O Sporting suspendeu o processo disciplinar aberto após o ataque à sua academia, em Alcochete, em 15 de maio de 2018, por “estarem a decorrer atos de instrução no âmbito do processo criminal em curso”, comunicou hoje o clube.
Tendo presente que no âmbito de um processo disciplinar “é imprescindível a alocação individual de responsabilidades de forma estrita e rigorosa”, o Sporting “deliberou suspender o procedimento em curso até à conclusão da instrução” e aguardar, com prudência, “por posteriores desenvolvimentos”.
Este processo disciplinar foi iniciado pela Comissão de Fiscalização do Sporting em 17 de julho de 2018 e na sequência da tomada de posse do atual Conselho Fiscal e Disciplinar iniciou-se a recolha de múltiplos elementos probatórios com vista ao apuramento completo de todas as responsabilidades.
“Com a dedução da acusação e depois de terem sido realizadas outras diligências instrutórias foi possível complementar essa análise e circunscrever o grupo de sócios que alegadamente estiveram envolvidos naquele incidente, estando o processo quase concluído”, refere em comunicado o Conselho Fiscal e Disciplinar.
O início da fase de instrução do ataque à Academia do Sporting foi hoje adiado pela segunda vez pelo juiz Carlos Delca, devido à apresentação de um novo pedido de afastamento do processo deste juiz de instrução criminal (JIC), que foi entregue por um dos advogados na sexta-feira.
A instrução, fase facultativa em que o JIC vai decidir se o processo segue e em que moldes para julgamento, foi requerida por mais de uma dezena de arguidos, entre os quais o ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho e o antigo oficial de ligação aos adeptos do clube Bruno Jacinto.
O processo pertence ao Tribunal de Instrução Criminal do Barreiro, mas, por razões de logística e de instalações, a fase de instrução vai decorrer na nova sala do edifício A do Campus da Justiça, no Parque das Nações, em Lisboa.
Os primeiros 23 detidos pela invasão à academia e consequentes agressões a técnicos, futebolistas e outros elementos da equipa 'leonina', ocorrida em 15 de maio do ano passado, ficaram todos sujeitos à medida de coação de prisão preventiva em 21 de maio.
Em 15 de novembro do ano passado, exatamente seis meses após o ataque à academia, a procuradora Cândida Vilar (que será a procuradora do Ministério Público na fase de instrução), deduziu acusação contra 44 arguidos, incluindo Bruno de Carvalho e 'Mustafá', líder da claque Juventude Leonina.
Aos arguidos que participaram diretamente no ataque, o Ministério Público imputa-lhes a coautoria de crimes de terrorismo, 40 crimes de ameaça agravada, 38 crimes de sequestro, dois crimes de dano com violência, um crime de detenção de arma proibida agravado e um de introdução em lugar vedado ao público.
Bruno de Carvalho, 'Mustafá' e Bruno Jacinto estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, 19 de ofensa à integridade física qualificada, 38 de sequestro, um de detenção de arma proibida e crimes que são classificados como terrorismo, não quantificados. O líder da claque Juventude Leonina está também acusado de um crime de tráfico de droga.
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