Jorge Nuno Pinto da Costa teceu duras críticas ao Benfica e ao Sporting. No editorial que assina na revista 'Dragões' na sua edição do mês de julho, o presidente do FC Porto diz-se "espantado" com algumas notícias.
Sem nunca referir os nomes dos clubes, Pinto da Costa 'atacou' o Benfica por ter "comemorado com troféus de cartolina a derrota em duas finais internacionais", e o Sporting por ter anunciado "que tinha vendido muitos lugares anuais e que esse era o 'primeiro troféu da época'".
O presidente do FC Porto escreve que os rivais gostam de disputar o título "de campeão de mercado e da silly season", que, segundo ele "está muito dependente, na verdade, do de campeão na distribuição de paineleiros pela comunicação social de Lisboa".
Eis a mensagem de Pinto da Costa, na íntegra
"Todos os homens são iguais, independentemente da raça, da nacionalidade, do género e de muitas outras características individuais. Sabemos que é assim aos olhos de Deus e da Lei. Infelizmente, na prática, também sabemos que as desigualdades são abundantes. Basta vermos o caso de Portugal: uma pessoa que nasça no seio de uma família pobre do Norte mais esquecido, mesmo que tenha grandes capacidades, dificilmente tem as mesmas oportunidades na vida que outra que tenha a sorte de viver em Lisboa, onde o Estado concentra uma fatia absurda dos recursos que consegue extrair de todo o país.
Os clubes desportivos também são assim. Teoricamente, são todos iguais. Independentemente de serem grandes ou pequenos, de servirem uma comunidade local ou de terem projeção internacional, partilham sempre objetivos comuns: melhorar os meios em que se inserem através do desporto, contribuindo para a formação de jovens, ganhando jogos e proporcionando alegrias aos adeptos. Mas, como acontece em relação às pessoas, isto é a teoria. Na prática, os clubes são bem diferentes entre si.
Nas últimas semanas tenho-me espantado com algumas notícias e com o que me mostram que tem sido dito na comunicação social. Mesmo sendo mentira, um clube celebrou o recorde de assistência num treino de futebol. O mesmo clube, algum tempo antes, tinha comemorado com troféus de cartolina a derrota em duas finais internacionais. E um vizinho desse clube, há dias, chegou mesmo a anunciar que tinha vendido muitos lugares anuais e que esse era o "primeiro troféu da época". Há outros títulos que esses clubes gostam de disputar: o de campeão de mercado e da silly season, por exemplo, que está muito dependente, na verdade, do de campeão na distribuição de paineleiros pela comunicação social de Lisboa.
No FC Porto, isso não existe. Para nós só há um tipo de troféu: aqueles que guardamos no museu, feitos de metal, atribuídos por instituições oficiais no final de competições a quem as ganha. Nós vivemos para ganhar títulos a sério. E, por isso, estamos muito felizes porque em 2021/22, entre todos os campeonatos que disputámos, só não ganhámos um. Porque acabámos a época, com todo o mérito, a vencer o campeonato de hóquei em patins e a Taça da Europa de Clubes de bilhar. Nesta altura, já só olhamos para o que aí vem com a mesma ambição: continuar a encher o nosso museu. Estamos de volta para ganhar troféus a sério."
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