O Sporting entrou com o 'pé direito' em 2022 ao perder pela primeira vez nas provas internas esta época. Os Leões foram batidos por 3-2 pelo Santa Clara, no fecho da primeira volta do campeonato, num jogo onde não contaram com Rúben Amorim no banco.
Os campeões nacionais interromperam uma série de 11 triunfos seguidos na Liga e já sabem que vão terminar a Primeira Volta pior que do que na época passada.
O Santa Clara respira melhor ao conseguir o segundo triunfo seguido desde que Tiago Sousa é técnico interino.
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O jogo: Lincoln em todo o lado
O Sporting adiou até onde pode a primeira derrota nas provas internas, num jogo onde mostrou-se incapaz para dar a volta a um Santa Clara aguerrido, inteligente, guiado pela mestria de Morita e Lincoln. A primeira derrota do Sporting esta época em Portugal pode ter muitas explicações e uma delas terá de passar, forçosamente, pela fantástica exibição do médio brasileiro do Santa Clara.
Sem o seu 'guia' Rúben Amorim, ausente a cumprir isolamento após ter testado positivo para COVID-19, o Sporting viu uma equipa nacional explorar na perfeição as poucas debilidades do seu sistema defensivo. Mesmo com uma linha de cinco e ainda Matheus Nunes e Palhinha a dar luta, o Santa Clara mostrou inteligência para encontrar espaço na defensiva leonina, graças a jogadores inteligentes com bola e que se destacam na leitura de jogo, mas também da agressividade em atacar os espaços por parte de Cryzan e Jean Patrick.
Este é um Santa Clara com muita qualidade do meio-campo para a frente e que parece ter-se soltado nos últimos jogos, principalmente em casa, onde leva três triunfos seguidos na I Liga, dois deles conseguidos desde que Tiago Sousa foi nomeado técnico interino. A equipa já tinha mostrado pergaminhos quando venceu o FC Porto por 3-1 e afastou os Dragões da 'final four' da Taça da Liga. Carlos Jr., o goleador, deixou os açorianos órfãos de um homem-golo mas os criativos continuam lá. E o Sporting não pôde com deles.
Tudo girava à volta de Lincoln no ataque, sempre à procura do lado direito do Sporting, entre Neto e Esgaio. É ele, com um toque de calcanhar, quem deixa Jean Patrick isolado perante Adán (remate ao lado). É ele que inicia a jogada do 1-1 no primeiro tempo e é ele quem vai concluir o 2-2 no início do segundo tempo, numa jogada que andou pelos três corredores até terminar na baliza de Adán. E é Lincoln quem conduz, fixa e liberta na hora certa para a reviravolta, consumada por Ricardinho.
Depois, claro, foi defender a vantagem com tudo o que havia.
O Sporting fez aquilo que se esperava. Até marcou cedo, por Palhinha, entrou no segundo tempo a ganhar nova vantagem, por Sarabia, mas depois, voltou ao Sporting da fase final da época passada: quando o processo não funciona, futebol direto para a área e Coates a ponta de lança. Desta vez não resultou.
Carlos Fernandes, o homem que ocupou o lugar de Amorim no banco, tentou tudo, lançando jogadores mais refinados no trato da bola, como Tabata e Daniel Bragança mas pouco havia a fazer para desmontar a defensiva do Santa Clara.
Fica a primeira derrota do Sporting esta época em Portugal, após 11 triunfos seguidos na I Liga e 16 jogos sempre a ganhar em todas as provas. E ainda um dado preocupante: nos últimos dois jogos na I Liga, o Sporting sofreu cinco golos, o mesmo número que tinha sofrido nas anteriores 15 partidas na prova.
Os Leões já sabem que vão terminar a primeira volta no segundo lugar (em igualdade pontual com FC Porto, com menos um ou menos três, dependendo do que fizeram os Dragões diante do Estoril) com menos um ponto em relação à época passada, menos quatro golos marcados e mais um sofrido. É um Sporting pior já que em 2020/21 liderava ao cabo da 1.ª volta com seis pontos de vantagem.
Primeiro triunfo do Santa Clara diante do Sporting ao fim de 13 jogos. Os açorianos são a primeira equipa não 'grande' a derrotar Rúben Amorim na I Liga em 71 jogos. Os outros três desaires tinham sido diante de FC Porto e Benfica.
Momento-chave: Inteligência de Lincoln e 'golpe fatal' de Ricardinho
Curiosamente foi o Santa Clara a ter as melhores oportunidades assim que o Sporting carregou no ataque. Numa das saídas, conduzida de forma magistral por Lincoln, surgiu o 3-2 final. O médio levou a bola, fixou dois jogadores, esperou pela entrada de Ricardinho e soltou na hora certa para o remate indefensável do avançado. Mais um grande golo.
Polémicas: Rui Costa com muito trabalho
Aos 47 minutos, Cryzan caiu na área leonina em lance com Matheus Nunes mas o árbitro Rui Costa, após ouvir o VAR, mandou seguir. Açorianos pediam penálti.
Aos 93 minutos, Daniel Bragança fez falta sobre Ricardinho, Rui Costa mostrou-lhe amarelo. Mas, alertado pelo VAR, foi rever a jogada no monitor e mudou a cor do cartão para vermelho direto. O médio do Sporting pisou o avançado açoriano.
Os Melhores: Lincoln espalhou classe, Sarabia merecia mais apoio
Lincoln foi, sem dúvidas, o Homem do Jogo. O esquerdino brasileiro terá feito o seu melhor jogo em Portugal. Fez quase tudo bem, com inteligência e dose certa. Fez o golo do empate e esteve nos outros dois da sua equipa. Mostrou enorme leitura de jogo na forma como serviu Ricardinho para o 3-2. Antes, tinha estado no 1-1 e ainda nos principais lances de ataque dos açorianos.
Sarabia fez um grande golo, podia ter feito mais um, e esteve nos melhores momentos ofensivos do Sporting. É um jogador que, com bola, não sabe jogar mal. Faltou-lhe mais companhia na frente.
Em 'noite não': Pote sem ouro, defesa leonina à deriva
O Santa Clara terá sido, a nível interno, a primeira equipa a explorar com sucesso as debilidades do modelo defensivo do Sporting. Os açorianos tentaram sempre explorar o espaço entre o ala e o central de cada um dos lados dos Leões. A equipa soube ter paciência para fazer dançar a defensiva leonina e encontrar os espaços certos. O 1-1 e o 3-2 mostram isso mesmo.
Pedro Gonçalves voltou a ficar em branco mas, mais do que isso, a fazer uma exibição pobre no Sporting. Pote teve algumas oportunidades para marcar mas desperdiçou, algo que não é habitual. Quando não marca, quase que não se dá por ele.
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