O antigo selecionador de Portugal Luiz Felipe Scolari enalteceu hoje o profissionalismo de Cristiano Ronaldo, exemplificado com a vontade do futebolista defrontar a Rússia no apuramento para o Mundial2006 quando estava de luto pela morte do pai.
“Pensou na seleção e disse-me que ia voltar no momento certo. Naturalmente, ficou demasiado triste, mas enfrentou aquela situação jogando muito bem. Ele não é apenas um dos maiores atletas do mundo, mas uma pessoa maravilhosa fora de campo, com atitudes que muitas vezes não são vistas ou divulgadas porque ele não quer, mas que fazem muitas pessoas felizes”, descreveu o treinador brasileiro à agência Lusa.
Em 07 de setembro de 2005, a equipa das ‘quinas’ encaminhou a qualificação para a prova realizada na Alemanha com um ‘nulo’ em Moscovo, incluindo no ‘onze’ o avançado de 20 anos, que soube na véspera do falecimento do pai Dinis Aveiro em Londres, devido a problemas hepáticos e renais.
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A notícia foi transmitida por Scolari, que sugeriu ao então jogador do Manchester United um regresso imediato a Portugal, mas Cristiano Ronaldo optou por atuar no Estádio Lokomotiv, palco que pode ter antecedido o seu milésimo jogo na carreira profissional, caso defronte o AC Milan, no domingo, em partida da 12.ª jornada da Serie A, 17 anos após a estreia pelo Sporting.
Na capital russa, o madeirense cumpriu o 25.º jogo pela seleção principal, quase dois anos após a estreia vitoriosa diante do Cazaquistão (1-0), em 20 de agosto de 2003, num particular disputado no Estádio Municipal de Chaves, no qual rendeu Figo ao intervalo.
“Estreou-se muito bem, ainda um pouco jovem e inseguro, mas os jogadores mais experientes deram-lhe a possibilidade de desenvolver o seu futebol. Mostrou que iria ser um jogador de exceção e estava ali para ser mais um a engrandecer o potencial da seleção”, recordou.
Uma semana antes, o atual capitão das ‘quinas’ tinha trocado o Sporting pelo Manchester United, num negócio de 15 milhões de euros potenciado por uma exibição de gala frente aos ‘red devils’ (3-1), no jogo de inauguração do Estádio José Alvalade, em 06 de agosto, que despertou a atenção do escocês Alex Ferguson e confirmou as expectativas do corpo técnico luso.
“Vínhamos seguindo o Ronaldo e o [Ricardo] Quaresma. O meu auxiliar [Flávio] Murtosa foi assistir a um jogo em Alvalade, viu o Cristiano e concluiu que era hora de observar o menino. De seguida foi vendido ao Manchester, mas tivemos a possibilidade de chamá-lo nesse amigável”, elucidou.
Internacional desde os sub-15, ‘CR7’ herdou a camisola de Luís Figo e já se fixou como recordista de encontros pelas ‘quinas’, num percurso de sucesso materializado em 162 jogos, 95 golos e as conquistas inéditas do Europeu2016 e da Liga das Nações 2019.
Com Scolari, o segundo melhor marcador de sempre ao serviço de seleções, atrás dos 109 remates certeiros do iraniano Ali Daei, esteve em dois Europeus (Portugal2004 e Áustria/Suíça2008) e num Mundial (Alemanha2006), competições que espicaçavam o espírito competitivo do “jogador mais exponencial” neste século.
“O descanso dele era com uma bola e ficávamos preocupados porque podia lesionar-se. A nossa grande luta com o Ronaldo era para que não tivesse aquela ideia de estar em campo a toda a hora e pudesse durar mais como atleta profissional”, notou o técnico que levou Portugal ao vice-título europeu em 2004, numa final perdida para a Grécia (1-0), e às meias-finais do Mundial de 2006.
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