O selecionador angolano de futebol, o português Pedro Gonçalves, diz que “é preciso mudar o paradigma do que é representar a seleção” e apelou ao “sentimento patriótico” dos jogadores da diáspora, que podem contribuir para enriquecer a equipa.

“É preciso mudar o paradigma do que é representar a seleção de Angola”, disse Pedro Gonçalves, em entrevista à Lusa, sublinhando que “representar a sua seleção é o maior privilégio que um jogador angolano pode ter”, embora nem todos mostrem disponibilidade.

O técnico considerou que “Angola tem muito potencial, não só no país, mas também na diáspora, para capitalizar e trazer para junto da seleção”, apelando ao “sentimento patriótico em defesa da nação”, que considerou “fundamental” para enriquecer o elenco de jogadores da seleção principal, a disputar a fase de qualificação para a Taça das Nações Africana (CAN) de 2021.

“Angola tem muitos jogadores por esse mundo fora, de grande nível”, afirmou, destacando que a mudança de paradigma “vai ajudar a que o futebol angolano se desenvolva e que as pessoas se sintam mais representadas”.

Pedro Gonçalves defendeu que, mais do pensar no imediato, é preciso olhar para o futuro e considerou que se forem reestruturados “alguns fatores de desenvolvimento desportivo”, Angola poderá vir a ter uma seleção “muito mais sólida e que represente ao mais alto nível a nação”.

O selecionador disse que o grupo de Angola na fase de qualificação da CAN2021 (juntamente com Gâmbia, República Democrática do Congo e Gabão) “tem um grau de exigência muito elevado”, sendo constituído por países onde o futebol está muito desenvolvido e com vários jogadores que competem nível internacional, mas garantiu que “não mete medo” e que a seleção “quer ultrapassar os desafios”.

A seu favor, a seleção conta com a “espontaneidade e criatividade” do futebol angolano, que Pedro Gonçalves espera que apareça nos momentos decisivos e seja usada em benefício do coletivo.

“Temos jogadores com muita valia, temos jogadores em crescimento e em desenvolvimento e é na sincronização e equilíbrio destas valias que vamos procurar as nossas forças”, declarou.

Questionado sobre o momento atual do futebol angolano, o treinador admitiu que existe alguma “perda de reconhecimento internacional”, mas espera que venha a ganhar maior projeção, apesar das dificuldades que admite existirem, sobretudo para as camadas jovens.

Quadros competitivos desarticulados, incumprimento dos regulamentos, mas, acima de tudo, falta de condições dos clubes e as próprias condições socioeconómicas dos jogadores, que vivem “um quotidiano muito difícil”, com carências várias que se traduzem negativamente na prática desportiva, são alguns dos problemas apontados.

Por isso, embora veja cada vez mais determinação e ambição em toda a estrutura do futebol angolano para elevar o nível competitivo, “o caminho é longo”.

O treinador português, que recebeu o convite para orientar os ‘palancas negras’ já na qualificação para a fase de grupos, depois de levar os ‘palanquinhas’ aos oitavos de final no Mundial do Brasil, onde se estrearam, enalteceu a participação “destemida” dos sub-17 na competição, elogiando a “valia” e “potencial” dos jogadores que lutaram até ao fim.

Pedro Gonçalves, que chegou a Angola em agosto de 2015 para treinar o 1.º de Agosto, “na perspetiva de desenvolver o futebol e criar uma academia pioneira em Angola e que fosse também uma referência em África”, entende que existe atualmente “um reconhecimento internacional do que é o futebol jovem de Angola e do seu potencial para o futuro”.

“Com todas estas experiências adquiridas, acredito que estes jovens venham a dinamizá-las e adaptá-las no futuro para as cimentar junto da Seleção ‘AA’”, realçou.

“Esse era um dos nossos objetivos: mobilizar toda a gente e motivar toda a gente para um novo ciclo do futebol jovem de Angola, que se venha a refletir ao nível do futebol profissional”, reforçou o português, acrescentando que “há várias gerações com muito potencial, mas é preciso reunir as condições necessárias para que possam mostrá-lo”.

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