O presidente demissionário da Assembleia geral do Leixões, Manuel Dias, anunciou hoje que vai processar o presidente da SAD na sequência de denúncia de ter recebido 220 mil euros de comissão pelo negócio com a Repsol.

Em comunicado publicado na página oficial do clube da II Liga de futebol na Internet, Manuel Dias garante ser "totalmente falso" que tenha celebrado qualquer contrato com o Leixões "para receber comissões no negócio da Repsol".

Manuel Dias foi acusado na assembleia geral extraordinária do Leixões de ter celebrado um contrato com Duarte Anastácio, líder do clube de Matosinhos, que previa o pagamento de uma comissão de 220 mil euros do negócio de concessão da bomba de gasolina da Repsol.

Acresce a isto que o também advogado estaria a receber mil euros por mês para prestar apoio jurídico, o que segundo Paulo Lopo, autor da denúncia, viola o artigo 46 do capítulo VII dos estatutos do clube, que determina que "nenhum sócio que exerça qualquer função remunerada no clube poderá tomar parte nas assembleias gerais, nem ser eleito ou nomeado".

Considerando "lamentável" que o presidente da SAD do Leixões tenha pela primeira vez ido a uma assembleia do clube para distribuir um "documento anónimo", Manuel Dias acusou ainda Paulo Lopo de "ameaçar os membros dos órgãos sociais" de que se a "assembleia não fosse suspensa" e se "demitissem de imediato" para ser "eleita uma Comissão Administrativa para gerir o clube (na qual ele próprio se incluía)", distribuiria o documento aos presentes.

Neste cenário, conclui Manuel Dias, aludindo ao líder da SAD, a "sede do poder falou mais forte".

Garantindo que o "documento será remetido às entidades competentes" para instauração dos "procedimentos criminais", informou ir solicitar às mesmas entidades "uma análise exaustiva a todas as contas bancárias da Repsol e do Leixões" para provar que "não recebeu um cêntimo de qualquer destas últimas".

"Irei também disponibilizar junto das autoridades competentes a consulta de todas as minha contas bancárias para provar o acima referido", disse.

Sobre as demissões verificadas, Manuel Dias admitiu "desconfiar" da "lealdade e isenção" de alguns dos colegas de direção, mas sem nunca pensar que fossem eles a "solicitar a eleição de uma comissão administrativa".

Acusando de, dessa forma, se unirem a Paulo Lopo para "apunhalar" os companheiros de direção e demais órgãos sociais, admitiu falhas numa direção "amadora, não remunerada e que talvez padecesse de alguma impreparação e desorganização".

"É verdade que as contas espelham uma realidade em nada dignificante para nenhum dos leixonenses: a falta de verbas e ainda o não apuramento de parte das verbas do futebol de formação", vincou Manuel Dias, acusando a SAD, "cuja administração é profissional e remunerada", de ter "deixado cair, por falta atempada de pagamento, o PERES (Programa Especial de Redução do Endividamento ao Estado), o que obrigou, posteriormente, à apresentação de um PER (Processo Especial de Revitalização)".