Com a crise do BES (o único banco que fazia empréstimos aos três grandes") e a recusa dos outros bancos em financiar o futebol, Benfica FC Porto e Sporting precisam de mudar o seu paradigma de financiamento para manter a sustentabilidade das suas estruturas.
Uma das apostas passa pela internacionalização do produto, de modo a captar receitas. Para tal é preciso uma união entre os clubes, algo que não se avizinha num futuro próximo.
Em entrevista exclusiva ao SAPO Desporto, Daniel Sá, diretor do Porto do IPAM - The Marketing School - e especialista em marketing desportivo, defende que chegou a hora dos "três grandes" se sentarem à mesa e discutir os problemas do futebol português, de modo a adotar estratégias conjuntas que permitam manter a sustentabilidade do futebol português.
"Os tempos são difíceis e vão ser ainda mais no futuro. O único caminho que aponto e vejo o futebol como um todo é o de exportar este produto. Portugal é um país pequeno, com um mercado limitado. Para se ter uma ideia, o Sevilha recebe mais do que o Benfica em direitos televisivos porque Espanha é maior. A Liga Portuguesa tem de se exportar, conquistar novos mercados, como forma de aumentar as receitas porque temos uma dimensão muito pequena. Por exemplo, mais de metade das receitas da Premier League é feita fora de Inglaterra. Mas isso é algo que já vem, há mais de 20 anos, a ser trabalhado", disse Daniel Sá, que aproveitou para deixar alguns conselhos aos clubes portugueses.
“É preciso um planeamento de longo prazo e também, algo mais difícil de acontecer, que os clubes entendam-se e trabalhem em conjunto. Quanto melhor estiver o futebol em Portugal, melhor é o produto e melhor será para os clubes. Mas esse é o grande problema do futebol em Portugal", comentou o diretor do Instituto Português de Administração e Marketing do Porto, receoso quanto ao futuro do futebol português.
"Acho que se não se fizer esta alteração, o futebol português como conhecemos corre o risco de desaparecer e ficar numa linha secundária [na Europa]. Os clubes só são concorrentes entre si dentro do relvado, onde uns tentam ganhar a outros. Mas depois cá fora têm de ser parceiros. Quanto melhor imagem tiver o futebol português, melhor para todos. Essa suspeição sobre resultados, árbitros, eleições, etc, faz com que não confiemos na justiça do futebol ou, pelo menos, cria a dúvida de que as coisas não são transparentes. E a coisa mais bonita do desporto é a incerteza no resultado, ganha quem tiver mérito. Se isto é posto em causa, estamos a estragar o produto, logo as pessoas não o compram. Isso é válido para qualquer negócio e também para o futebol. Essa mudança de mentalidade é obrigatória e tem de ser feita o mais rapidamente possível", disse ao SAPO Desporto o especialista em marketing desportivo.
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