O futebolista André André afirmou que os adeptos do Vitória de Guimarães "levaram" a equipa ao triunfo sobre o Paços de Ferreira, há um ano, no último jogo da I Liga portuguesa de futebol sem restrições ao público.

Antes da propagação do novo coronavírus em Portugal ter ditado a suspensão do principal campeonato de futebol, em 12 de março, vimaranenses e pacenses encerraram a jornada 24 da prova às 20:00 de 08 de março, um domingo, perante 4.105 espetadores no Estádio Capital do Móvel, em Paços de Ferreira.

A perder por 1-0 ao intervalo, depois do golo marcado por Hélder Ferreira, ao minuto 10, a formação de Guimarães operou a reviravolta no segundo tempo, com um ‘bis' de João Carlos Teixeira (minutos 47 e 66) quando atacava no sentido da bancada repleta de adeptos vitorianos, decisivos, no entender do capitão de equipa, para o desenlace da partida.

"Foi o último jogo com adeptos. Não sei se fui eu que escolhi a bancada [no sorteio entre os capitães]. Na primeira parte, estávamos a atacar para aquela [bancada] do Paços que não tem adeptos. Na segunda parte, virámos o jogo, porque foram os nossos adeptos que nos levaram à vitória. Se eles não estivessem lá, dificilmente íamos virar o jogo", recorda o médio, em declarações à Lusa.

Face ao estado de emergência e ao confinamento geral decretados em 18 de março, pelo Governo, a I Liga só regressou em 03 de junho, com o Portimonense-Gil Vicente (1-0), e o Vitória, que iria receber o Sporting em 14 de março, só defrontou os ‘leões' em 04 de junho (2-2).

André André voltou à competição em 19 de junho, na receção ao Moreirense (1-1), num Estádio D. Afonso Henriques vazio, e lembra que os jogos da fase final da época passada se assemelhavam aos desafios de pré-época.

Apesar de não ver a falta de público como justificação para o sétimo lugar do campeonato anterior e a consequente ausência das provas europeias nesta temporada, o jogador, de 31 anos, defende que o emblema minhoto é dos "mais prejudicados" pela pandemia, face ao número de adeptos que costuma atrair ao seu estádio - tinha uma média de 16.910 espetadores até março, a quarta maior da I Liga.

A cumprir a sexta época no Vitória, com um registo de 35 golos em 159 jogos oficiais e uma Taça de Portugal no currículo (2012/13), o capitão reitera que os "jogadores se sentem muito mais confortáveis quando sentem que o público está com eles", principalmente quando precisam de inverter um resultado desfavorável.

"Há um lance de perigo e há aquele entoar. A seguir, há outro lance e o estádio começa a cantar com mais força para chegarmos ao golo. Só quem está no campo é que sabe dessa intensidade. Estamos nos últimos momentos, a equipa precisa de mais um bocadinho de ânimo e os adeptos correspondem. Aí, parece que vamos buscar forças onde não temos. Isso é que faz o futebol diferente dos outros desportos", realça.

Um ano depois da pandemia de covid-19 ter encerrado o acesso normal dos adeptos aos estádios, o internacional português reconhece que os atletas se vão "acostumando um bocadinho à ideia de jogarem sem público", arranjando "forças noutro lado", fazendo o seu melhor e "lutando sempre pelos três pontos".

Ansioso pelo regresso à "normalidade", André André considera ainda que a adaptação ao regresso generalizado do público, quando acontecer, será bem mais rápida do que a adaptação à ausência de adeptos.

"Bastará só um jogo para as coisas voltarem a ser normais. Sempre estivemos habituados a público desde miúdos. Um ano assim não vai influenciar o que foram bastantes anos normais. É o que mais quero: que isto passe e voltemos ao nosso quotidiano. O nosso quotidiano passa pelo público nas bancadas", confessa o jogador, que representou ainda Varzim, Deportivo e FC Porto, emblema pelo qual se sagrou campeão nacional, na época 2017/18.