Ulisses Morais chegou há 35 dias ao Desportivo das Aves e, desde então, não mais deixou de ganhar, somando cinco triunfos consecutivos e um salto enorme do 23.º para o 7.º lugar da II Liga de futebol.
Sem treinar desde 16 de fevereiro de 2013, quando saiu do Beira-Mar, o técnico de 55 anos foi chamado para substituir Abel Xavier, que não aguentou a ‘pesada’ derrota em casa com o Santa Clara (3-0), que deixou a equipa no penúltimo lugar da classificação e foi demitido.
E depois de empatar sem golos na sua estreia na visita ao Olhanense, o que se seguiu permitiu uma ascensão meteórica da equipa, com quatro triunfos para a II Liga frente ao Benfica B 3-2, em casa, Oriental 2-0, fora, Freamunde 2-1, fora e Leixões 2-0, em casa, estando agora a meros três pontos do segundo lugar. A estes acresce a vitória na Taça de Portugal, por 1-0, na visita ao Limianos.
Em declarações à agência Lusa, o treinador campeão da II Liga em 2003-04, pelo Estoril-Praia, admitiu que este percurso vitorioso lhe passou pela cabeça: "eu pensei nisso, agora se isso iria acontecer dependia não só de mim como também da matéria humana. Eu conhecia a quase totalidade dos jogadores, mas não o seu caráter".
"Se até aqui não tivesse tido um plantel de homens não teria conseguido quase nada. O aumento do desempenho e a melhoria dos resultados não teria existido se não houvesse caráter, se não fosse uma equipa de homens, pelo que o mérito tem de ser dos jogadores", prosseguiu.
E se há "satisfação e alegria" pelo conseguido até à data, o deslumbramento é algo que não envolve Ulisses Morais, para quem a classificação atual, quando faltam disputar 36 jornadas, "não quer dizer nada".
"É um campeonato muito longo e o facto de termos subido do penúltimo lugar para o sétimo vale o que vale. Não olho de todo para a classificação, mas antes procuro conhecer os adversários", argumentou o treinador natural de Almoster, Santarém.
E se a singularidade do registo vitorioso do Aves ter sido alcançado no mesmo dia em que a seleção nacional obteve a sua melhor sequência de triunfos da história, o faz sorrir, depressa atalha caminho para afirmar "ser apenas mais uma estatística".
Num breve olhar pelo passado recente, ele que já soma quase duas décadas no banco, Ulisses Morais disse "não ter sentido" que o futebol o tivesse esquecido nos dois anos que passou longe dos relvados.
"Isso nunca aconteceu, até porque recebi convites para treinar, mas optei por uma carreira que, em função do que havia vivido nos 10 anos anteriores - em que me vi sempre convidado para salvar equipas da despromoção - parasse essa lógica", explicou.
E sobre a forma como se preparou para o regresso, fez uma revelação curiosa: "o tempo deu-me o encaixe suficiente para nunca estar fora do futebol. Viajei bastante, para vários países, como a Holanda, Espanha e França. Anonimamente fiz e dei formação, estando perto de quem sabe muito de futebol".
Agora, na Vila das Aves, confessou sentir-se "um privilegiado por trabalhar no clube", um projeto, concluiu, "a que apenas falta estar na I Liga".
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