O presidente do Gil Vicente, António Fiúza, disse hoje esperar que os atuais líderes da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) “tenham o bom senso de cumprir esta decisão do tribunal”.
Em conferência de imprensa, António Fiúza falou sobre a decisão do Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa em dar razão ao Gil Vicente no ‘Caso Mateus’ e recolocar o clube gilista na I Liga. António Fiúza considera “pessoas sérias” os presidentes da FPF, Fernando Gomes, e LPFP, Pedro Proença, admitindo que ambos “não têm culpa, mas ficaram com a com a batata quente nas mãos por decisões erradas do passado”. “Podem recorrer, é certo, mas vejo-os como pessoas responsáveis”, afirmou o presidente gilista.
Em relação à indemnização de 20 milhões de euros, Fiúza referiu que, quanto mais tempo ela demorar a ser paga, “maior é a quantia, que pode passar rapidamente aos 30 milhões”. “Por isso, se recorrerem, maior será a fatura para todos os portugueses”, frisou.
Esta decisão judicial surge dez anos depois da despromoção à Liga de Honra, por inscrição irregular do internacional angolano Mateus, possibilitando ao mesmo tempo a manutenção do Belenenses no primeiro escalão.
Desta forma, António Fiúza apelou à responsabilização do antigo presidente Gilberto Madail e do ‘vice’ Amândio de Carvalho, bem como de Cunha Leal, Pedro Mourão e Federico Cebola. “Estes senhores devem ser responsabilizados por aquilo que fizeram ao Gil Vicente, à FPF e à Liga. Usaram de má-fé e segundo determinados interesses. Gilberto Madail quis usar a ‘bomba atómica’ contra a ‘formiguinha’, que era o Gil Vicente, para manter o Belenenses na primeira liga. Se fosse a um clube grande, não teriam coragem de fazer o que fizeram. Foi tudo premeditado”, acusou, acrescentando que sofreu “grandes pressões para desistir do processo”, chegando mesmo “a receber ameaças de morte”.
Perante a possibilidade de um recurso a esta decisão por parte da FPF, o presidente disse não ter poder para impedir a Federação de interpor recurso a esta decisão, “mas também ninguém impedirá o Gil Vicente de meter uma providência cautelar para impugnar os campeonatos”.
Questionado sobre a melhor solução para a reintegração do Gil Vicente na I Liga, António Fiúza respondeu que “tanto podem aumentar para 19 clubes, para 20, como ficar nos 18”. “O acórdão diz que é para anular a decisão de há 10 anos”, insistiu.
Relativamente à constituição do plantel para a época que se avizinha, António Fiúza esclareceu que já falou recentemente com o treinador Álvaro Magalhães e disse-lhe “a brincar até que era um sortudo, pois foi contratado para a II Liga e vai treinar na primeira”.
O advogado Paulo Moura Marques referiu que a FPF consentiu uma “ilegalidade grosseira, por isso tem o dever de retificar o que fez de errado”. “O Gil Vicente sofreu duas penalizações ilegais: a descida de divisão e a proibição da participação na Taça de Portugal e dos escalões de iniciados e juniores em participar nos respetivos campeonatos nacionais”, disse Paulo Moura Marques. O advogado acrescentou que este “tem sido um caminho longo e complicado”.
“Forçaram-nos até a processos de execução para repor decisões transitadas em julgado. A ‘bola’ está agora do lado da Federação. Perante o que fizerem, nós estaremos aqui para continuar com a mesma convicção e razão. Vamos ver se cumprem ou não espontaneamente o acórdão”, acrescentou Paulo Moura Marques.
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