O antigo jogador do Sporting Cristiano Piccini testemunhou esta quarta-feira no âmbito do processo do ataque à Academia de futebol do Sporting, em Alcochete, e recordou os "momentos muito tensos" que passou no dia 15 de maio de 2018.

"Eles queriam o William Carvalho, o Rui Patrício, o Battaglia e o Acuña", disse Piccini, na 23.ª sessão do julgamento da invasão da academia, acrescentando: "Por mais do que uma vez, estive cara a cara com um dos mascarados e ele não me fez nada".

"Foram minutos muito tensos. Não tenho ideia precisa de quantos invasores eram, mas talvez uns 20/30. Os invasores não tinham a intenção de falar, entraram e começaram logo a insultar e a bater. Vi o Bas Dost ferido e outros jogadores levarem pancadas", começou por explicar o defesa italiano.

"Havia muita confusão e medo. Lembro-me que o Battaglia estava ao meu lado esquerdo", acrescentou ainda.

Questionado sobre o ataque fez com que se sentisse ameaçado nos dias seguintes, Piccini respondeu positivamente. "Sim, foram momentos muito tensos e que duraram mais algumas semanas. Senti-me inseguro e também fiquei preocupado com a minha família", admitiu o jogador que atualmente defende o Valência, acrescentando que "estava ansioso para que a época terminasse para ir de férias".

Piccini foi ainda confrontado com os incidentes que decorreram depois do jogo com o Marítimo, entre jogadores e adeptos. "Era um grupo de vinte pessoas, uma ou duas destacaram-se, ao tentarem falar de forma mais agressiva com eles. O Acuña e Battaglia fizeram o 'check in' rápido para evitar problemas no aeroporto", explica.

O defesa confirmou ainda uma reunião do plantel com o então presidente Bruno de Carvalho, um dia depois da derrota com o Marítimo (2-1), na qual Bruno de Carvalho “estava muito tranquilo”.

“A reunião com o presidente centrou-se muito no que se tinha passado na Madeira [insultos aos jogadores e troca de palavras entre jogadores e adeptos]. Achei que o presidente estava muito tranquilo, sobretudo tendo em conta outros comportamentos anteriores”, afirmou o jogador, ouvido por videoconferência, no tribunal de Monsanto.

Battaglia explicou que o treinador Jorge Jesus “deu folga nos dias 14 e 15 de maio, mas que, depois, disse que não haveria folga a 15”, admitindo que “não era habitual ter dois dias de folga”.

No entanto, o italiano disse compreender a decisão inicial de dar dois dias de folga “tendo em conta a derrota na Madeira [que afastou o Sporting do segundo lugar da Liga e da Liga dos Campeões], que afetou muito os jogadores”.