A questão de ter ou não perfil para o cargo que ocupou nos últimos anos sempre se colocou em função dessa sua postura recatada, que reflectiu, enquanto director desportivo, uma imagem de um dirigente pouco interveniente, sem voz activa e sem poder.
As suas dificuldades de comunicação eram, por uma questão de personalidade, notórias, não só com a imprensa, mas também com o meio dos empresários em que era fundamental saber mover-se e comunicar.
Os seus conhecimento do mercado internacional eram manifestamente insuficientes, fruto da inexperiência e das dificuldades de comunicação já citadas, e acentuavam-se quando eram colocadas em contraponto com a acção do seu antecessor no cargo, Carlos Freitas, cuja "base de dados" sobre jogadores de todo o mundo e as ligações com empresários e clubes era incomparavelmente superiores.
Pedro Barbosa, enquanto jogador, foi sempre alguém com opinião formada sobre a sua actividade e com capacidade de reivindicação junto dos treinadores, sendo o seu peso e influência no seio do plantel indiscutível, sobretudo nos últimos anos.
Companheiro de Paulo Bento no relvado, cimentou com o treinador demissionário uma relação de amizade sólida fora deles, que lhe abriu as portas para o exercício das funções que desempenhou até hoje, muito discretas e com raras intervenções públicas, nem sempre nos momentos mais apropriados.
Por isso, foi sempre um alvo privilegiado quando se apontava a inexistência de uma retaguarda forte que protegesse Paulo Bento, tal a predisposição deste para "dar o corpo à balas" e extravasar os temas que diziam respeito ao âmbito das suas funções específicas como treinador, invadindo a esfera do próprio director desportivo ou da SAD.
Leal a Paulo Bento e Miguel Ribeiro Telles, acabou por "cair", inevitavelmente, com ambos - só surpreendeu que a sua demissão só tenha sido anunciada várias horas depois da conferência de imprensa em que o treinador anunciou a sua decisão.
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