O antigo árbitro de futebol, Duarte Gomes, revelou este sábado, em entrevista ao semanário Expresso, que recebeu muitas ofertas de cortesia de Benfica, Sporting e FC Porto ao longo da sua carreira, e que os telefonemas de Vítor Pereira antes dos jogos nunca foram encarados como uma forma de pressão, antes pelo contrário.
"Enquanto meu presidente, Vítor Pereira ligou-me imensas vezes, em muitos jogos de muitas equipas, sempre com a mesma mensagem: "boa sorte, bom jogo, vai tranquilo, nós contamos contigo". É o papel pedagógico de um presidente", afirmou Duarte Gomes ao referido semanário quando instado a comentar as alegadas pressões de Vítor Pereira denunciadas por Marco Ferreira.
Já em relação a alegadas pressões para o influenciar ao longo da carreira, Duarto Gomes garantiu que nunca foi abordado nesse sentido e pediu mais respeito pela classe dos árbitros.
"Ao longo da minha carreira, recebi mais de 300 camisolas, incluindo do Benfica, FC Porto e Sporting. Nunca distingui esse tipo de ofertas, em nenhum clube, nem nunca as considerei uma tentativa de me influenciuar. Valorizei-as apenas como gestos simpáticos (…) Também recebi camisolas com o meu nome, relógios de valor insignificante, galhardetes, toalhas… Se acham que uma camisola ou um almoço nos influenciam, têm-nos em muito má conta. Não nos ofendam, por favor", atirou o antigo árbitro, que no entanto se assumiu como simpatizante do Benfica.
Sobre a intervenção pública de Cosme Machado após os erros de arbitragem no jogo entre Sporting e Académica, Duarte Gomes mostrou-se compreensivo com a reação do 'colega', e voltou a defender a classe dos árbitros.
"Compreendo a vontade de falar, também já o fiz. Só que, por um lado, as pessoas acham que os árbitros devem falar, mas quando o fazem são logo apontados: ‘olha este, fala muito, mas arbitra pouco’. Não há como satisfazer um adepto irritado, magoado e apaixonado pelo seu clube. Os árbitros têm um segundo para decidir. Também temos família, amigos, o vizinho, o colega do banco… Levei tudo com humor, porque é preciso ter encaixe. Não podia ser uma prima-dona. Via os meus jogos na televisão e ficava muitas vezes espantado: como é possível errar tanto?", frisou Duarte Gomes.
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