O antigo presidente do Comité de Governação da FIFA, Poiares Maduro, falou em entrevista ao jornal Record sobre vários assuntos da atualidade do Sporting e considerou que deveria haver limitação de mandatos no futebol.
Questionado sobre a razão pela qual deu apoio à Mesa da Assembleia Geral, de Jaime Marta Soares, no litígio com o Conselho Diretivo liderado na altura por Bruno de Carvalho, Poiares Maduro afirmou que o fez por 'sentido de missão' de ajudar o clube do coração.
"Porque entendi que o que se estava a passar era extraordinariamente grave. A medida em que se pudesse fazer uma contribuição positiva e ajudasse a restaurar a normalidade no clube, que o devia fazer. Quer pelas competências jurídicas que tenho, quer pela visibilidade pública em função de funções anteriores. Queria ajudar o meu clube", começou por dizer Poiares Maduro.
"O meu lado sempre foi o do Sporting. Não foi nem o lado da Mesa da Assembleia Geral nem do Conselho Diretivo. Achei que a Mesa da Assembleia Geral era quem estava a defender os princípios fundamentais da organização democrática do clube", acrescentou Poiares Maduro.
Em relação a uma possível candidatura às eleições presidenciais do Sporting do próximo mês de setembro, Poiares Maduro descartou esse cenário, e explicou as suas razões.
"Não é concebível ser candidato nesta altura, por duas razões. Uma de natureza institucional, dado que defendo o modelo de governação diferente, que distinga claramente o presidente do clube e da SAD. A segunda é prática, por hoje exercer funções em Florença e, portanto, não ser viável alterar a minha vida profissional de um momento para o outro. Poderia, daqui a uns meses ou um ano, voltar a Portugal, mas o Sporting não se compadece com a hipótese de poder esperar. Espero bem que o Sporting venha a ter um presidente que nos dê imensas alegrias, que não me faça sequer ponderar no futuro, independentemente de poder ou não estar disponível", respondeu Poiares Maduro quando questionado se ponderava avança com uma candidatura.
"Da experiência que tive no Comité de Governação da FIFA, reparei que a cultura dominante não me permitia implementar as reformas necessárias. Era uma preocupação que teria, se exercesse funções no Sporting, perceber até que ponto seria uma vantagem para o meu clube eu entender que o futebol precisa de reformas profundas quanto à sua integridade. O problema é que o futebol é dominado por uma espécie de cartel político, e isso é algo que só pode ser resolvido com supervisão externa. Não é um problema que se resolve substituindo apenas a liderança. Um indicador disso é a permanência de quem dirige. Havelange esteve 35 anos à frente da FIFA, Blatter já ia em 17 (anos). Em Portugal, os presidentes estão há imensos anos. Qualquer ditador fica envergonhado perante a longevidade no poder nestes dias. Algo que defendo no Sporting é uma limitação de mandatos, de só poderem ser renovados uma vez", afirmou Poiares Maduro.
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