O presidente da Mesa da Assembleia Geral (AG) do Sporting congratulou-se pela forma tranquila como decorreu a reunião magna extraordinária que deliberou manter a suspensão de um ano aplicada ao ex-presidente Bruno de Carvalho.

Rogério Alves surgiu perante os jornalistas para fazer um balanço da AG dos ‘leões', que teve início às 15:00 de sábado e se prolongou até perto da 01:00 de hoje, depois de a contagem dos votos se ter iniciado por volta das 20:40. Na reunião magna, votaram quase 4.000 sócios.

"A AG correu bem. Tivemos reunidos várias horas, todas as pessoas intervieram e tudo decorreu com normalidade. No entanto, como é natural, há paixão e as pessoas, às vezes, manifestam-se de uma forma um bocadinho mais exuberante. Tudo correu bem e os recorrentes foram cumpridores com o tempo para cada intervenção", afirmou o presidente da Mesa.

O dirigente referiu que "os resultados demoraram um bocado a escrutinar-se, porque houve uma contagem e uma conferência para que tudo ficasse claro e contado até à décima", e admitiu que o clube de Alvalade tem de "encontrar formas mais modernas para fazer este tipo de escrutínios".

Rogério Alves salientou que "os sócios são soberanos e decidem como entendem", pelo que "no plano da AG, este assunto fica encerrado".

Os sócios do Sporting decidiram no sábado, em Assembleia Geral realizada no Pavilhão João Rocha, em Lisboa, manter a suspensão de um ano aplicada ao ex-presidente Bruno de Carvalho pela Comissão de Fiscalização (CF).

O anúncio foi feito já na madrugada de hoje, após prolongada contagem dos votos, pelo presidente da mesa da Assembleia Geral do Sporting, Rogério Alves, com 68,55% a votarem a favor da manutenção e 30,88 contra.

A manutenção da suspensão de Bruno de Carvalho significa que o ex-presidente continua a não poder candidatar-se aos órgãos sociais do clube.

Também foram mantidas as suspensões de 10 meses a Alexandre Godinho, Carlos Vieira, José Quintela, Rui Caeiro e Luís Gestas, os outros membros da direção por si liderada, e as expulsões como sócios de Elsa Judas e Trindade Barros.

Na AG de sábado, Bruno de Carvalho fez a sua defesa através de um comunicado que foi lido pela sua irmã, Alexandra, no qual o ex-líder admitiu os seus erros e pediu desculpas aos associados, aos quais lembrou "os cinco anos de amor que dedicou ao clube, que procurou defender cega e intransigentemente".

Em 02 de agosto, a CF justificou a suspensão de um ano a Bruno de Carvalho, por considerá-lo "o principal artífice e responsável da situação grave e antiestatutária criada" no clube.

O ex-lider do clube foi destituído da presidência em AG, em 23 de junho, e impedido de concorrer às eleições, que consagraram Frederico Varandas como novo presidente.

Bruno de Carvalho está ainda acusado pelo Ministério Público da autoria moral do ataque à Academia do clube, em Alcochete, em 15 de maio, sendo acusado de 40 crimes de ameaça agravada, 19 de ofensa à integridade física qualificada, 38 de sequestro, um de detenção de arma proibida e crimes classificados como terrorismo, não quantificados.

Em 15 de maio, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na academia do clube, em Alcochete, por um grupo de cerca de 40 adeptos encapuzados, que agrediram alguns jogadores, membros da equipa técnica e outros funcionários.

Na sequência do ataque, foram constituídos 44 arguidos, dos quais 38 estão em prisão preventiva. Bruno de Carvalho chegou a ser detido em 11 de novembro, mas foi libertado quatro dias depois com uma caução de 70.000 euros e sujeito a apresentações diárias às autoridades.

O ataque, que lançou o clube lisboeta em uma das maiores crises institucionais da sua história, levou nove futebolistas a pedirem rescisão de contrato, alegando justa causa, mas alguns deles recuaram na decisão e continuam a representar os ‘leões'.