O último dia de fevereiro correspondeu à data de apresentação, por parte de Sporting, Benfica e FC Porto, dos resultados líquidos das respetivas SADs referentes ao primeiro semestre de 2022/23. Os leões foram os únicos a apresentar um saldo positivo.

A Sporting SAD fechou mesmo o primeiro semestre desta época com um lucro recorde de 47,5 milhões de euros. A FC Porto SAD apresentou um resultado negativo de 9,891 milhões de euros (ME) no primeiro semestre de 2022/23, enquanto a Benfica SAD registou um resultado líquido negativo de 13,3 milhões de euros.

Leões destacam "melhor resultado semestral de sempre"

No comunicado enviado à CMVM, o Sporting indica ter sido não só “o melhor resultado semestral de sempre” (havia registado 9,5 milhões no exercício homólogo anterior), como também um volume de negócios recorde, na ordem dos 148 milhões de euros.

“Este Resultado Líquido é consequência de uma performance muito positiva dos rendimentos operacionais, resultante do encaixe financeiro da UEFA Champions League”, indicam na referida nota.

O clube de Alvalade destaca ainda que o resultado operacional, sem a transação de jogadores, atingiu “o segundo melhor resultado de sempre”, com 9,4 milhões de euros, superado apenas pelo da época transata, 2021/22. Já o rendimento com as transações de jogadores atingiu os 73,9 milhões, graças sobretudo à transferência dos jogadores Matheus Nunes e João Palhinha.

Os leões ressalvam, ainda, que sem a venda dos direitos de Matheus Nunes ao Wolverhampton, por 45 milhões de euros, a Sporting SAD "comprometeria o modelo estratégico actualmente em curso, que tem a sustentabilidade económico-financeira como eixo guiador de médio longo prazo".

De acordo com o comunicado, o valor do plantel masculino era, no semestre em causa, de 92,8 milhões de euros e a SAD leonina destaca ainda "uma significativa redução do passivo", que baixou 24,1 milhões de euros, retomando a trajetória de recuperação "que tinha sido interrompida pela Covid-19".

No que toca a receitas de bilheteira, a Sporting SAD encaixou 9,2 milhões de euros, "um aumento de cerca de um milhão de euros face ao período homólogo, com destaque para o aumento dos bilhetes de época (Gamebox) que atingiu os 3,1 milhões de euros (com 2021 afectado pelos efeitos da COVID-19)", frisam os verdes e brancos.

Águias ressalvam que venda de Enzo ainda não entra nas contas

Quanto à Benfica SAD, apresentou um resultado líquido negativo de 13,3 milhões de euros no primeiro semestre de 2022/23. Valor que, ainda assim, destacam as águias, representa uma melhoria de quase 58 por cento relativamente ao período homólogo da época anterior. E um valor no qual não entram ainda os negócios do mercado de inverno, como a venda de Enzo ou as compras de Schjelderup e Tengstedt, nem os 9,6 milhões de euros garantidos com o apuramento para os oitavos de final da Champions.

Os rendimentos operacionais da SAD do clube da Luz (ou sejam as receitas excluindo vendas de jogadores) atingiram os 111,6 milhões de euros, o que significa um crescimento de mais 15 milhões de euros em relação ao ano anterior, em virtude do bom desempenho na Liga dos Campeões e das receitas de bilheteira, que atingiram os 16,7 milhões de euros no período em análise.

Quanto ao passivo, baixou 25,8 milhões de euros, para os 398,9 milhões de euros, embora o o ativo também tenha caído (de 533,7 para 494,6 milhões de euros). O capital próprio fixa-se agora nos 95,7 milhões de euros, menos 12,2 por cento do que a 30 de junho de 2022.

Dragões destacam crescimento dos proveitos operacionais excluindo passes e "redução significativa" do passivo

A SAD do FC Porto, por seu lado, apresentou um resultado negativo de cerca de 9,891 milhões de euros. No documento enviado à CMVM, os dragões falam, ainda assim, de um valor ligeiramente melhor do que obtido no mesmo período em 2021/22, que na altura foi de 10,329 milhões de euros negativos.

A SAD desportiva sublinha um aumento dos proveitos excluindo os passes de jogadores e lembram que nestas contas não estão está ainda incluída a receita da passagem aos oitavos da Liga dos Campeões.

Verifica-se, contudo, um forte agravamento dos custos com pessoal, que ultrapassam agora os 51 milhões de euros, face os 38,8 milhões do semestre homólogo. A SAD do FC Porto refere no relatório que “os custos operacionais, excluindo custos com passes, aumentaram 17,475 milhões de euros, onde se inclui a atribuição de prémios de acesso à UEFA Champions League 2022/2023 na qualidade de campeões nacionais, assim como de prémios pela performance desportiva da equipa na fase de grupos da prova europeia e pela conquista da Supertaça Cândido de Oliveira”.

Desta forma, feitas as contas, os resultados operacionais da SAD dos dragões, sem contar com os passes de jogadores, caíram em cerca de cinco milhões de euros, de 21,5 milhões para pouco mais de 16 milhões de euros.

Por fim, segundo a SAD do FC Porto destaca ainda que “o passivo, que atinge os 481,37 milhões de euros em 31 de dezembro de 2022, registou uma redução significativa, de 48,747 milhões de euros, essencialmente devido à diminuição do valor global dos empréstimos, em 41,8 milhões de euros, o que representa um corte de 15% face a junho de 2022 do passivo remunerado do grupo”.