Em 1984, Portugal estreava-se em Campeonatos da Europa de futebol. Assente numa geração de sonho, com Chalana, Jordão, Fernando Gomes e muitos outros, a equipa das quinas retirava o país do obscurantismo desportivo em que estava desde 1966 e só caiu no prolongamento das meias-finais, diante da anfitriã França. António Sousa foi um dos 11 jogadores que lutaram pelo sonho e, passados 30 anos, ainda tem bem presente o sentimento de orgulho pela campanha da seleção.
Em jeito de antevisão do França-Portugal deste sábado, o antigo internacional português desvela ao SAPO Desporto as suas memórias de uma partida histórica do futebol português. "As recordações são sempre boas. Pela presença, por termos conseguido chegar à meia-final... Infelizmente não conseguimos dar o passo em frente para a final, que era o grande objetivo. Tínhamos um grupo com muita qualidade, muita maturidade e que acreditava que podia chegar longe. Foi o primeiro Europeu em que Portugal esteve presente e marcou uma fase de transição para o futuro. As portas começaram a abrir-se com força pela grande qualidade da geração que ali apareceu", conta o treinador, de 57 anos.
Portugal esteve a perder, empatou perto do fim do jogo, deu a volta ao marcador no início do prolongamento, mas depois cedeu nos derradeiros minutos. Um desfecho dramático para uns, feliz para outros, como reconheceu António Sousa. "Com um pouco de sorte podíamos lá ter estado na final. Tudo levava a crer que era importante ser a França a chegar à final, mas há que dar mérito à felicidade que os franceses tiveram. Em termos de qualidade não ficávamos atrás deles, mas tiveram a estrelinha. Sentíamos que estávamos perto de fazer história e foi uma despedida triste da nossa parte", confessa.
Sem negar o poderio de uma seleção francesa onde brilhavam Platini, Giresse, Tigana, etc., o antigo futebolista considera que Portugal também não perdia na comparação com os craques dos 'bleus'. "Era uma França muito forte, com jogadores de qualidade acima da média, mas do outro lado estava também gente de muitíssima qualidade", frisa, relativizando o facto de a seleção nacional contar por derrotas os três jogos oficiais disputados com a congénere francesa: "Infelizmente, a história diz-nos que nos grandes embates contra os franceses acontecem situações que não gostaríamos, mas não podemos ir por aí".
Do passado para o presente, a conversa salta para as "boas expectativas" de António Sousa para o jogo deste sábado, no Stade de France (Paris), três décadas depois do célebre desafio de Marselha. "Penso que vamos ter um bom jogo. Os jogadores que lá estão são, sensivelmente, os que têm estado nas últimas convocatórias. Os jogadores já se conhecem bem e penso que poderemos ser uma seleção mais forte do que fomos nos últimos meses. Temos material humano capaz de poder superar esta transição. Mais do que ninguém, os jogadores querem ganhar", reitera o experiente treinador.
E de treinador para treinador, António Sousa tece elogios a Fernando Santos, que irá realizar amanhã a sua primeira partida como selecionador nacional. "Fernando Santos foi à procura do melhor para ele e para a seleção. Apagou alguma querelas individuais com três ou quatro elementos, eles integraram-se bem e estão motivadíssimos, apesar de já terem alguma idade. São, certamente, mais-valias positivas para o ambiente que se quer na própria Seleção e para que os resultados sejam positivos", conclui.
O jogo entre França e Portugal, de caráter oficioso e integrado na fase de apuramento para o Euro2016, está agendado para as 19h45 (hora de Lisboa), no Stade de France, em Paris.
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