Portugal foi goleado pela Holanda por 3-0, em jogo amigável realizado em Genebra, na Suíça. A seleção campeã da Europa viu uma péssima primeira parte ser castigada pela 'Laranja Mecânica', que encarou o jogo com outros olhos. Ao segundo encontro, Ronaldo Koenam vence ao comando da Holanda, depois da derrota com a Inglaterra na sexta-feira. Já Fernando Santos, que sofreu a pior derrota ao comando da seleção lusa, tem muito trabalho pela frente até ao Mundial2018.
Encarar um amigável frente a uma Holanda, qualquer que ela seja, como fez Portugal na primeira parte, é meio caminho andado para acabar goleado ou andar lá perto. Porque quem viu os primeiros 45 minutos, teria legalidade para questionar quem era o campeão da Europa e quem tinha falhado as últimas as fases finais das duas últimas grandes competições (Euro2016 e Mundial2018).
Parte da explicação para o descalabro luso pode ser explicado por um meio-campo a quatro (Adrien Silva, Bruno Fernandes, Manuel Fernandes e André Gomes), de jogadores muito idênticos, mas sem ligação, já que nunca jogaram juntos. Jogadores que quase nunca apareciam em zonas de finalização como pedia o 4-4-2, apesar de Bruno Fernandes ter tentado nos últimos minutos do primeiro tempo.
Outra explicação está na forma como os dois conjuntos encararam o jogo, principalmente na primeira parte. Para Portugal, era mais um amigável de preparação para o Mundial2018. Por isso, é normal que tenha havido pouca mobilidade, pouca intensidade, já que o jogo não contava para nada. A Holanda tinha outra missão. Depois de falhar os apuramentos para as fases finais do Euro2016 e Mundial2018, a 'Laranja Mecânica' tenta renascer para mostrar aos seus adeptos e ao Mundo uma nova face. No segundo jogo de Ronald Koeman (antigo treinador do Benfica) como selecionador, viu-se entrega, estratégia, simplicidade de processos e eficácia.
Pelos que os 3-0 ao intervalo só espantariam quem não estivesse a ver o jogo. Portugal só tinha feito dois remates nos primeiros 45 minutos, quase sempre inofensivos. A Holanda, quando subia, era para marcar. Aos 11, saiu em contra-ataque, a defensiva demorou muito a organizar-se. Memphis Depay apareceu entre os centrais a desviar um remate enrolado de Van de Beek. Aos 32 minutos é Ryan Babel, companheiro de Quaresma no Besiktas, a desviar, de cabeça, na pequena área, um centro de De Ligt para o2-0. E para piorar, Virgyl Van Dijk, o central mais caro da história do futebol, fezo 3-0 aos 45 minutos, num remate de pé esquerdo na área lusa, após primeiro desvio de De Ligt.
Fernando Santos deve ter deixado os jogadores com as 'orelhas a arder' ao intervalo porque, no regresso para o segundo tempo, Portugal fez mais em cinco minutos do que tinha produzido em toda a primeira parte. Com André Silva e Gonçalo Guedes na frente, nos lugares de Adrien Silva e André Gomes, a seleção campeão da Europa passou de um 4-4-2 para um quase 4-2-4, com muita presença na área, algo que tinha faltado no primeiro tempo. Duas defesas de Cillessen a remates de Ronaldo e Quaresma e um corte de Nathan Aké a remate de André Silva negaram o tento a Portugal, após uma reentrada em jogo já com 'selo' de Campeão da Europa.
E numa altura em que Portugal já tinha Gelson Martins no posto de Quaresma e tentava o golo a todo o custo, João Cancelo teve uma entrada fora de tempo sobre Wijnaldum, viu amarelo, o segundo, e foi expulso. Altura aproveitada por três adeptos para invadirem o relvado e tirar fotos com Cristiano Ronaldo, antes de serem recolocados nos seus lugares pelos seguranças.
Fernando Santos teve de refazer a equipa, com Gelson Martins a recuar para lateral, entrando depois João Moutinho e João Mário para o meio-campo. A Holanda também operou várias mexidas, entre elas a entrada de Justin Kluivert, filho de Patrick Kluivert, antiga estrela do Ajax, Barcelona e da Seleção Holandesa.
Um tiro de Mário Rui de fora da área que Cillessen defendeu para canto aos 74 e um bom trabalho de Gelson Martins na área aos 77 foi o melhor que Portugal produziu, após a expulsão de Cancelo. Aos 90 minutos, Cillessen voltou a estar em evidência, negando o golo a Gonçalo Guedes com uma grande defesa. Na sequência da jogada, Gelson serviu André Silva na pequena área, mas o remate do avançado português bateu nas pernas de Van de Beek e não entrou.
O resultado não é propriamente escandaloso, depois daquilo que Portugal produziu frente ao Egito. É certo que ganhou, com dois golos de Cristiano Ronaldo, aos 92 e 95 minutos, mas a exibição também tinha sido pobre, apesar de disfarçado com a vitória.
Com este resultado, fica adiado também o golo 1000 da Seleção de Portugal. Fernando Santos tem mesmo muito trabalho pela frente, no que toca a formação do meio-campo e da forma como poderá interligar com o ataque. Ainda falta muito tempo até ao Mundial2018, pelo que, até lá, muita coisa poderá ser corrigida.
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