Rui Costa esteve presente na primeira sessão de julgamento do processo Saco Azul e admitiu que nem todos os contratos ligados ao IT (abreviatura do termo Tecnologia da Informação) são tratados em sede do Conselho de Administração da SAD. Desta feita, o atual presidente do Benfica afirmou que não acompanhava de perto a situação contratual com a empresa 'Questão Flexível', pelo que voltaria a assinar contrato.

"Se fosse a ler todos os contratos que passam pelo Benfica não faria mais nada no clube", começou por dizer.

"Não sei se foi falado em Conselho de Administração. Com tanta matéria de IT, houve muitas conversas para desenvolver essa área no clube. Não tenho conhecimento de causa sobre o IT. Sei da importância que teve na evolução do clube. Isso consigo avaliar."

De seguida, Rui Costa foi questionado se considera um contrato no valor de dois milhões avultado, ao qual o dirigente disse de forma perentória: não. Para além disso, acrescentou que um contrato com essa quantia não é "extraordinário, mas não é banalizado".

Ainda sobre o mesmo exemplo, Rui Costa foi confrontado com o facto de o contrato ter sido válido por três anos, o que significa que mensalmente eram entregues 50 mil euros à mesma pessoa. Mesmo nessa situação, o presidente encarnado reiterou a sua posição.

“Não é uma situação extraordinária para o clube. Depende da função, daquilo que seja a prestação de serviços”, comentou.

De seguida, Rui Costa foi questionado se a acusação do Ministério Público (considera o contrato em questão fictício) não deveria implicar a existência de outros contratos para que o IT aconteça.

"Confirmo, sim. Não consigo definir que empresa faz isto e aquilo, relativamente ao IT. Os serviços externos têm de ser contratos para apoiar”, explicou. Rui Costa acrescentou que o IT iria resolver possíveis complicações na emissão de bilhetes.

"Tenho a garantia que isso não acontece agora e que se acontecer irão resolver. Para o Benfica é indiferente o número de funcionários, mas sim a competência.”

O dirigente fez questão de realçar as suas funções como administrador, alegando que estava mais ligado ao lado desportivo.

“O Benfica é um universo muito grande. Na altura, o meu papel era muito ligado ao futebol, ao planeamento da equipa, a minha presença no Benfica era nesse âmbito. Não tenho conhecimentos de informática, não tenho a certeza do que possa dizer sobre esta área. Em matéria de informática, apenas tratei de questões relacionadas com a prospeção e programação para essa área. O Benfica tem evoluído em termos tecnológicos de ano para ano, não sei dizer se isso tem a ver com esta empresa, com outras empresas externas, ou com o nosso desenvolvimento interno. Não consigo dizer se uma app foi feita por uma determinada pessoa. Consigo dizer que o Benfica teve uma evolução muito grande nos últimos 20 anos, muita gente trabalhou para esta evolução, agora, não consigo dizer quais são as empresas que o fizeram.”

Rui Costa afirmou que continua a confiar em Domingos Soares de Oliveira e Miguel Moreira e garantiu que apenas assinava contratos quando Luís Filipe Vieira e Soares de Oliveira não estivessem presentes.

"Estava presente no Conselho de Administração [aquando da assinatura do contrato com a 'Questão Flexível'], mas grande parte desses contratos passavam mais por Miguel Moreira. Não acredito que Luís Filipe Vieira tivesse conhecimento suficiente de IT. Tinha de confiar nas pessoa como eu."

O juiz ainda questionou o atual presidente do Benfica sobre a reação da SAD às acusações, bem como os eventuais danos causados pelo caso mediático.

"A nível futebolístico foi bastante prejudicial. Atacámos internamente para perceber que contrato era este. Nada nos faz desconfiar de Miguel Moreira. Foi tudo justificado. Nada nos fez pensar de outra forma", referiu.