Na entrevista à BTV, Rui Costa, candidato às eleições do clube, abordou a questão da competitividade da Liga Portuguesa. O atual líder Encarnado deixou as suas ideias para a formação, disse que o o clube tem de ser mais ambicioso nas modalidades e não ser apenas pavão.

Permanência de Jorge Jesus: "Jorge Jesus é o treinador de todos os benfiquistas. Não conquistámos nada, mas fizemos o início de época com a pujança que se pretendia, com os quatro pontos na Liga dos Campeões e com sete boas jornadas. Estamos no início de uma fase que acreditamos ser bastante positiva. Jorge Jesus faz parte desse projeto."

Ataque ao mercado: "Em janeiro iremos ver se podemos fazer mexidas ou não. Não sou de grandes mexidas em janeiro. Obrigam-nos a pensar que muita coisa não está bem. Se em janeiro tivermos de fazer mais mudanças, é sinal que a equipa não carbura como se espera. Pode haver um retoque ou outro para beneficiar a equipa. Quanto menos mexidas, é sinal que o plantel satisfaz a equipa técnica e o diretor para o futebol ou o presidente."

Dificuldades no mercado: "Já convencemos muitos por ser o Benfica, mas perdemos outros que nos podiam acrescentar enorme valor. Disseram 'Oh Rui, eu para o Benfica vou. Para a liga portuguesa é que não vou'. E por isso nós, Benfica, temos de ser mais céleres na busca de jovens e seletivos na contratação de jogadores. Ser competitivos em termos europeus. Jogadores de renome não querem vir por causa da dimensão da liga portuguesa"

Ambição do Benfica: "Queremos liderar o futebol nacional, as modalidades, todo o desporto nacional. Somos o maior clube do país e o melhor. Teremos de liderar as competições de futebol ou das modalidades. Estar a dizer que vou ganhar quatro ou três campeonatos parece-me absurdo porque a ideia é ganharmos sempre. Vamos lutar para ganhar o que tivermos para ganhar. Não falo só de campeonatos, mas de variadíssimas competições. Esta semana é boa para ver o que se pretende. Estamos na Liga dos Campeões, estamos bem num grupo extremamente difícil. Tivemos um empate em Kiev pelo meio e tivemos a derrota com o Portimonense. Precisamos que o Benfica funcione assim. Tivemos uma vitória internacional maravilhosa com o Barcelona e saímos daqui todos orgulhosos. Essa é a dimensão que eu quero, tenho dito isso muitas vezes. Não sou demagogo e não venho dizer que vamos ganhar três Ligas dos Campeões. Há clubes com grandes investimentos que nunca conseguiram levantar essa competição. Queremos que as equipas tenham esse comportamento. Mesmo sabendo da dificuldade, queremos jogar olhos nos olhos com todos. Perdemos com o Portimonense. Saímos frustrados pela derrota, mas conscientes de que a equipa lutou para ganhar o jogo. Tem de sair desta maneira. Para nos ganharem, têm de pôr o pé por cima."

Vencer uma prova europeia no futebol: "Sei o quanto é difícil e não vou estar a prometer coisas dessa dimensão. Mas temos obrigação, enquanto clube e olhando para a nossa história, de sair do campo sabendo que deixámos tudo, mesmo contra equipas que teoricamente são superiores a nós. Esse problema não é só do Benfica. É da liga portuguesa e do futebol português, que não tem a dimensão das 5 principais ligas. Conseguem potenciar e obter os melhores jogadores. Entram para estas competições muito mais fortes do que nós, a Bélgica, a Holanda e por aí fora. Não sei quantos anos tenho de recuar para encontrar um campeão europeu fora deste lote de países. Temos de ter equipas consistentes para esta competição, mas não prometendo Champions, prometo equipa que tem de se defender e lutar com toda a gente. Ter essa ambição. Não entrar a pensar 'somos de Portugal e do Benfica, somos coitadinhos'."

Benfica do futuro: "A ideia é sempre ganharmos. Não tem sentido prever ganhar um, dois campeonatos, o que seja. Vamos lutar para ganhar as variadas competições, não só campeonatos. Esta semana houve um bom exemplo do que pretendo. Estamos bem encaminhados na Champions, iniciámos muito bem o campeonato, mas ao mesmo tempo temos o que queremos todos para o Benfica. Tivemos uma vitória internacional ante o Barcelona que foi maravilhosa. É esse tipo de noites que quero, mas sei o quanto é difícil chegar a uma final da Liga dos Campeões. Quero que as nossas equipas tenham este comportamento, mesmo com as dificuldades em enfrentar colossos."

Mais jovens da formação na equipa principal: "Os jovens têm que fazer para lá chegar. Temos que ser pacientes com o crescimento deles dentro do plantel principal. Deve ser atribuída responsabilidade ao jogador e ao empresário. O jogador não pode ser vendido se fizer parte dos planos futuros do clube. Quando promovemos um jovem, temos o intuito de vê-lo afirmar-se na equipa principal. O plantel terá sempre jogadores da formação, independentemente do treinador. Há treinadores que apostam mais cedo, outros mais tarde, mas haverá sempre espaço na equipa principal, como podemos ver este ano novamente."

O que formar à Benfica? "Não posso impedir o treinador da equipa, se entender haver razões benéficas, de mudar o sistema tático. Sou muito prático por experiência própria. Mudei inúmeras vezes de sistema tático para perceber o quanto é difícil canalizar tudo isto nas várias camadas jovens. A formação do Benfica tem grande qualidade técnica e capacidade de inserção em vários sistemas. Há que formar à Benfica. Essa é a ideia. Quando se fala do Benfica Campus, associa-se à formação, mas ali treina a equipa principal. As condições proporcionadas, garanto, não se encontram em muitos lados. Os atletas podem fazer um trabalho de excelência, assim como preparadores, técnicos, analistas. Para dar tudo ao domingo, como se costuma dizer."

Formação e plantel principal com o mesmo modelo: "Há coisas que não são práticas quanto pode parecer. Há clubes que utilizam o mesmo modelo e filosofia em todos os escalões. Na época passada, começamos com 4-4-2 e terminámos com 3-4-3. Pretende-se que os jogadores tenham inteligência para se adaptarem a qualquer sistema. Devem ter cultura de jogo, cultura do Benfica. Para mim, o modelo de jogador à Benfica é ser um grande jogador. O Álvaro era um jogador à Benfica, o Nené não era, o Luisão era um jogador à Benfica, o Aimar não era. Os jogadores não podem ficar agarrados a um sistema só. Dado o modelo rigoroso, alguns podem não subir, mas não concordo com isso."

As eleições para os órgãos sociais do Benfica para o quadriénio 2021-2025 realizam-se no sábado, com Rui Costa e Francisco Benítez a disputarem a sucessão a Luís Filipe Vieira, que ocupou o cargo de presidente durante quase 18 anos, desde 2003.