Apenas por uma vez uma equipa recuperou de sete pontos de desvantagem à 16.ª ronda da I Liga para ser campeão: aconteceu em 2018/2019 com Bruno Lage no Benfica. Ora essa é a tarefa de Nélson Veríssimo no comando das Águias. Os dois técnicos têm muitas semelhanças: ambos deixaram a equipa B do Benfica para assumir a principal, após a demissão do anterior treinador.

Na sua estreia no comando técnico da equipa principal do Benfica, o treinador de 44 anos perdeu no Estádio do Dragão com o FC Porto por 3-1 e ficou a sete pontos da liderança, ocupada por Leões e Dragões.

Para chegar ao título, o Benfica terá de fazer uma segunda volta quase perfeita para ultrapassar os rivais.

Bruno Lage e um título que parecia impossível

Em 2018/2019, Bruno Lage deixou a equipa B do Benfica para assumir a principal, após a saída de Rui Vitória, treinador que deixou o clube da Luz no quarto lugar, a sete pontos do FC Porto, dois do Sporting e um do Sporting de Braga. Recuperou os sete pontos de atraso que tinha para os Dragões e fez a melhor segunda volta da história do campeonato, batendo o recorde que pertencia a Rui Vitória, o técnico que foi substituir.

Em 03 de janeiro de 2019, Bruno Miguel Silva Nascimento, nascido em Setúbal a 12 de maio de 1976, assumiu “provisoriamente” o comando da equipa do Benfica e, três dias depois, estreou-se com um triunfo caseiro por 4-2 face ao Rio Ave. Em encontro da ronda 16 da I Liga, os vila-condenses chegaram aos 20 minutos a vencer por 2-0 na Luz, mas Seferovic e João Félix empataram o jogo ainda antes do intervalo e ambos voltaram a faturar na segunda parte.

Nesse jogo, Lage trocou o ‘4-3-3’ de Rui Vitória por um ‘4-4-2’ e nunca mais o largou, sendo que, no campeonato, o Benfica foi andando de vitória em vitória.

Depois do Rio Ave, seguiram-se triunfos fora com Santa Clara (2-0) e, com grande dificuldade, em Vitória de Guimarães (1-0), um 5-1 caseiro ao Boavista e uma vitória bem mais clara do que o 4-2 final indica no reduto do Sporting.

À 21.ª ronda, o campeonato foi ‘sacudido’ por um mais do que inusual 10-0 ao Nacional, a 10 de fevereiro, ao que se seguiu um 3-0 na casa do Desportivo das Aves.

Desta forma, o Benfica chegou à 23.ª jornada a depender de si para subir à liderança: chegou ao Dragão a um ponto do FC Porto, esteve a perder, mas virou para 2-1, com tentos de João Félix e Rafa. O FC Porto ainda marcou primeiro, aos 19 minutos, pelo espanhol Adrián López, mas as ‘águias’ restabeleceram a igualdade pouco depois, aos 26, por João Félix, e selaram a reviravolta aos 52, por Rafa, assistido por Pizzi. O brasileiro Gabriel foi expulso, aos 78 minutos, mas os ‘encarnados’ seguraram a vitória, que acabou por ser determinante para a conquista da I Liga 2018/19. Esta foi, aliás, a última vitória do Benfica diante do FC Porto

A ronda seguinte trouxe o primeiro, e único dissabor, em forma de um empate caseiro com o Belenenses, num jogo em que o Benfica chegou a 2-0 e depois ofereceu dois golos.

Os ‘encarnados’ cederam dois pontos, mas não a liderança, e a resposta chegou em forma de mais vitórias: 4-0 na casa do Moreirense, então em grande momento, 1-0 sofrido na receção ao Tondela e 4-1, com reviravolta, no reduto do Feirense.

Com um ataque imparável e insaciável, o Benfica continuou a somar triunfos, batendo em casa o Vitória de Setúbal por 4-2, e o Marítimo por 6-0, para, depois, lograr uma vitória ‘chave’ em Braga por 4-1, em mais um jogo que começou a perder.

O 5-1 ao Portimonense não foi fácil, após novo 0-1, e, em Vila do Conde, Lage conseguiu o pleno fora face ao Rio Ave (3-2), para rematar o título na Luz, perante o Santa Clara (4-1), num jogo em que foi ultrapassada a barreira dos 100 golos.

Ao todo, Bruno Lage somou 16 vitórias e um empate, tendo vencido todas as equipas do top-6 (FC Porto, Sporting, SC Braga, Moreirense e Vitória de Guimarães. O agora treinador do Wolverhampton alcançou 49 pontos em 51 possíveis, batendo o recorde de Rui Vitória, que em 2015/2016 perdeu apenas três pontos na segunda volta, numa derrota caseira frente ao FC Porto (2-1).

Esta é a tarefa que espera Nélson Veríssimo, se quiser ser campeão pelo Benfica esta época.

Enquanto jogador, Nelson Veríssimo fez quase toda a formação nos 'encarnados', onde ingressou em 1989, oriundo do Atlético Povoense, ainda com idade de infantil (sub-13).

Estreou-se na equipa principal em 1995/96, onde alinhou em apenas três encontros, uma época antes de ser emprestado ao Alverca, para nunca mais voltar ao Benfica na condição de jogador.

Antes de iniciar a carreira de treinador, como adjunto de Luís Norton de Matos, na primeira época do projeto da equipa B do clube da Luz, Veríssimo representou ainda a Académica, o Vitória de Setúbal, o Fátima e o Mafra.