A goleada (0-3) sofrida por Portugal frente a Holanda faz soar o alarme nos campeões da Europa que terão muito trabalho pela frente até ao Mundial2018. No derradeiro jogo antes da divulgação dos 23 convocados, Fernando Santos deve ter ficado com uma ideia clara sobre com quem pode contar. A defesa continua a ser a preocupação maior.
O jogo: Quando acordaram já estavam goleados
Quem viu o jogo de Portugal com o Egito não deve ter ficado escandalizado com a goleada sofrida pelos lusos frente a Holanda. É verdade que a segunda parte de Portugal com a Holanda até teve muitas coisas positivas, mas, tal como aconteceu com os egípcios, os comandados de Fernando Santos voltaram a fazer uma má exibição num amigável e foram castigados por uma seleção que procura limpar a imagem do passado recente. Portugal foi batido, um ano depois.
Em apenas 45 minutos, a 'Laranja Mecânica' colocou a nu as fragilidades do último sector de Portugal: falta de velocidade, lentidão na recuperação defensiva, falta de agressividade. O 1-0, de Depay, nasce de uma transição rápida em que Portugal demorou a recuperar; o 2-0 revelou fragilidades de cobertura na área já que Babel cabeceou sozinho, na pequena área; o 3-0 é um lance pelo ar, onde Portugal até costuma ser forte, mas perdeu no duelo com as 'torres' holandesas e reagiu tarde à segunda bola.
Este encontro frente a Holanda, orientada por Ronald Koeman, antigo treinador do Benfica, tinha dois aliciantes: ver Mário Rui em ação (32.º jogador lançado por Fernando Santos na Seleção, em três anos e meio) e perceber, até que ponto, pode ser uma boa alternativa a Raphael Guerreiro; e ainda ver quem iria marcar o golo 1000 da seleção lusa. A segunda não se viu, mas o lateral do Nápoles deixou boas indicações, apesar de não ter brilhado.
Outra ilação que Fernando Santos terá tirado é que, frente a seleções que jogam com linhas baixas, mais na defensiva, ter um meio-campo como a que apresentou (Adrien Silva, Manuel Fernandes, Bruno Fernandes e André Gomes) não é a melhor das soluções já que, destes, só Bruno Fernandes tentava chegar perto da zona de finalização. Sempre que Cristiano Ronaldo saía da área e tentava criar jogo, Portugal ficava sem soluções de finalização já que Quaresma nunca aparecia na área.
A segunda parte já foi mais de campeão da Europa, com as entradas de André Silva, Gonçalo Guedes e Gelson Martins e a passagem para um quase 4-2-4, com muita presença na área, muito jogo pelos flancos e muitas situações de golo. Faltou aqui finalizar melhor as muitas oportunidades criadas.
A pior derrota na era Fernando Santos (o sexto desaire por três ou mais golos de diferença no Século XXI) levará o Engenheiro a questionar algumas opções que tomou nestes dois jogos de preparação, mas também a perceber com quem pode contar para o Mundial2018. Estes foram os dois últimos jogos antes da lista final, pelo que será difícil para alguns que não agarraram a oportunidade, serem chamados.
Momento-chave: Central mais caro da história acabou com as dúvidas
A perder por 2-0, Portugal tentou marcar um golo antes do intervalo, que ainda o relançasse na discussão do encontro. Mas viria a ser Virgyl. Van Dijk a fazer o 3-0 no último minuto da péssima primeira parte de Portugal, selando o resultado final. Com 2-0 seria difícil, 3-0... quase impossível virar o jogo.
Os Melhores: Depay mostrou-se a Mourinho
Memphis Depay foi um verdadeiro quebra-cabeças para os defesas lusos no primeiro tempo. O jogador emprestado pelo Manchester United ao Lyon marcou o primeiro golo do encontro e este nos principais lances ofensivos da 'Laranja Mecânica'. Uma boa exibição para Mourinho ver.
A segunda parte de Portugal merecia, pelo menos, um golo. Mas o guarda-redes Cillessen foi um 'monstro' na baliza holandesa, negando o golo aos portugueses em vários momentos.
Os Piores: Aquela 1.ª parte não é de um campeão da Europa
A primeira parte de Portugal foi muito má, tanto a nível defensivo como ofensivo: deu muitos espaços na defesa aos jogadores holandeses, apesar de estar a jogar com quatro médios. A nível ofensivo também foi uma nulidade, com apenas dois remates nos primeiros 45 minutos. Os três golos sofridos explicam a atuação defensiva no primeiro tempo.
Cancelo terá de ter cuidado porque poderá perder o 'comboio' para a Rússia. Ser expulso aos 15 minutos do segundo tempo, numa altura em que a equipa tentava esboçar uma reação após uma má primeira parte, não abona a seu favor. Até porque a concorrência é forte e boa. Nelson Semedo está a recuperar, Cédric tem sido aposta e Ricardo Pereira também é alternativa, oferecendo opções à esquerda e à direita.
Reações: Fernando Santos viu coisas positivas na goleada
Fernando Santos e a goleada frente a Holanda: "Temos de olhar para isto pelo lado positivo"
Mário Rui: "Ser internacional A é o concretizar de um sonho"
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