O treinador do Feirense admitiu hoje que os jogadores estão a sentir falta do apoio dos adeptos devido ao diferendo entre SAD e clube, que impede a equipa da II Liga de futebol utilizar estádio e complexo desportivo.
Ricardo Sousa, que assumiu o comando da equipa de Santa Maria da Feira esta temporada, revela que “a falta de estabilidade da equipa advém do facto de os jogadores nunca saberem onde vão treinar no dia seguinte”, situação que se reflete na “qualidade de jogo e nos pontos que a equipa tem atualmente na II Liga”.
“É necessário dar tempo ao tempo para que a equipa melhore o seu nível competitivo, mas o maior problema é falta de estabilidade nas condições de treino. Não sabemos onde vamos treinar diariamente e isso também me criou um problema, porque muitos dos jogadores vieram para o Feirense sabendo das excelentes condições de trabalho em termos de treino”, sublinha.
Na véspera de uma sessão de esclarecimento pública do clube sobre o diferendo com a SAD, que se realiza esta terça-feira, pelas 20:15, no Cineteatro António Lamoso, em Santa Maria da Feira, Ricardo Sousa considerou que “é normal os jogadores sentirem na pele o diferendo”, mas garante que “a equipa técnica está a fazer tudo para que se abstraiam de tudo o que está a acontecer à sua volta”.
“É difícil para os jogadores terem de disputar os jogos fora do seu estádio, sobretudo porque não estamos a ter o apoio dos adeptos. Gostávamos muito que eles estivessem connosco. Faz-nos falta o calor humano dos nossos adeptos, seja em casa, seja fora”, admite.
O técnico entende que “há um problema, que também já é do conhecimento público, mas também já se sabe que será resolvido nas instâncias próprias”, referindo-se à providência cautelar que a SAD interpôs ao clube para que esta possa voltar a utilizar o Estádio Marcolino Castro e o complexo desportivo.
“O que me parece é que, até que tudo seja decidido, tanto os jogadores, como a equipa técnica e os adeptos, estão a ser prejudicados por não terem as condições habituais. O que eu posso dizer às pessoas que mandam é que nós queremos ganhar muito mais vezes, por nós, pelos adeptos e pelo Feirense, mas, para isso, precisamos de boas condições e de voltar o mais rapidamente possível a treinar no complexo desportivo e a jogar no estádio”, sublinha.
Ricardo Sousa considera ainda que “a equipa técnica, os jogadores e os adeptos foram apanhados no meio de um momento conturbado”, lançando um apelo às partes em discordância.
“Está a decorrer um processo judicial, mas, enquanto não se resolver, por favor, devolvam a todos a sua casa, para que o Feirense e os adeptos sejam felizes onde o merecem ser”, afirma.
O diferendo entre o clube e a SAD do Feirense agudizou-se, quando, em junho passado, a direção do clube determinou o impedimento das equipas sénior, sub-19 e sub-18 da SAD de acederem ao estádio e ao complexo de treinos, enquanto essa entidade não liquidar a dívida de 700 mil euros acumulada desde 2018.
A decisão do clube é o culminar de uma relação que vinha piorando desde 2018, depois de, em 2015, se ter assinado um contrato de compra e venda de ações em que o clube ficou a deter 30% da sociedade que gere a participação da marca em competições profissionais e em que a Tavistock ficou na posse dos restantes 70%.
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