O avançado Daniel Podence escreveu este domingo uma carta aberta aos adeptos do Sporting, onde confirma que não vai voltar ao clube de Alvalade.
O presidente da SAD leonina, Sousa Cintra, tinha manifestado a esperança de que Daniel Podence pudesse regressar ao clube, mas isso não se verificou.
O avançado português foi um dos nove jogadores do Sporting que rescindiram o contrato com o clube alegando justa causa, depois de vários elementos do plantel e da equipa técnica e do ‘staff’ terem sido agredidos na Academia por cerca de 40 adeptos encapuzados, dos quais 27 foram detidos e ficaram em prisão preventiva.
Além de Podence, avançaram com pedidos semelhantes, na sequência dos incidentes de 15 de maio, na Academia do clube, em Alcochete, Rui Patrício, William Carvalho, Gelson Martins, Bruno Fernandes, Battaglia, Bas Dost, Ruben Ribeiro e Rafael Leão.
Leia a carta na íntegra:
"A todos os Sportinguistas:
Não me pronunciei antes sobre assunto por ainda não saber o meu futuro, sendo que esse poderia ser no Sporting Clube de Portugal. Definitivamente, a minha passagem pelo Sporting acabou e essa passagem não foi curta. Por isso, a decisão que tomei foi a mais refletida possível. Nunca deixaria o Sporting se assim não fosse.
Foram 13 anos de Leão ao peito, dos quais eu tenho o maior orgulho e estarei eternamente grato. Eu cresci no Sporting. A minha formação pessoal e desportiva devo-a ao Sporting. Cruzei-me com pessoas que levo para toda a vida. Foi também onde apurei ainda mais a minha paixão pelo futebol, daí sentir a necessidade de mudar. Para mim o futebol é um modo de estar na vida, é condição para o meu equilíbrio emocional e com os acontecimentos recentes eu deixei de encontrar a harmonia que preciso para jogar. Apesar de tudo que o Sporting me ensinou, ninguém me ensinou a lidar com um ambiente de ameaças, de violência, onde temo pela minha segurança e pela da minha família e nem deveriam ter ensinado porque o futebol ou outro desporto não devem ser assim.
Nós, profissionais de futebol, somos muito mais do que as quatro linhas. Temos família, amigos e sentimentos, mas essas barreiras nem sempre foram respeitadas.
Desta forma, vou a procura de novos objectivos, sempre a tentar dar o melhor de mim mas nunca, de maneira alguma, esquecerei o clube que tanto me deu e que estará sempre no meu coração.
Digo-vos isto com toda a sinceridade e agradeço, pelo menos, respeito.
Obrigado Sporting Clube de Portugal! E a todos aqueles que me têm apoiado".
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