à Irlanda (0-0), e no encontro decisivo de ontem na Luz (1-2) acabou por ser totalmente dominado pelos sérvios. A jogar em casa, Portugal teve menos bola (42 contra 57), menos remates e menos cantos. Mas a falta de ligação entre setores já era uma evidência, o desencanto, a incapacidade de somar cinco passes consecutivos.
Os resultados têm servido para 'tapar o sol com a peneira' no que diz respeito à falta de qualidade de jogo da equipa das quinas. Mas a derrota, que deixa Portugal com trabalhos inesperados para se qualificar para o Qatar, terá certamente que fazer repensar a nível global o que se quer para a seleção nacional nos próximos anos.
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