Em entrevista ao SAPO Desporto, o guarda-redes abordou a forma como foi tratada a sua saída do SC Braga, relembrou os tempos de Benfica, os momentos que passou na seleção, e ainda falou sobre esta experiência nova que é para si jogar na Segunda Liga.
SAPO Desporto: O Quim nunca esteve na Segunda Liga. Jogou sempre ao mais alto nível. Como é que tem sido esta experiência?
Quim: Tem sido uma experiência boa. Felizmente as coisas estão a correr bem. Nem tanto em termos de resultados, mas estamos no início. Com certeza que a equipa, com a experiência que adquire com o desenrolar dos jogos, vai melhorar e iremos obter muitas vitórias.
SD: Devido à sua experiência, o que é que traz a mais para esta equipa?
Quim: Eu sou mais um para ajudar. Não vou dizer que sou o Quim que jogou não sei quanto tempo no Benfica e no SC Braga. A experiência lógico que é importante no futebol. Há momentos em que a experiência vem ao de cima, isso é verdade.
SD: Tinha dito que quando ingressou no D. Aves tinha propostas de outros clubes. Porquê é que optou por esta equipa?
Quim: Procurei nesta idade estar próximo da família, que é muito importante para mim. Estou praticamente em casa e é um clube humilde e com o qual me identifico.
SD: Ainda se sentia em forma para continuar ao mais alto nível?
Quim: Não tenho dúvidas. Eu senti-me mais guarda-redes depois dos 30 anos. Isso nesta posição é muito importante. Não digo que agora me sinto no topo, mentiria se dissesse isso, mas sinto-me bem.
SD: Já não se vê a regressar ao topo da Primeira Liga, num dos quatro grandes?
Quim: Já não penso nisso. Felizmente já estive naquele que para mim é o maior clube português: Benfica. Também estive num clube onde aprendi imenso que foi o SC Braga. Representei o SC Braga 15 anos, uma carreira. É um clube que me diz muito.
SD: Mas se calhar a saída de Braga foi uma surpresa para a maioria das pessoas. Pergunto-lhe diretamente o que se passou? Não estava satisfeito, ou não chegou a acordo com o clube?
Quim: Logicamente que acabava contrato. Não me foi proposto nada. Simplesmente chegou o último dia e foi-me dito que não contavam mais comigo, nada mais do que isso. E eu não podia fazer nada. Muita gente diz: ‘O Quim sai de mal com todos os clubes’. Isso é mentira. Simplesmente achava que merecia um pouco mais de respeito. Foram 15 anos e merecia uma palavra do presidente, mas infelizmente isso não aconteceu.
SD: O Quim saiu do Benfica depois do clube ter sido campeão. Sai agora do SC Braga deste modo. De alguma forma sente-se injustiçado?
Quim: Não. Eu nunca irei dizer que tive falta de sorte no futebol. Eu sou um felizardo porque tudo o que sou hoje devo-o ao futebol e aos clubes que representei. Neste caso acabava contrato. São coisas que acontecem no futebol. O clube optou por não continuar comigo, e eu sigo a minha vida.
SD: Ainda espera hoje em dia chegar à seleção?
Quim: Não é uma questão de esperar. É a questão de que nunca irei renunciar à seleção, o que é diferente. Continuarei a fazer o meu trabalho da melhor forma possível e, se um dia, caso aconteça alguma coisa estarei presente com muito orgulho. Agora tenho que ser realista e não estou a prever que isso venha a acontecer.
SD: Coincidiu na baliza com Vítor Baía na seleção, depois anos mais tarde rivalizou com o Ricardo que lhe ganhou a titularidade. Por isso lhe pergunto se não sentiu que lhe faltou uma ponta de sorte nessa carreira como internacional português.
Quim: Tenho 32 internacionalizações. Esperava ter mais, naturalmente. Tive a minha oportunidade com António Oliveira em que fui titular nos cinco primeiros jogos de um apuramento. Depois tive a infelicidade de jogar num encontro onde perdemos 4-0, um encontro de caráter particular em França. A partir daí, o selecionador optou pelo Ricardo, que tinha sido campeão pelo Boavista. Infelizmente para mim voltei ao banco.
SD: Qual o momento que recorda como sendo o mais importante da sua carreira?
Quim: Felizmente tive muitos. Mas, para mim o mais importante foi o primeiro ano de Benfica onde cheguei e fui campeão.
SD: Nestes anos todos que já leva a sua carreira, sentiu falta de ter competido num campeonato estrangeiro? De ganhar outra projeção?
Quim: Não, não senti falta. Cheguei a ter propostas da Rússia, de Espanha e de França ao longo da minha carreira. Mas, sinceramente, nunca foi aquela proposta que eu achasse que valia a pena para me ausentar do meu país.
SD: Pelo que percebi das sua palavras, este não será o seu último ano.
Quim: (risos) Não digo que seja o último ano. Enquanto me sentir bem irei continuar. Onde quiserem, com certeza. Claro que posso me sentir útil e não ter oportunidades de jogar. A vida é mesmo assim.
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