O Vitória de Guimarães vai cumprir o primeiro de três jogos à porta fechada por causa dos incidentes com o futebolista Marega na receção de quarta-feira ao Famalicão, para a 32.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol.
Na sequência do castigo anunciado pelo Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) na semana passada, que ditou os jogos à porta fechada e uma multa de 53.500 euros, o emblema minhoto decidiu recorrer da decisão para o Tribunal Arbitral do Desporto, mas a Liga de Clubes informou, nesta segunda-feira, que a decisão disciplinar se vai tornar "imediatamente executória".
"Cumpre informar de que o cumprimento da sanção de três jogos à porta fechada terá lugar nos próximos três jogos a que a Vitória Sport Clube participe na condição de equipa visitada, designadamente o jogo a disputar com o Futebol Clube de Famalicão, a contar para a 32.ª jornada da Liga, o jogo a disputar com o Benfica, para a 34.ª jornada e o jogo seguinte que realize na condição de visitado", lê-se no comunicado emitido nesta segunda-feira.
O organismo esclareceu que o clube de Guimarães renunciou ao prazo de 15 dias úteis para a sanção se "tornar executória", quer junto do CD da FPF, quer junto do Departamento de Competições da Liga de Clubes.
Os jogos com Famalicão e Benfica, os dois últimos da época no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, já iam realizar-se sem público nas bancadas, fruto das restrições associadas à pandemia de covid-19.
No jogo entre Vitória de Guimarães e FC Porto realizado em 16 de fevereiro, com triunfo dos ‘dragões' por 2-1, Marega recusou-se a permanecer em campo ao minuto 71, após ter sido alvo de insultos racistas por parte dos adeptos da formação vimaranense, numa altura em que o resultado final já estava estabelecido
Depois de pedir a substituição, Marega, que já alinhou no emblema minhoto e tinha marcado o segundo golo dos ‘azuis e brancos', dirigiu-se para as bancadas do recinto vimaranense, com os polegares a apontarem para baixo, situação que originou uma interrupção do jogo durante cerca de cinco minutos.
Vários jogadores do FC Porto e do Vitória de Guimarães tentaram demovê-lo, mas Marega mostrou-se irredutível na decisão de abandonar o jogo, tendo acabado por ser substituído por Manafá.
Este caso já tinha dado origem a vários processos, por entidades distintas, outro deles pela Autoridade para a Prevenção e Combate da Violência no Desporto (APCVD), que puniu o clube minhoto também com três jogos em casa à porta fechada, mas estes terão de ser cumpridos após o regresso do público aos estádios.
O emblema de Guimarães recorreu desta decisão e criticou ainda o presidente da Liga, Pedro Proença, considerando que este desrespeitou "a separação de poderes", após ter tomado posição sobre uma decisão do Tribunal da Relação de Guimarães.
Este órgão decidiu anular uma multa imposta a um adepto - um indivíduo de 29 anos na bancada sul, junto à claque vitoriana White Angels - pela APCVD por ocultação de identidade.
O outro processo decorre após uma investigação da Polícia de Segurança Pública (PSP), que acedeu às imagens de videovigilância do estádio, de forma a serem identificados os eventuais autores dos insultos racistas, e um processo-crime do Ministério Público (MP) "por atos de discriminação racial".
Três adeptos do emblema vimaranense estão a ser julgados no Tribunal de Guimarães pelo crime de discriminação e incitamento ao ódio e à violência, punido com pena de prisão de seis meses a cinco anos, desde 25 de setembro.
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