Luiz Felipe Scolari, ex selecionador português, foi um dos oradores convidados do IV Congresso ‘O Futuro do Futebol’ onde falou sobre a sua experiência na relação com os adeptos. O técnico recordou a sua passagem por vários países, como China, Portugal, Uzbequistão, Kuwait, Arábia Saudita onde conviveu com “culturas totalmente diferentes, com adeptos totalmente diferentes, e situações inimagináveis”.
‘Felipão’, como é conhecido no mundo do futebol, relembrou a sua passagem pelo futebol asiático onde encontrou adeptos muito concentrados. A experiência no Japão foi a que mais marcas deixou, na forma como é ser um adepto de futebol.
“O Japão foi o país que mais me impressionou sobre como ser adepto de futebol: educado, com cultura, com procedimentos que não vivemos no dia-a-dia. O clube controla tudo, autógrafos, adeptos connosco no campo, tudo, muito organizado”, salientou Scolari.
Falando também da sua passagem pela China, país que vê a ser uma das potências mundiais dentro de alguns anos, Scolari recordou os milhares de adeptos que estavam à sua espera no aeroporto quando deixou território chinês após a experiência no Guangzhou Evergrande.
“Quando saí da China, três mil adeptos estavam lá para se despedir de mim. Ganhei 7 títulos em 11 disputados. 40 mil pessoas despediram-se de mim no último jogo com a frase ‘Obrigado Felipão”, recordou Luiz Felipe Scolari.
Sobre a passagem pela seleção brasileira, onde conquistou o título de campeão mundial em 2002, Scolari lembrou que é fácil treinar uma equipa nacional, mas deixou uma frase curiosa: “difícil é dirigir jogadores que não jogam nada e pensam que jogam. Podemos engolir alguns [‘sapos’ dos craques] mas são bons de bola.”
Scolari recuou no tempo e recordou a sua passagem pela Seleção de Portugal depois de 2002.
O ‘Sargentão’ comparou os adeptos portugueses com os brasileiros e contou que, no Euro2004, os portugueses estavam um pouco introvertidos no apoio à sua Seleção.
“O pedido de bandeiras foi uma ideia de Gilberto Madaíl. Todos queriam manifestar-se assim mas acho que havia receio. É um povo introvertido”, disse Scolari.
Nesta sua última viagem por Portugal, o técnico brasileiro contou um episódio que mostra como é difícil agradar o adepto de futebol.
“Quando cheguei, apanhei um táxi e fui ter com o meu filho e os meus netos. O taxista reconheceu-me logo: ‘É o Felipão, como está, tudo bem?’, disse. Depois atirou: ‘Estou chateado consigo, páh! Então perdes o Euro2004 para a Grécia? A Grécia?’ E disse-lhe: ‘Mas Portugal ganhou agora o Euro2016’. ‘É mas a jogar assim-assim...’. Quer dizer, está bravo comigo por perder o Euro2004 e está bravo com o Fernando por ter ganho o Euro2016? Vou é descer e ir a pé”, contou.
Scolari aproveitou para deixar elogios à equipa agora liderada por Fernando Santos: “Fico orgulhoso por ver a selecção portuguesa tão bem trabalhada pelo Fernando. É uma selecção que ganha e é respeitada.
O IV Congresso 'O Futuro do Futebol', organizado pelo Sporting, decorre entre 21 e 22 de março.
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