A diretora do Panteão Nacional mostrou-se hoje agradada com a possível trasladação de Eusébio para o monumento em Lisboa, considerando que todos são bem-vindos ao local onde se «enaltecem os feitos de quem já cá não está».
«Entendo como cidadã que seja uma vontade e esteja muito generalizada, porque Eusébio levou Portugal ao mundo inteiro, e, enquanto diretora, posso dizer que são todos bem-vindos, são todos importantes, desde que entrem aqui, são pessoas extraordinárias e excecionais e por isso tiveram as honras de Panteão», disse à Lusa Isabel Melo.
Para a diretora do monumento, sempre que se fala do Panteão Nacional «é bom», acreditando que as visitas podem aumentar com o facto de se discutir a deposição dos restos mortais do antigo futebolista que faleceu no domingo, aos 71 anos.
A concessão das «honras do Panteão Nacional» ao antigo futebolista foi um dos assuntos debatidos na conferência de líderes de quarta-feira, com todos os partidos a apoiar a ideia que a presidente do parlamento já tinha admitido poder vir a concretizar-se.
«Sempre que se fala do panteão é bom, este é mais um motivo de se falar deste magnífico monumento. Tudo isso leva a crer que, em termos de visitantes, há sempre mais curiosidade de conhecer este monumento único de todos nós», disse Isabel Melo.
A diretora defendeu que o monumento não é «um local de morte, de cemitério», mas antes um local onde se «enaltecem os feitos de quem já cá não está» e onde a «memória das pessoas é preservada».
Segundo Isabel Melo, os visitantes ficam «muito agradadas com a descoberta» depois de conhecerem o Panteão Nacional, saindo do monumento com uma «imagem agradável da sua magnificência» de arte barroca.
Isabel Melo explicou ainda que a missão do Panteão Nacional é «preservar e manter vivos» os feitos de quem nele permanece e desvendar o que alguns consideram como um dos segredos mais bem guardados de Lisboa.
«Nós queremos desvendar aquilo que alguns consideram como o segredo mais bem guardado de Lisboa e torná-lo mais notório, porque merece. É um monumento do qual nos podemos orgulhar e há que fomentar esse orgulho», sublinhou.
O número de visitantes ao monumento localizado na igreja de Santa Engrácia, em Lisboa, aumentou nos últimos seis anos, tendo recebido 72.226 pessoas em 2013, segundo dados da Secretaria de Estado da Cultura a que a Lusa teve acesso.
De acordo com Isabel Melo, são os estrangeiros aqueles que mais procuram conhecer o monumento e só depois os nacionais, mas adiantou que a subida do número de visitantes se deu nos dois casos.
«Em 2009 tivemos um pico de visitantes com a exposição que assinalou os dez anos da morte de Amália Rodrigues ["Amália no mundo - O Mundo de Amália"], que pretendeu demonstrar a dimensão internacional da fadista», disse a diretora do espaço.
Isabel Melo assinalou ainda que as visitas ao monumento, «cuja subida ao terraço é obrigatória pelo miradouro que possui e pela vista excecional de Lisboa», começam a aumentar por altura da Páscoa, sobretudo pelos espanhóis, «atingindo o pico» em agosto com nacionais, emigrantes e estrangeiros.
Para a diretora do Panteão Nacional, o local está pronto para receber Eusébio «e todos aqueles que tenham essa honra», avançando que há «muito espaço para a sua arca tumular».
O escritor Aquilino Ribeiro, falecido em maio de 1963, foi a última personalidade que entrou no Panteão Nacional, em setembro de 2007.
A fadista Amália Rodrigues, falecida em outubro de 1999, foi a primeira mulher a ter honras de Panteão Nacional, tendo a trasladação ocorrido em julho de 2001.
No Panteão Nacional, que ocupa a antiga igreja de Santa Engrácia, em Lisboa, encontram-se os restos mortais dos ex-presidentes da República Manuel Arriaga, trasladado em 2004, Teófilo Braga, Sidónio Pais e Óscar Carmona, dos escritores João de Deus, Almeida Garrett e Guerra Junqueiro, e do general Humberto Delgado, opositor do Estado Novo.
A lei 28/2000 prevê que as «honras do Panteão destinam-se a homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade».
As honras podem consistir na deposição dos restos mortais no Panteão e na «afixação no Panteão Nacional da lápide alusiva» à vida e obra dos cidadãos distinguidos. A lei prevê ainda que as honras de Panteão Nacional não poderão ser concedidas «antes do decurso do prazo de um ano sobre a morte dos cidadãos distinguidos».
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