O PS do Seixal contesta o protocolo entre a Federação de Desportos de Inverno de Portugal e o município para a construção de um pavilhão olímpico no concelho, apontando como uma das razões o custo da obra.

“Este investimento no valor previsto de dez milhões de euros num pavilhão de desportos de inverno não é, neste momento, a principal prioridade do concelho do Seixal”, referem os socialistas, em comunicado.

Na nota, o PS do Seixal considera ainda que o local escolhido para a construção do pavilhão tem interesse patrimonial e arqueológico e “destruirá os vestígios de ruínas romanas existentes no local”.

Além disso, acrescentam os socialistas, não existe “tradição no Seixal da prática de hóquei no gelo, patinagem de velocidade no gelo ou patinagem artística no gelo”.

No comunicado, o PS do Seixal faz ainda alusão ao facto que de a discussão do protocolo ter sido retirada da última reunião de câmara “após as questões colocadas pelos vereadores da oposição” considerando que o presidente da autarquia demonstra “não respeitar a democracia, na medida em que sobrepõe a sua vontade à do órgão a que preside”.

A Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDIP) vai construir no Seixal, no distrito de Setúbal, o primeiro pavilhão de desportos de inverno no país, com um custo estimado de 10 milhões de euros, assumido pela estrutura desportiva.

De acordo com o presidente da FDIP, Pedro Flávio, o trabalho para financiar a obra está a ser feito desde há algum tempo junto de fundos de investimento, investidores e da banca.

O primeiro pavilhão para modalidades no gelo com dimensões olímpicas resulta de uma parceria com a Câmara Municipal do Seixal, que cedeu o terreno e concedeu outras condições, como isenções de impostos.

A federação prevê ter a estrutura pronta até ao final de 2027 e equipada para a prática da patinagem de velocidade no gelo em pista curta, para a patinagem artística, para o hóquei no gelo e para o curling.

Questionado pela agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal do Seixal, Paulo Silva (CDU), corroborou que o equipamento “não vai ter investimento municipal”.

“É um contrato que consideramos muito importante para o concelho do Seixal porque estamos a falar de um equipamento único a nível nacional e que conseguimos com muito trabalho trazer para o concelho. O investimento será da federação. É sem dúvida um equipamento que vai atrair muita gente e que será importante para o desenvolvimento económico e turístico do Seixal”, disse Paulo Silva.

Questionado sobre as acusações do PS ao facto de o protocolo ter sido retirado da ordem de trabalhos da reunião do executivo camarário, Paulo Silva alegou que “havia ainda arestas a resolver com a federação".

Além disso, acrescentou, “verificou-se que a assinatura do mesmo estava dentro das competências do presidente para decidir por simples despacho e outorgar o contrato”.

Relativamente às críticas sobre o pavilhão ir ser construído numa zona com vestígios de ruínas romanas, o autarca assegurou que ficará em zona de construção de equipamentos e não em local de património arqueológico.

O presidente da Câmara Municipal do Seixal rejeitou ainda a crítica sobre a falta de tradição no concelho da prática de atividades como hóquei no gelo.

"Revela desconhecimento da realidade do concelho uma vez que o Seixal tem um atleta que é internacional de uma seleção portuguesa de hóquei no gelo”, salientou.

Paulo Silva disse ainda que, nos termos do protocolo celebrado com a federação, as escolas do concelho e os jovens com deficiência vão passar a ter acesso ao pavilhão para a prática de desportos de inverno.