Há um antes e depois de Eusébio na vida centenária do Sport Lisboa e Benfica. Centenas de jogadores vestiram já a camisola do clube da Luz, mas nenhum deixa para a posteridade um legado tão notável e reconhecível como o do Pantera Negra.
Nascido em 1904, o Benfica contava 10 campeonatos nacionais até à chegada do poderoso avançado criado no bairro da Mafalala, em Lourenço Marques (atual Maputo), Moçambique. Nos 15 anos que se seguiram sob a liderança de Eusébio, as águias venceram 11.
Contudo, o domínio não se esgota em solo português: uma Taça dos Campeões Europeus e outras três finais disputadas, cinco Taças de Portugal, e as distinções individuais que alcançou, nomeadamente a Bola de Ouro de 1965. O Benfica já era grande pelos títulos que tinha, mas com a assinatura de Eusébio ganhou o epíteto que até hoje mantém: o ‘Glorioso’.
Marcou ainda 596 golos em 557 jogos com a camisola do Benfica, que lhe valeram duas Botas de Ouro para o melhor goleador europeu, e elevou o brilho de Portugal no Mundial de 1966, espantando a Inglaterra e o futebol mundial com os seus nove golos na prova e exibições que ficam para a eternidade.
Era um “menino” quando chegou a um balneário de “senhores” que já tinham surpreendido o Barcelona e a Europa na final da Taça dos Campeões Europeus de 1961. Porém, ao fim do primeiro treino já os mesmos senhores olhavam uns para os outros a pensar qual deles seria o sacrificado para Eusébio entrar na equipa. Alguém saiu e a história do clube não mais foi a mesma.
Durante este período, o rival FC Porto mostrava-se incapaz de superar o Benfica, ao não vencer qualquer campeonato nacional. Com efeito, apenas o Sporting conseguia interromper essa hegemonia encarnada. No entanto, foram os dragões que embalaram após a saída de cena de Eusébio, erguendo a partir de meados dos anos 80 um domínio que ainda hoje perdura.
É em nome deste legado e desta memória que o Benfica defronta este domingo (16h00) o FC Porto, em mais uma etapa de desafio à hegemonia portista das últimas décadas.
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