O Movimento "Servir o Benfica" reagiu esta quarta-feira ao comunicado da SAD do Benfica, publicado na terça-feira, que deu conta da oferta recebida por Luís Filipe Vieira para vender as ações que o ex-presidente do clube detêm, de forma a que o clube possa exercer o seu direito de preferência.
O "Servir o Benfica" apela à direção do clube - que irá discutir o assunto nos próximos dias - para se abster de exercer o direito de preferência nas ações de Vieira, uma vez que "o Sport Lisboa e Benfica (o Clube) é o maior accionista da Benfica SAD, controlando 63,65% do seu capital social, pelo que uma participação adicional de 3,28% nada acrescenta ao Clube em termos de controlo estratégico".
Além disso, considera o movimento, a operação beneficiaria apenas um accionista - Luís Filipe Vieira, numa altura em que, consideram, a direção do clube não tem legitimidade para tomar a decisão, uma vez que está demissionária.
O comunicado do movimento "Servir o Benfica"
"A Benfica SAD emitiu um comunicado, no final do dia de ontem, onde informa ter tomado conhecimento de um suposto acordo para a venda da totalidade da posição accionista na Benfica SAD detida pelo Sr. Luís Filipe Vieira a um comprador não identificado, por um valor global de cerca de 5,9 milhões de euros, o correspondente a um preço por acção de 7,80 euros. Esta informação, de acordo com o comunicado, terá sido transmitida pelo Sport Lisboa e Benfica (o Clube) após este ter sido notificado pelo Sr. Luís Filipe Vieira com vista ao possível exercício de um direito de preferência na referida transacção.
Infere-se da informação supracitada que o Sr. Luís Filipe Vieira terá um acordo com um comprador, cuja identidade não foi revelada, para vender a totalidade da sua posição na Benfica SAD - representativa de 3,28% do capital - por um valor 80% acima da última cotação de mercado anterior a este anúncio. E, nesse contexto, vem oferecer ao Sport Lisboa e Benfica (o Clube) a possibilidade de este executar a compra, em alternativa ao investidor desconhecido, nas mesmas condições. O Sport Lisboa e Benfica (o Clube) poderá exercer este direito até ao dia 15 de Setembro e, se não o fizer, a compra será concluída pelo alegado investidor nas condições comunicadas.
A possibilidade de exercício deste direito de preferência não está contemplada nos Estatutos da Benfica SAD nem na lei geral, estando regulada num acordo parassocial alegadamente existente entre o Sr. Luís Filipe Vieira e o Sport Lisboa e Benfica (o Clube) datado de 11 de Setembro de 2020.
O Servir o Benfica vem por este meio recordar que o Sport Lisboa e Benfica (o Clube) é o maior accionista da Benfica SAD, controlando 63,65% do seu capital social, pelo que uma participação adicional de 3,28% nada acrescenta ao Clube em termos de controlo estratégico da sua principal actividade, o futebol profissional. Por outro lado, o preço proposto pelo Sr. Luís Filipe Vieira é 80% acima do valor das acções em bolsa. Assim, se o Clube tiver interesse no reforço da sua posição accionista na SAD, poderá concretizá-lo em condições bem mais vantajosas por via de uma aquisição em bolsa.
Deste modo, apela o Servir o Benfica aos Órgãos Sociais do Clube, em particular à Direcção e ao Conselho Fiscal, que se abstenham de exercer o direito de preferência nesta transacção, o que a não acontecer será altamente lesivo dos interesses do Sport Lisboa e Benfica e só resultará em benefício particular de um único accionista da Benfica SAD, no caso o Sr. Luís Filipe Vieira. Este processo, aliás, é em tudo semelhante à tentativa de OPA sobre a Benfica SAD que em boa hora foi impedida pela CMVM. Recorda-se ainda que a Direcção do Sport Lisboa e Benfica, estando demissionária, não tem legitimidade para concretizar um negócio nestes termos e desta dimensão, se eventualmente for esse o seu entendimento."
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