A história deste que foi, pelo menos para os sportinguistas, o grande acontecimento desportivo de 2021 a nível interno começa ainda em 2020. Mais concretamente a 5 de março. Foi esse o dia em que Rúben Amorim foi apresentado como treinador principal do Sporting. Na conferência de imprensa de apresentação, em Alvalade, uma frase de Amorim ficaria na memória: "As pessoas perguntam 'E se corre mal?'. Eu pergunto 'E se corre bem?'".
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Revista do Ano: Os temas que marcaram 2021- as notícias, as reportagens, os vídeos mais vistos. Os insólitos, as frases e as imagens que fizeram furor em 2021
E correu mesmo, numa época em que poucos acreditariam que tal fosse possível, face a um rival - o FC Porto - que entrava em cena como campeão em título e a outro - o Benfica - que investira como nunca na tentativa de recuperar o ceptro.
O título do Sporting em imagens
Entrar no ano na frente e continuar a ganhar
Avancemos, então, para 2021. Com o campeonato a decorrer com os estádios despidos de público, face às contingências ditadas pela pandemia da COVID-19, o Sporting entrou no ano com dois pontos de avanço sobre o mais direto perseguidor, o Benfica, com 11 jornadas jogadas. O primeiro jogo do ano não se adivinhava fácil: receção ao Sporting de Braga, a antiga equipa de Rúben Amorim. E não o foi. Mas, depois de alguns sustos, o Sporting ganhou mesmo, por 2-0, e aumentou desde logo a vantagem no topo para quatro pontos.
O Sporting vinha já de duas vitórias consecutivas e, entre janeiro e fevereiro, somaria mais sete vitórias (uma delas na receção ao Benfica) e um empate em oito jogos, antes de visitar o FC Porto, no final desse mês, dilatando para dez os pontos de vantagem na liderança na I Liga. Pelo meio, os 'leões' festejaram ainda a conquista da Taça da Liga.
Empate no Dragão e o Sporting a acreditar cada vez mais
O Sporting partiu então para essa visita ao Estádio do Dragão, à 21.ª jornada, com dez pontos à maior em relação ao rival nortenho (o Benfica, em queda, ocupava na altura o quarto lugar). E, mostrando a consistência defensiva que foi um dos alicerces da sua caminhada triunfal, a turma leonina segurou um precioso nulo que fez os sportiguistas acreditarem ainda mais que talvez este fosse mesmo o seu ano.
O mês de março serviu para dar ainda mais força a essa crença, com mais três vitórias noutros tantos jogos, todas elas por um golo de diferença, frente a Santa Clara, Tondela e Vitória de Guimarães, duas delas com golos mesmo ao cair do pano. A tal 'estrelinha de campeão', era inegável, estava lá.
Triunfo em Braga confirma estofo de campeão do leão
Três empates nos primeiros quatro jogos de abril, contudo, vieram levantar dúvidas. Seria mesmo o Sporting capaz de aguentar a pressão de ter o tão desejado título - que fugia há mais anos do que nunca - na mão?
A resposta foi dada a 25 de abril, em Braga. Num jogo em que se viu reduzido a dez jogadores logo aos 18 minutos, por expulsão de Gonçalo Inácio, o Sporting acabou por resistir estoicamente e regressar do Minho com os três pontos, graças a um golo de um dos muitos jovens que foram aposta de Amorim na caminhada para o título: Matheus Nunes. Um dia depois, o FC Porto empatava com o Moreirense e a vantagem do Sporting no topo voltava a ser mais confortável: sete pontos.
Enfim, a festa (que, em tempos de pandemia, foi polémica)
Depois, a abrir maio, duas vitórias - sobre Nacional e Rio Ave - deixaram o Sporting à beira do título. A questão já não era tanto 'Se o Sporting ia ser campeão', mas 'Quando o Sporting ia ser campeão'.
E a festa aconteceu a 11 de maio. Na receção ao Boavista, uma vitória selava a conquista do título e foi o que aconteceu. Um golo solitário de Paulinho, ainda na primeira parte, chegou para garantir o triunfo, num estádio despido de adeptos, mas com estes lá fora, à porta, a celebrarem antes, durante e depois do triunfo.
Com a pandemia da COVID-19 ainda em presente, muito deram que falar os festejos e a forma como os mesmos (não) foram preparados pelas autoridades, com grandes ajuntamentos de pessoas, uma longa espera pelo desfile da equipa rumo ao Marquês de Pombal e vários episódios de confrontos entre adeptos e polícia.
Mas, em termos desportivos, para a memória o que ficava era mesmo o título do Sporting. Na (naturalmente bem disposta) conferência de imprensa que se seguiu ao encontro com o Boavista, Rúben Amorim já olhava para o futuro. "Quero agradecer aos sportinguistas pelo apoio. Principalmente aos que deram o benefício da dúvida a meu respeito. O meu muito obrigado. Quero que se lembrem deste momento para que daqui a um mês e meio, se perdermos um joguinho, não comecem logo os lenços brancos", disse, entre risos.
Coates, capitão, líder e herói entre os 'miúdos' de Amorim
Quem foram, então, as figuras do título do Sporting? Primeiro que tudo, Rúben Amorim, com o seu célebre discurso do 'jogo a jogo', a sua sempre aparente tranquilidade nas conferências de imprensa, a solidez que conferiu à equipa ou a forma como não teve problemas em apostar nos jovens.
E foram muitos os 'miúdos' de Amorim na caminhada para o título: Nuno Mendes, Gonçalo Inácio, Matheus Nunes ou Tiago Tomás, produtos da Academia de Alcochete, foram peças importantes, como o foram outros jovens, contratados no início da temporada, como Pedro Porro ou Pedro Gonçalves, que acabaria mesmo a temporada como melhores marcador da I Liga.
Importante foi, claro, também, João Palhinha, em ano de afirmação definitiva, como o foi João Mário, seu parceiro mais habitual no meio-campo e que, depois, acabou por rumar ao Benfica no final da época.
Mas nenhum jogador terá sido tão importante como Sebástian Coates. O Sporting terminou a I Liga 20/21 com apenas 20 golos sofridos - de longe a melhor defesa da prova - e muita dessa consistência defensiva ficou a dever-se ao uruguaio, capitão e patrão da defesa. Um verdadeiro líder em campo, Coates não se ficou, contudo, pelo papel defensivo. Correspondeu no ataque sempre que foi preciso e assinou cinco golos no campeonato, praticamente todos eles a valerem pontos preciosos. Sempre que o Sporting precisou, o capitão esteve lá.
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