Os sócios do Vitória de Guimarães recusaram hoje alterar os estatutos do clube, o que podia abrir as portas à entrada de novo investimento na SAD, responsável pela equipa da I Liga portuguesa de futebol.
Em Assembleia Geral (AG) extraordinária decorrida no Pavilhão Desportivo Unidade Vimaranense, a proposta da direção liderada por Júlio Mendes para incluir uma nova alínea no artigo 27.º dos estatutos do clube - "deliberar sobre possíveis alterações aos pactos sociais de sociedades anónimas desportivas das quais o clube seja acionista" - não recolheu os 75% necessários para ser aprovada.
Entre as 606 pessoas que se dirigiram às urnas colocadas no interior do pavilhão, 348 votaram favoravelmente à proposta (57,4%), 254 votaram contra (41,9%), e houve ainda três votos brancos e um nulo.
Com esta recusa, os associados vitorianos não votaram a proposta que se seguia na ordem de trabalhos, a qual previa o "desaparecimento do direito de veto" do clube face à nomeação de membros para o Conselho de Administração da SAD, de forma a torná-la "mais eficiente e atrativa para o investimento".
Os sócios vimaranenses rejeitaram a alteração estatutária, mesmo depois da redação da nova alínea, que inicialmente dava aos sócios o poder de se "pronunciarem" e não de "deliberarem" sobre as alterações no pacto social entre clube e SAD, ter sido criticada pelos sócios que discursaram numa reunião magna que durou cinco horas.
Na maioria das 16 intervenções que antecederam a votação, os sócios frisaram que votariam contra a proposta pela alegada "pressa" com que surgiu e pela linguagem utilizada, alegando que não dava qualquer poder de decisão aos sócios, mas apenas o direito de emitirem opinião.
Entre as vozes críticas à proposta inicial, surgiram as do candidato derrotado nas últimas eleições para os órgãos sociais do clube Júlio Vieira de Castro e a do presidente da Mesa da AG da SAD do Vitória de Guimarães, Daniel Rodrigues.
O ex-candidato à presidência do clube frisou também que a proposta deveria passar a ter um "caráter deliberativo" e questionou se o Conselho Fiscal, o Conselho de Jurisdição e o Conselho Vitoriano foram "auscultados" pela direção sobre a proposta.
Já o dirigente da SAD também criticou a proposta inicial, referindo que a direção, em qualquer decisão essencial, tem de seguir o "interesse dos sócios", enquanto membros do clube, detentor de 40% do capital da sociedade, e ainda o caminho ultimamente seguido pelo elenco liderado por Júlio Mendes, no que respeita ao projeto desportivo da SAD.
O presidente vitoriano salientou, por seu turno, que o "paradigma" do emblema vitoriano mudou definitivamente em 2012, quando os sócios aprovaram a constituição da SAD, e rejeitou a pressa em retirar o direito de veto do clube quanto à nomeação de administradores da SAD, o que poderia significar a entrada de novo investimento.
Júlio Mendes avisou ainda que a SAD vitoriana precisa de "receitas para equilibrar as contas", que são "sempre deficitárias", a não ser que se vendam passes de jogadores, e disse sempre ter alertado que os estatutos da SAD, tal e qual foram escritos, até fizeram com que a entidade ficasse "blindada de mais" a investimento futuro.
O último ponto da ordem de trabalhos, que se referia a um contrato de arrendamento de uma fração do Estádio D. Afonso Henriques pelo clube à SAD, por um prazo de 30 anos, acabou por ser retirado.
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