A PSP deu esta quinta-feira uma conferência de imprensa na qual confirmou a detenção de sete indivíduos na sequência da 'Operação Sem Rosto', que visa a claque não oficial do Benfica 'No Name Boys', e referiu que "é possível que possam haver mais detidos".
O responsável da PSP esclareceu que foram "detidos seis indivíduos ligados à investigação e ainda ontem foi detido outro indivíduo que não estava diretamente ligado à investigação, mas que foi apanhado em flagrante delito com uma arma e estupefacientes."
A investigação visou "indivíduos entre os 22 e os 33 anos", que "vinham desde um passado recente a praticar atos com uma escalada de violência". Em causa estão agressões "cometidas dentro e fora dos estádios de futebol, que envolveram agressões entre adeptos e a agentes da autoridade", bem como "crimes de dano praticados contra adeptos de outros clubes e mesmo de equipas não portuguesas".
As autoridades mencionaram "ações planeadas de forma relativamente organizada, com reconhecimento de moradas e viaturas, que lhes permitia agredir violentamente adeptos rivais, chegando a roubá-los e a deixá-los inanimados. Estamos a falar de inúmeras situações que foram investigadas desde maio do ano passado, até maio deste ano. As vítimas ficaram num estado muito debilitado, ficando mesmo em risco de morte."
Na sequências das buscas domiciliárias e não domiciliárias "foram encontrados vários objetos de natureza proibida, como facas, soqueiras, potes de fumo, balaclavas e proteções que lhes permitiam camuflar a sua identidade e daí o nome 'operação sem rosto'".
Os referidos indivíduos são acusados de um crime de homicídio na forma tentada, três crimes de roubo, bem como situações de dano e de furto e ofensas à integridade física, não sendo possível para já "dizer o número total de crimes".
O responsável da PSP admitiu que a "violência extrema é uma situação que preocupa" as autoridades, mas esclareceu que as detenções não envolveram quaisquer incidentes e que os indivíduos "colaboraram com a PSP". A operação decorreu nos concelhos de Lisboa, Amadora, Loures e Vila Franca de Xira.
Por fim, as autoridades revelaram ainda que durante as buscas foram encontrados "manuscritos com nomes de jornalistas, comentadores, dirigentes de outros clubes".
A operação sem rosto
A PSP emitiu esta quinta-feira um comunicado no qual anuncia ter levado a cabo uma operação policial em vários locais da zona metropolitana de Lisboa na sequência de uma investigação de crimes alegadamente cometidos por membros da claque não oficial do Benfica No Name Boys.
"Ao longo de aproximadamente um ano, foram investigados vários crimes, entre eles, roubos, ofensas à integridade física qualificadas, danos e homicídio na forma tentada, praticados por um grupo de indivíduos pertencentes à claque No Name Boys", pode ler-se no comunicado citado pela imprensa nacional.
As autoridades esclarecem ainda que procederam à realização de "várias diligências processuais e investigatórias, nomeadamente, buscas domiciliárias e não domiciliárias, bem como o cumprimento de vários Mandados de Detenção fora de Flagrante Delito."
À agência Lusa, uma fonte policial disse que já foram detidas sete pessoas. A PSP vai dar uma conferência de imprensa esta quinta-feira às 11h00.
Fonte do Cometlis adiantou à agência Lusa que a operação está relacionada com a agressão, em maio, a um homem alegadamente pertencente à Juventude Leonina, por parte de um grupo de mais de 30 indivíduos com camisolas dos ‘No Name Boys’.
O porta-voz do Cometlis, Artur Serafim, disse que a operação está relacionada com a agressão a um homem alegadamente pertencente à Juventude Leonina, em maio, em São João do Estoril, concelho de Cascais, distrito de Lisboa.
Na altura, em comunicado, a PSP dizia que o homem, de 32 anos, que se encontrava sozinho, estava a ser agredido quando um agente da PSP, em patrulhamento de prevenção criminal no local, se apercebeu da situação e interveio.
“Os suspeitos cessaram as agressões e se colocaram em fuga em várias direções, não tendo sido possível intercetar nenhum deles”, segundo a PSP.
Apesar da intervenção do agente policial, a vítima sofreu várias lesões e foi transportado para o hospital.
A polícia adiantava que “apesar dos suspeitos estarem de rosto tapado, a vítima reconhece-os em virtude de existir uma rivalidade antiga entre eles”.
A Juventude Leonina é um grupo organizado de adeptos ligado ao Sporting, enquanto os ‘No Name Boys’ estão ligados ao Benfica.
Os recentes ataques envolvendo alegadamente os No Name Boys
No passado dia 26 de maio, o jornal 'Correio da Manhã' noticiava o esfaqueamento de um adepto ligado à claque do Sporting 'Juve Leo' por parte de elementos alegadamente afetos à claque 'encarnada' 'No Name Boys'.
No dia seguinte o Comando Metropolitano de Lisboa da Polícia de Segurança Pública confirmava a agressão a um homem de 32 anos "alegadamente pertencente ao grupo organizado de adeptos conhecidos por Juve Leo" em São João do Estoril.
A PSP acrescentava ainda que "segundo foi possível apurar, o homem foi agredido por um grupo de cerca de 30 a 40 indivíduos, os quais tinham o rosto tapado com camisolas de cor preta, com as letras vermelhas alusivas à claque de futebol ‘No Name Boys’”, com o adepto sportinguista a afirmar que, apesar dos agressores estarem de cara tapada, reconhecia-os "em virtude de existir uma rivalidade antiga entre os mesmos".
Dias antes, a 18 de maio, a TVI noticiava a agressão de adeptos 'leoninos' por parte de adeptos do Benfica, contudo de acordo com a PSP o grupo de 15 agressores não foram identificados. Em declarações ao jornal 'Record', fonte oficial afirmou que apenas se tratavam de suspeitas: "Não temos neste momento qualquer tipo de evidência - as imagens não mostram nada, as vítimas não conseguem identificar os agressores. É abusivo partirmos do princípio que se tratam de adeptos do Benfica".
Já no início deste mês, depois do empate na Luz frente ao Tondela e no caminho de regresso ao Centro de Treinos do Seixal, à saída da autoestrada A2, o autocarro do Benfica foi alvo de um apedrejamento que danificou a lateral e o vidro frontal da viatura, sendo que uma pedra acabou por ultrapassar este último, ferindo Weigl e Zivkovic, que foram encaminhados para o Hospital da Luz, em Lisboa. De acordo com a imprensa nacional a PSP acabaria por identificar os indivíduos como membros dos 'No Name Boys'.
Na mesma madrugada, as casas de vários jogadores e do técnico Bruno Lage foram vandalizadas com ameaças grafitadas no exterior das mesmas. Rafa, Pizzi e Grimaldo foram os alvos. As suspeitas recaíram novamente sobre membros da claque 'No Name Boys' que deixaram a sua assinatura na porta de Bruno Lage.
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