O candidato à presidência do Benfica Rui Rangel acusou esta quarta-feira a atual direção, liderada por Luís Filipe Vieira, de «ameaçar e intimidar» funcionários do clube, no sentido de mudar o sentido de voto nas eleições de sexta-feira.
Em conferência de imprensa, Rui Rangel, acompanhado pelas principais figuras da lista B, apontou o administrador da SAD "encarnada" Domingos Soares de Oliveira como rosto desse alegado procedimento, acusando-o de «violar a privacidade dos benfiquistas».
«Temos tido informação de que têm existido ameaças e intimidações à estrutura de funcionários do Benfica relativamente aos votos. Recentemente, Domingos Soares de Oliveira disse que sabe perfeitamente quem são os benfiquistas que marcam presença no estádio, para que tenham medo de votar livremente», afirmou.
A lista B adiantou que recebeu «inúmeros telefonemas de treinadores, atletas e funcionários a dizer que gostariam muito de votar em Rui Rangel, mas têm medo porque acham que o voto deixa rasto».
«Não foi uma mensagem ingénua por parte de Soares de Oliveira. Viola a privacidade dos benfiquistas e tem uma lógica para transmitir insegurança ao voto eletrónico e que é possível saber quem vota em quem», reforçou o juiz desembargador.
Nesse sentido, Rangel assegurou prontamente que a «confidencialidade do voto eletrónico está assegurado».
«Temos a garantia que o voto eletrónico é secreto e que os benfiquistas não têm que ter receio de nada», frisou.
Numa conferência de impressa que durou pouco mais de uma hora, o juiz desembargador de 54 anos lamentou a «onda de ataques pessoais que têm surgido da lista A», que serão «resolvidas nos tribunais», e revelou que Luís Filipe Vieira já terá começado a renegociar o contrato dos direitos das transmissões televisivas com a Olivedesportos.
«A parceria com a Olivedesportos pauta-se por uma cláusula que existe de preferência. Queríamos deixar bem claro que a cláusula de preferência é exercida em função do melhor preço e da exclusividade. Não é só preço, é a exclusividade, e o Benfica é o único clube que pode falar nisso», disse.
Num quadro apresentado aos jornalistas, Rangel demonstrou que, entre 2000 e 2012, a estrutura liderada por Luís Filipe Vieira gastou mais de 100 milhões de euros em mais de uma centena de jogadores que «nem sequer se fixou na equipa principal do Benfica».
Após ter voltado a lamentar a ausência de debates por parte do seu principal rival nestas eleições, Rui Rangel virou-se para a equipa de futebol e para as vendas de Javi Garcia e Axel Witsel em cima do fecho do mercado de transferências.
«Foi bom negócio, mas um bom negócio não pode retirar competitividade à equipa. Fragilizou a equipa. A direção diz que foi apanhada de surpresa, mas não pode ser desculpa. Numa estrutura profissional como o Benfica isso não pode acontecer», defendeu.
«O rival do norte vendeu Hulk e João Moutinho ao mesmo tempo?», questionou, em alusão ao FC Porto, frisando que o Benfica «anda há um ano e meio à procura de um lateral esquerdo».
O líder da lista B acusou ainda Vieira de «prometer baixar as quotas e os lugares de época só agora em tempo de eleições» e de as contas do clube serem auditadas pela mesma entidade que audita o grupo de empresas do atual presidente “encarnado”.
«Há números divergentes nas contas e, por isso, vamos pedir com urgência uma auditoria financeira e patrimonial», reafirmou.
Nas eleições para os órgãos sociais do Benfica, agendadas para sexta-feira, Rui Rangel enfrenta Luís Filipe Vieira, que ocupa a presidência do clube desde 2003 e propõe-se avançar para um quarto mandato.
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