O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) e a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) aceitaram hoje a demissão de João Pinheiro da Comissão Arbitral (CA) da Liga, que colocou o lugar à disposição, após algumas críticas.
“Face ao exposto, Sindicato e Liga deliberaram aceitar a disponibilidade manifestada pelo Dr. João Pinheiro e proceder à sua substituição de comum acordo com o mesmo”, referem os organismos, em comunicado conjunto.
O advogado portuense indicado pelo sindicato mereceu reações contrárias à sua tomada de posse como ‘árbitro’ da CA, relacionadas com comentários que, enquanto assumido sócio do Benfica, desde 1979, produziu na sua página pessoal do Facebook: além de trajar o equipamento dos ‘encarnados’ no estádio da Luz e de ter uma foto de capa com Eusébio em jogo com o Sporting, teceu vários comentários em relação ao presidente Bruno de Carvalho e ao clube 'leonino'.
“O Sindicato e a Liga pretendem afastar o clima de tensão gerado e conferir à restruturada Comissão Arbitral todas as condições para que possa iniciar funções num ambiente propício à resolução de diferendos, pacificação de decisões e realização da justiça”, justificaram as partes.
Na quinta-feira, João Pinheiro, árbitro nomeado para a Comissão Arbitral constituída no âmbito do Contrato Coletivo de Trabalho aplicável, defendeu-se publicamente e colocou o lugar à disposição.
“Porque, acima de tudo, entendo que deve ser preservada a imagem de qualquer órgão de que faça parte, apresento ao SJPF e à Liga de clubes imediata disponibilidade para renunciar ao cargo que assumi, caso qualquer uma das instituições considere que a controvérsia gerada com a minha designação e tomada de posse afete o funcionamento da CA”, disse o advogado, em comunicado divulgado pelo SJPF.
Sindicato e Liga agradeceram “o compromisso assumido e a frontalidade demonstrada, registando o desapego e a preocupação de defesa da imagem da CA e das instituições do futebol” que João Pinheiro revelou, desejando-lhe “as maiores felicidades pessoais e profissionais”.
O advogado defendeu que ser sócio do Benfica é “parte integrante da (sua) liberdade inerente à dignidade humana” e recorda que os comentários sob escrutínio “não refletem qualquer preconceito profissional relativamente a qualquer instituição desportiva, ou respetivos agentes”.
“Naturalmente, a tomada de posse como membro da CA envolve uma moderação na pronúncia sobre temas desportivos que já tinha interiorizado e posto em prática”, referiu, na quinta-feira.
O advogado assumiu ainda o “efeito mediático que envolve o futebol e o tratamento público que é conferido a todos os seus conteúdos”, mas garantiu não se sentir “condicionado ou limitado no exercício das funções” assumidas na CA.
“Considero-me habilitado a realizar um trabalho imparcial, fundamentado e de boa fé perante qualquer assunto que me seja submetido para apreciação”, conclui.
Além do seu presidente, Ricardo Nascimento, advogado especialista em Direito do Trabalho, a CA era constituída por Lúcio Correia e João Pinheiro, advogados ligados ao Direito Desportivo e do Trabalho, membros desta instituição de arbitragem voluntária nomeados pela Liga e SJPF, respetivamente.
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