Quando se dá Portugal como um dos candidatos a vencer o Mundial2018, não é tanto pelo valor da equipa portuguesa. É mais porque tem Cristiano Ronaldo, o Melhor Jogador do Mundo. Um 'animal' de competição, uma 'estrela' que teima muitas vezes em resolver sozinho mas que, nos momentos de 'aperto', aparece sempre. Os dois golos marcados ao Egito, nos descontos e que permitiram a reviravolta dos campeões da Europa mostram exatamente isso. Mas Fernando Santos sabe que terá muito trabalho pela frente porque a exibição deixou muito a desejar. Ser um jogo amigável não justifica tudo.
O jogo: Cristiano Ronaldo, quem mais?
As dificuldades com os jogos amigáveis em finais de março são muitas. Em fases decisivas da época nos seus clubes, os jogadores não estão muito 'virados' para jogos de seleções onde não há quase nada em jogo. Motivar jogadores ou colocar uma equipa a jogar com uma certa intensidade acaba por ser uma tarefa complicada para os selecionadores até os próprios sabem que é difícil tirar o máximo dos jogadores neste tipo de encontros. Os jogadores não querem ‘meter o pé’ para não se magoarem, os treinadores dos clubes rezem para que voltem todos intactos e pouco cansados.
E foi isso que se viu no Portugal-Egito, disputado no Estádio Letzigrund em Zurique, onde 19.869 esperavam ansiosamente, mas mais pelo duelo entre Cristiano Ronaldo e Mohamed Salah, os dois jogadores do momento. Os dois craques chegaram a este encontro separados por um golo, com vantagem o egípcio que tinha 37, contra 36 de CR7.
Com a crise de centrais, Fernando Santos teve de recorrer à 'velha guarda', chamando Rolando para o onze, ele que não jogava na seleção lusa desde março de 2014, curiosamente contra outra seleção africana: os Camarões. Rúben Neves foi titular pela primeira vez e teve oportunidade de mostrar que a excelente época que leva no segundo escalão do futebol inglês, ao serviço do Wolverhampton, não é fruto do acaso.
O duelo Ronaldo vs Salah começou logo aos sete minutos, quando o egípcio cruzou milimetricamente para o bracarense Hassan assistir El Said para um grande remate que Beto, titular em Zurique, negar o primeiro golo. Respondeu CR7 aos 25 minutos num livre indireto dentro da grande área, que só não entrou porque no último instante, a bola bateu num contrário e saiu.
A monotonia seria quebrada aos 42 minutos, quando Rolando meteu a bola dentro da baliza, mas o árbitro anulou o golo, por fora-de-jogo, após confirmação do vídeo-árbitro.
Portugal dominava, tinha mais bola, mas tinha de estar concentrado para anular os contra-ataques do Egito. Só que nem sempre conseguia. Principalmente quando Salah dava um 'extra' de qualidade nas saídas. Aos 55 iniciou e finalizou a jogada do 1-0, num remate de primeira de pé esquerdo, de fora da área, num lance onde sobressaiu a sua classe.
Este golo veio numa boa altura já que a seleção de Héctor Cúper recuou no terreno e obrigou Portugal a tentar novas soluções, com Quaresma, Gonçalo Guedes, André Gomes, Gelson Martins e Bruno Fernandes a serem lançados no segundo tempo para tentar dar a volta ao marcador. A desvantagem mostrou que Portugal terá de arranjar formas de bater equipas bem organizadas defensivamente e não ficar à espera de um rasgo de Cristiano Ronaldo. A verdade é que esse rasgo apareceu, aos 92 e 95, graças a sociedade Quaresma+Cristiano Ronaldo, com o primeiro a centrar para dois golos de cabeça do segundo, naquela que foi a primeira vitória de Portugal num jogo em que entrou nos descontos a perder (tinha perdido nas anteriores 80 ocasiões).
Ronaldo, que chegou aos 23 golos em 14 jogos em 2018, fez o tento 91 com a camisola da seleção no seu jogo 900 na carreira. O Melhor Jogador do Mundo fez valer o seu estatuto para salvar uma exibição cinzenta, com poucas ideias, dos comandados de Fernando Santos. É preciso evoluir e arranjar novas soluções, quando começar o Mundial2018.
Momento-chave: vídeo-árbitro confirma reviravolta histórica
Aos 91 minutos, poucos pensavam que Portugal fosse capaz de evitar a derrota, mas quando Ronaldo empatou aos 92, nasceu uma réstia de esperança que afinal se podia conseguir algo. Três minutos depois, CR7 confirmou a vitória, num golo confirmado pelo VAR após ser anulado pelo árbitro por pretensa fora-de-jogo (que não existiu).
Polémica: Portugal mostra a FIFA a utilidade do VAR
No primeiro tempo, ficou por marcar uma grande penalidade contra o Egipto, depois de um corte com o braço de um defensor, num canto de Bernardo Silva. O VAR não entrou em ação, mas fê-lo aos 42 minutos, anulando um golo a Ronaldo, e aos 95, confirmando o 2-1 de CR7, que tinha sido anulado pelo árbitro auxiliar. Em bom momento a FIFA decidiu pelo uso da tecnologia no Mundial2018, até porque já provou, em várias ocasiões, que é útil e ajuda a repor a verdade desportiva.
Os melhores: brilharam as estrelas CR7 e Salah
Não foi por acaso que Cristiano Ronaldo e Salah foram os autores dos golos. As estrelas das duas seleções fizeram valer os seus estatutos, com dois bons golos, num jogo monótono e pouco intenso. CR7 levou a melhor e igualou Salah em golos esta época: 38 para cada um.
Quaresma acabou por ser decisivo, com as duas assistências para Cristiano Ronaldo.
Os piores: pouca intensidade
Pouco intenso e muitas vezes monótono, o jogo não teve muito interesse. Acabou por ser salvo pelos dois golos e pela emoção nos descontos, quando Portugal passou do 0-1 para 2-1. Esperava-se mais, mas era complicado extrair rendimento de jogadores que estão numa fase crucial da época nos seus clubes.
Reações: Os louros todos para Cristiano Ronaldo
Fernando Santos: “Ronaldo é isto. É golo, é golo”
Rolando e a vitória sobre o Egipto: “Foi a cereja no topo do bolo”
Rúben Neves: “Quando se tem o melhor do mundo, estas coisas podem acontecer”
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