O ex-selecionador nacional Carlos Queiroz acusou hoje o presidente da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) Luís Horta de «atitude persecutória» a futebolistas e denunciou uma tentativa para atingir «a dignidade e seriedade profissional» do ex-avançado do Sporting Liedson.
«Estimulo o meu amigo de longa data Gomes Pereira [médico do Sporting] a explicar aos adeptos da selecção o que o levou na véspera do início do estágio da selecção na Covilhã a fazer um controlo voluntário a Liedson, em final de época?» interrogou Carlos Queiroz, em declarações à Agência Lusa.
Para o ex-seleccionador, que chega hoje a Lisboa pelas 11h30, a resposta a esta interrogação «talvez ajude a perceber por que é que Luís Horta fez um segundo controlo à selecção nacional quatro dias depois do primeiro de surpresa às sete e meia da manhã, com análises ao sangue e à urina».
O ex-seleccionador recorda que a própria FIFA havia determinado que os controlos feitos às selecções nacionais «abrangiam oito jogadores, um dos quais seria sorteado para fazer, também, controlo de sangue».
Sem por em causa «a legitimidade do presidente do ADoP fazer o que quer e bem lhe apetece», Carlos Queiroz considera «difícil de entender o que o levou a fazer dois controlos à selecção do seu próprio país em tão curto espaço de tempo», na Covilhã, quando era sabido que a selecção «iria para Lisboa na semana seguinte».
«Para isso já havia dinheiro? Não estou a acusar, só estou a tentar perceber, tal como o público adepto da selecção não percebeu, o que leva um médico de um clube a fazer um controlo voluntário a um jogador antes deste ir para a selecção», volta a questionar o ex-seleccionador.
O técnico sublinha que «é preciso desmascarar quem no exercício de certos cargos os utiliza de forma abusiva e autoritária, pondo em causa a idoneidade e o profissionalismo de jogadores e treinadores de futebol».
Sustenta que há pessoas que «podem acusar e fazer o que querem porque estão acima da Lei» e outras «a quem perguntar ofende», recordando que o Benfica «questionou várias vezes sobre as conclusões do inquérito conduzido por Luís Horta sem obter qualquer resposta».
Lembra que os jogadores são «profissionais exemplares, controlados e orientados nos melhores clubes do mundo», como o «Manchester United, Real Madrid, Atlético de Madrid», e «não um bando de bandidos e malfeitores», os quais «não podem ser alvo das atitudes persecutórias do presidente da ADoP».
«Quem é ele para pôr em causa e querer ser um exemplo do combate ao doping à custa dos treinadores e dos jogadores?» pergunta Carlos Queiroz, lembrando que Luís Horta chegou a dizer «barbaridades em tribunal que são um insulto ao futebol português no seu todo», quando aludiu «às enormes dificuldades que as equipas médicas enfrentam quando vão fazer um controlo a um clube da II Divisão».
O Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) ilibou quarta-feira Carlos Queiroz das acusações de perturbação de um controlo realizado pela Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), no estágio para o Mundial da África do Sul.
O técnico tinha sido castigado com seis meses de suspensão pela ADoP, uma autoridade pública sob a tutela do Instituto do Desporto de Portugal e da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto.
Na justiça civil corre ainda outro processo, instaurado pelo antigo seleccionador, por difamação e falsificação de documentos no âmbito do processo desportivo.
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