O técnico Vítor Oliveira enalteceu hoje a marca dos 400 jogos como treinador principal na I Liga de futebol, que foi alcançada em 29 de setembro pelo Gil Vicente e retrata uma "carreira preenchida".
"São muitos jogos, alegrias e tristezas, fases de conforto e desconforto. Enfim, uma carreira muito bem preenchida, da qual me orgulho. Nem sempre consegui obter os melhores resultados, mas tenho a consciência plena de que, em todo o lado por onde passei, dei sempre o máximo e tudo o que sabia em prol da defesa dos interesses do clube", referiu à agência Lusa.
Vítor Manuel Oliveira, de 65 anos, assinalou o 'número redondo' no principal escalão à sétima jornada, com uma derrota na visita ao Santa Clara (1-0), no Estádio de São Miguel, em Ponta Delgada.
A estreia nos bancos da I Liga deu-se há 40 anos, em 10 de junho de 1979, quando o antigo médio foi convidado a assumir as funções de treinador-jogador no Famalicão, que havia caído para a zona de despromoção, a duas rondas do fim.
O matosinhense substituiu o argentino Mario Imbelloni, mas o empate caseiro diante do Sporting de Braga (2-2) e o desaire frente ao Belenenses (2-0) confirmaram a descida à II Liga.
Vítor Oliveira, então com 25 anos, já se esqueceu desse desafio com os 'arsenalistas', que inaugurou a carreira ao leme de clubes primodivisionários, cenário que "não passava sequer pela cabeça" e só prosseguiu na temporada 1985/86 no Algarve.
"Joguei mais algum tempo, até ter a ideia de vir para o Porto acabar o quinto ano de engenharia eletrotécnica. Mas enveredei pela carreira de treinador, empurrada de alguma forma pelo Manuel José e pelo Manuel João, técnico e presidente do Portimonense. Felizmente estou contente com aquilo que tem sido a minha história no desporto", recordou.
Vítor Oliveira contabiliza 17 presenças na divisão maior, à qual regressou esta época através do recém-promovido Gil Vicente, clube que orientou mais vezes na carreira, sobressaindo um oitavo (2002/03) e um nono lugar (1992/93) em cinco anos.
Após duas temporadas em Portimão, onde voltaria em 2017/18, o técnico estendeu a 'ligação' à elite com passagens por Paços de Ferreira (1991/92), Vitória de Guimarães (1995/96), Sporting de Braga (1998/99), Belenenses (1999/00) e União de Leiria (2007/08).
Pelo caminho, não evitou as descidas de Académica (2003/04) e Moreirense (2004/05) à II Liga, sendo rendido por João Carlos Pereira e Jorge Jesus às 19.ª e 27.ª jornadas, respetivamente.
"Ao longo da época vivemos momentos altos e baixos, porque o futebol é feito de dúvidas e certezas. Depois, há uma série de repetições e encaro isso com naturalidade. Conforme o número de jogos aumenta, vamos gerindo com maior facilidade", partilhou.
Desvalorizando a ausência de convites dos 'grandes', Vítor Oliveira rejeita olhar para trás e assume que fez "tudo aquilo que tinha de ser feito", inclusive no escalão secundário, no qual ficou conhecido como o 'rei das subidas', ao festejar 11 promoções em 18 presenças.
O treinador mais experiente da atual edição da I Liga admite que pode "parar ou continuar a qualquer momento" uma "estrada bonita", concentrando agora forças na permanência do Gil Vicente, que está de regresso ao convívio dos 'grandes'.
Vítor Oliveira igualou José Mota, Manuel Machado, Carlos Brito, Jaime Pacheco, János Biri ou Joseph Szabo, também com 400 ou mais jogos realizados, e continua a perseguir nomes como Jorge Jesus, Manuel Cajuda, Manuel José, Vítor Manuel, José Maria Pedroto ou Mário Wilson, que superaram os 500, bem como Manuel Oliveira e Fernando Vaz, com mais de 600.
Comentários