Na noite em que se recordou Fernando Peyroteo, avançado com melhor média de golos da história dos campeonatos, o Sporting não fez por menos e enviou quatro (!) bolas ao ferro, entre outras oportunidades desperdiçadas. Só mesmo a criatividade de Gelson e o instinto matador de Bas Dost conseguiram fazer estragos num Rio Ave vulnerável e estranhamente mais defensivo do que o habitual. O triunfo por 2-0 acaba por saber a pouco, mas mantém a equipa de Jorge Jesus no encalço dos rivais. Que é, efetivamente, o que interessa.

Tanto Jorge Jesus como Miguel Cardoso apresentaram novidades nos respetivos onzes iniciais. No lado dos ‘leões’, o principal destaque vai para um ex-vilacondense. Rúben Ribeiro foi aposta de início para a receção à antiga equipa, no lugar de Marcos Acuña, que começou a partida no banco de suplentes, assim como Bryan Ruiz.

Face ao jogo com o Viktoria Plzen, destaque também para o regresso de Piccini à titularidade, após algumas semanas de ausência por lesão. O lateral-direito já tinha jogado uns minutos na República Checa, e agora volta a assumir um lugar que tem sido seu desde o início da época. Já Battaglia mantém-se no onze, mas desta vez a jogar no centro do terreno.

Com Francisco Geraldes e Tarantini indisponíveis e Lionn lesionado, o treinador do Rio Ave optou por lançar Nadjack, Leandrinho, Marcão e Diego Lopes. Nélson Monte passou do centro para a lateral defensiva.

Apesar do pouco tempo de descanso – a partida em Plzen obrigou a tempo extra - o Sporting entrou fulgurante e determinado em chegar rapidamente ao golo: ao minuto 4, Cássio defendeu um cruzamento venenoso de Fábio Coentrão, após uma boa combinação com Rúben Ribeiro. Na resposta, o Rio Ave tentou uma transição rápida, mas o cruzamento de Diego foi cortado por Mathieu.

A primeira grande oportunidade acabaria por surgir aos 12’: Bas Dost aproveitou um erro de Leandrinho na saída de bola e apareceu isolado na cara de Cássio, que acabou por levar a melhor no um para um. Pouco depois, foi a vez de João Novais, um dos destaques deste campeonato, tentar a sua sorte, mas a bola saiu muito por cima da baliza de Rui Patrício. Ao minuto 20, houve nova oportunidade de ouro para o Sporting: livre batido por Bruno Fernandes, a enviar a bola à barra da baliza de Cássio. Na sequência do lance, Bas Dost tentou o cabeceamento, mas o guardião respondeu com nova defesa.

Perante tanta pressão, era uma questão de tempo até a equipa de Jorge Jesus fazer o 1-0. O Rio Ave vinha a adotar uma estratégia bastante mais defensiva do que o habitual – apresentou-se num sistema de cinco defesas - e mostrava pouca agressividade no último terço. Ao minuto 24, Piccini lançou Bruno Fernandes pela direita, o médio cruzou de seguida para Bas Dost, que enganou toda a gente e tocou para trás, onde surgiu Gelson. Após um belo trabalho individual, o extremo atirou a bola para o fundo da baliza, apontando o 12.º golo na temporada. Excelente momento da formação ‘leonina’, a conformar o seu domínio sobre o conjunto de Miguel Cardoso.

Apenas três minutos depois esteve à vista o 2-0, num lance caricato de Fábio Coentrão, a cruzar na direção da baliza do Rio Ave - a bola ainda esbarrou no ferro, quase traindo Cássio. Os vilacondenses continuavam mansos a nível defensivo (só mesmo o seu guarda-redes evitou um resultado mais dilatado), mas ainda dispuseram de uma boa oportunidade para chegar ao empate. Aos 38’ Yuri Ribeiro rematou para defesa apertada de Rui Patrício, após um desvio traiçoeiro de Mathieu.

Já em cima do intervalo, Cássio voltou a agigantar-se entre os postes, desta feita a negar o golo a Rodrigo Battaglia (45’), após assistência de Gelson. Custava a acreditar que este Rio Ave era o mesmo que havia causado calafrios ao ‘leão’ no jogo da primeira volta, no Estádio dos Arcos. A equipa só deu sinais de crescimento quando o encontro já caminhava para o final, altura em que o Sporting 'matou' o jogo. Mas já lá vamos.

Ao minuto 52, Mathieu rematou mal após canto de Bruno Fernandes, e depois foi Bas Dost a não conseguir finalizar, na área (55’), um cruzamento de Coentrão. Apesar do caudal ofensivo, continuava a faltar (mais) golos à equipa de Jorte Jesus. O lateral esquerdo dos ‘leões’, então, não estava particularmente inspirado, voltando a enviar uma bola ao poste (60’), após uma boa combinação com Gelson - Cássio estava batido.

O técnico ‘leonino’ aproveitou a deixa para mexer na equipa, fazendo entrar Acuña para o lugar de Rúben Ribeiro. Miguel Cardoso respondeu tirando Diego Lopes por troca com Barreto. Só que a batalha do Sporting era cada vez menos contra o Rio Ave, e cada vez mais mais contra os ferros. Porque só assim os 'leões' não saíram de Alvalade com uma vitória mais folgada. Exemplo disso o lance aos 69’, em que William ganhou a bola no meio-campo, e libertou para Bruno Fernandes, que à entrada da área rematou colocado mas ao poste esquerdo da baliza contrária.

Tanta persistência acabaria por ser recompensada, porque ao minuto 84, já com Bryan Ruiz em campo, Bas Dost redimiu-se do penálti falhado na República Checa e confirmou o triunfo da equipa da casa num golpe de cabeça, a finalizar uma excelente jogada individual de Gelson Martins. Até ao final da partida, ainda houve tempo para a estreia oficial de Wendel de leão ao peito, mas pouco mais.