João de Deus encara este ano um dos maiores desafios da sua carreira com a estreia como treinador na I Liga.
O treinador que já defrontou o temível Barcelona de Guardiola sabe que este ano de muito trabalho, mas quer que o Gil Vicente viva uma época sem sobressaltos na tabela. Tudo com base num «coletivo forte» e que ambiciona que possa dar a conhecer algumas das surpresas individuais deste campeonato.
Na sua época de estreia na I Liga, quais são os objetivos desportivos para esta temporada?
Os objetivos desportivos vão de encontro aos objetivos desportivos do Gil Vicente para a presente temporada que é alcançar a manutenção.
Que balanço faz da pré-época e dos trabalhos com o novo plantel?
Para já, o balanço que faço é positivo, não pelos resultados, mas sobretudo por aquilo que são as dinâmicas que criámos e que os jogadores estão a conseguir interiorizar. Numa perspetiva do que é o nosso jogar faço um balanço positivo, que se torna ainda mais positivo com o estreitar das relações interpessoais que se foram gerando entre os jogadores e equipa técnica e entre os próprios jogadores.
O Gil Vicente tem mostrado uma certa apetência para marcar muitos golos, pelo menos em otimizar oportunidades de golo.
Temos mostrado apetência para marcar golos, mas também temos mostrado apetência para sofrer mais golos do que aqueles que eram desejáveis. É tudo muito subjetivo. Num dos jogos fizemos quatro golos em cinco remates à baliza, e temos consciência de que isso não vai acontecer com grande frequência, e no outro jogo foi contra uma equipa que está dois escalões abaixo.
Mas está relacionado com a estratégia para a próxima temporada?
Cada jogo terá com certeza a sua história. Não posso neste momento, de forma muito grosseira, dizer o que vai acontecer porque não houve uma observação e análise dos adversários. Não houve definição de estratégia para as partidas e com certeza mesmo com as equipas do nosso campeonato iremos ter momentos em que estaremos em dificuldade e teremos de privilegiar o contra-ataque ou o ataque rápido e com certeza também vão haver poucos momentos em que jogaremos com equipas mais fortes em que possamos ter a posse de bola em nosso poder.É tudo muito aleatório.
E está satisfeito com as soluções que o plantel apresenta para a época 2013/2014 com jogadores de quatro continentes diferentes?
Temos de estar sempre satisfeitos com o que temos, mas igualmente insatisfeitos também porque essa insatisfação faz-nos sempre querer mais e melhor. Eu nunca escondi, e a direção também nunca teve problemas em referir essa situação, que ainda nos falta, pelo menos, mais um jogador, portanto, em função do que tenho, claro que estou satisfeito. Mal seria se não tivesse satisfeito com aquilo que escolhi mas precisamos de um pouco mais.
E que perspetivas tem para este campeonato relativamente à luta pelo título de campeão nacional e à luta pelos lugares europeus?
Sem ter feito uma grande observação e análise dos adversários parece-me que não é uma tarefa muito complexa: Benfica e Porto, um dos dois será certamente campeão nacional. Depois com certeza que Braga e Sporting vão estar num patamar a roçar o próximo de Porto e Benfica.
Em relação à luta pela manutenção, para além do Gil Vicente que equipas vê a lutar para não descer?
Juntamente connosco, o Olhanense, o Vitória de Setúbal, o Arouca, estas equipas que têm maiores limitações e orçamentos mais reduzidos e que com certeza se irão digladiar para evitar a despromoção.
Tem algum palpite para o jogador que vai explodir nesta edição da I Liga?
Tenho um palpite, mas não o quero revelar porque são jogadores meus e assim não elevo demasiado as expectativas para os jogadores em causa. Acredito que uma ou outra peça da minha equipa possa ter lugar de destaque durante o campeonato se tudo nos correr dentro da normalidade.
Que ambições pessoais tem para a época 2013/2014?
Não tenho objetivos pessoais. Tenho objetivos coletivos. Não sou diferente daquilo que peço aos jogadores do Gil Vicente. Objetivos coletivos, sempre e só objetivos coletivos. Depois, se os objetivos coletivos estiverem a ser alcançados, naturalmente que cada jogador se irá destacar dentro da sua especificidade, mas não faria sentido estar a falar em objetivos individuais para mim.
O que é reteve mais enquanto jogador que depois transportou para o cargo de treinador?
Aquilo que a minha experiência me transmitiu, e eu não fui um jogador de eleição, fui um jogador de qualidade de média baixa.
Como o José Mourinho?
Sim, mas atenção não é comparável porque ele é muito melhor treinador do que eu, e eu fui um bocadinho melhor jogador. Mas essencialmente aquilo que eu extraí é essencialmente aquilo que estava a dizer. Sentia e sempre senti que um coletivo forte com ideias bem concretas e bem assimiladas por todos depois acabavam por potenciar a individualidade de cada um, e se eu conseguir passar essa ideia aos jogadores do Gil Vicente com certeza de que cada um deles vai, acreditando nesta ideia, nesta máxima, cada um deles se vai potenciar fruto do próprio potenciar do coletivo. Foi isso que aprendi enquanto jogador e que pretendo passar enquanto treinador.
O campeonato volta a iniciar-se com a quase totalidade dos treinadores a serem de nacionalidade portuguesa. Isso é mais uma prova de qualidade dos treinadores portugueses?
Sim, acho que essa questão já está sobejamente esbatida. Temos os melhores treinadores do mundo, não é de agora. Se calhar, há quinze vinte anos que foi havendo uma evolução muito grande ao nível do treino e sobretudo do treinador português e depois claro como a agravante que, quem melhor do que nós conhece essa realidade, portanto parece-me uma situação perfeitamente normal e que a tendência é para que cada vez mais seja o treinador português a orientar as equipas portuguesas.
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