O treinador Paulo Bento considerou esta segunda-feira que existe atualmente "mais gente a valorizar" os quatro anos em que treinou o Sporting, da I Liga portuguesa de futebol, pelos poucos títulos e por algumas classificações que se seguiram.
O técnico orientou os ‘leões’ desde 2005/06 a 2008/09, tendo ganhado duas Taças de Portugal - 2006/07 e 2007/08 - e duas Supertaças - 2007 e 2008 -, além de ter sempre terminado o campeonato no segundo lugar, e lembrou as classificações inferiores às que almejou com "regularidade e que tão criticadas foram", até ao clube voltar ao segundo lugar, em 2013/14, com o técnico Leonardo Jardim, atual campeão francês, no Mónaco.
"Hoje em dia, não tenho dúvida que há mais gente a valorizar aquilo que foi feito em quatro anos consecutivos, sem atingir o objetivo principal", disse, à margem da primeira edição do Simpósio Legal para treinadores, organizado pela Aliança das Associações de Treinadores de Futebol Europeus (AEFCA), que decorre numa unidade hoteleira de Guimarães até terça-feira.
O ex-selecionador nacional, entre 2010 e 2014, sublinhou, a propósito da aposta na formação que promoveu em Alvalade, que isso não chegou para "ser campeão", mas considerou-a "inevitável" para o "processo dos clubes", até pelas dificuldades em "termos financeiros", tendo assinalado a aposta do Sporting de Braga em Abel Ferreira, treinador que passou pelas equipas B dos ‘leões’ e dos ‘arsenalistas’.
Atualmente sem clube, depois de, em 2016, ter orientado, de maio a julho, o Cruzeiro, da I Liga do Brasil, e de, em 2016/17, ter orientado o Olympiacos, da I Liga da Grécia, até março, e participado no heptacampeonato do clube do Pireu, o técnico disse "esperar com calma", com "paciência" por um novo projeto desportivo que lhe possa ser benéfico.
"Quem chegar com uma situação boa para nós, e que nós entendamos que é boa para nós, aí logo veremos o que faremos. Onde é? Não o sabemos", reiterou Paulo Bento, acrescentando não estar sequer a "definir" se o seu futuro pode passar pelo futebol europeu ou por um dos outros continentes.
O técnico disse ainda não estar arrependido pelos projetos escolhidos na Grécia, onde, a seu ver, as coisas correram normalmente, com a "conquista do campeonato", com o "estar nas meias-finais da Taça da Grécia sem perder" e o "ter chegado aos oitavos de final da Liga Europa", e no Brasil, onde os resultados não foram os "desejados".
O treinador esteve antes numa sessão sobre questões legais ligadas à atividade de treinador como a obtenção da legalização e da residência fiscal para a celebração de contratos de trabalho, com Henrique Calisto, que trabalhou entre 2001 e 2010 no Vietname e, em 2011, na Tailândia, e Bernardino Pedroto, que esteve em Angola, de 2001 a 2015.
A tertúlia foi precedida pela cerimónia de abertura do simpósio, na qual marcaram presença o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, o presidente da AEFCA, Walter Gagg, o presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança e o presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), José Pereira.
O responsável pelos treinadores portugueses realçou, à margem da iniciativa, que há treinadores, em Portugal, que aceitam "algumas rescisões que não deviam ser aceites" e criticou as ‘chicotadas psicológicas' ocorridas na última época - apenas cinco dos 18 clubes da I Liga acabaram a época com o treinador que a começaram -, realçando que os presidentes dos clubes devem escolher com critério.
"Há treinadores muito competentes, mas que, às vezes, não se enquadram em determinado perfil do presidente, da equipa ou do clube. As equipas são sempre 11 a jogar contra 11, mas a mística, a organização dos clubes, os próprios locais de trabalho são significativamente diferentes", concluiu.
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