A casa lotada em Moreira de Cónegos, o melhor registo da época, fazia prever um jogo animado em casa do 5º classificado da Liga, de regresso ao principal escalão do futebol português. E que regresso: oito jogos, apenas dois golos sofridos e as três derrotas sofridas aconteceram com o FC Porto, SC Braga e Sporting.
Para o duelo com o Benfica, a equipa sensação da I Liga até então, que não perdia há seis jogos e tinha vencido os últimos três, mudou apenas uma peça face à última partida, com o Rio Ave. Para o encontro da 12.ª jornada da I Liga, Rui Borges não pôde contar com o titularíssimo médio ganês Lawrence Ofori, ausente por castigo, e lançou para o onze Rúben Ismael, com apenas 14 minutos esta época, 9 deles no campeonato.
Nas águias, Roger Schmidt não tocou no onze lançado nos últimos dois jogos – um empate com o Inter para a Champions e uma vitória com o Famalicão na Taça de Portugal. Destaque para a presença de Gonçalo Guedes no banco de suplentes, onde nem sequer apareceu David Jurásek.
Quatro dias depois de um jogo de loucos para a Liga dos Campeões, a expectativa era grande para perceber de que forma o resultado amargo frente ao Inter tinha afetado, ou não, a confiança da equipa encarnada. Sobretudo perante uma formação minhota hiper motivada e sem o peso da responsabilidade do jogo, que naturalmente pertencia ao Benfica.
Já com o FC Porto a morder os calcanhares após a vitória folgada em Famalicão, o Benfica sabia que só vencendo poderia retomar os três pontos de vantagem, entretanto também partilhada com os dragões para além dos leões. Sabia-o, mas nem por isso o demonstrou em campo. A entrada em jogo do Moreirense colocou em sentido uma águia algo apática.
Primeira parte eletrizante, mas sem golos
O jogo começou nervoso, mas algo atabalhoado. A primeira grande ocasião de perigo surgiu aos 6 minutos. Após uma perda de bola em zona proibida, um remate cruzado venenoso a pedir o desvio de André Luis.
Depois, no espaço de poucos minutos, seguiram-se ataques em catadupa da formação minhota. Nova ameaça aos 11 minutos. Um remate de Madson, em arco, passou muito perto do poste direito da baliza de Turbin. O Moreirense "agredia" a defesa encarnada com uma verticalidade demolidora.
Um massacre que após várias oportunidades colecionadas, teve o seu apogeu num remate potentíssimo à trave da baliza de Trubin. Cheirava a golo em Moreira de Cónegos e encolhia-se o Benfica perante o arranque corajoso e audaz do Moreirense.
Respondiam as águias pela direita por intermédio de Aursnes. O norueguês descobriu Rafa, que rematou contra a barreira defensiva do Moreirense. Na sequência do canto, Otamendi deu o golo a Florentino, mas o médio não fez melhor do que cabecear ao lado. Tentava equilibrar o jogo o campeão nacional.
O jogo estava ligado à corrente com vários ataques sucessivos nas duas balizas (13 investidas, ao todo) e o golo, por volta dos 15 minutos do jogo, podia cair para qualquer lado, apesar do ligeiro ascendente minhoto.
Num curto espaço de tempo, o Benfica ia respondendo com maior perigo e Di Maria, por duas vezes, esteve perto de abrir o marcador. Equilíbrio na partida e a promessa de uma noite de bom futebol no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas.
Ao 27 minutos, já depois de um período de maior acalmia, golo anulado ao Moreirense por fora-de-jogo. André Luís pegou muito bem na bola, mas o avançado estava em posição irregular por 98cm.
Do outro lado, logo de seguida, resposta do Benfica por Tengstedt, que assistido por Di Maria rematou à malha lateral da baliza defendida por Kewin Silva. Tinha mais bola o Benfica, mas o maior perigo era causado pela equipa anfitriã.
Nos últimos quinze minutos da primeira parte, as equipas acabaram por baixar um pouco o ritmo alucinante com que iniciaram a partida, mas sempre com uma disponibilidade tremenda, quer nos duelos, quer na pressão acutilante que impunham ao transportador da bola.
Até esta altura, a assistência generosa de 6000 pessoas podia e devia agradecer o bilhete pago. Para ser perfeito, só faltaram os golos. E pelo nível exibicional, tinha sido justo que aparecessem.
Roger Schmidt mexeu cedo, mas os golos não chegaram
Foi no meio-campo que Schmidt quis uma mudança abrupta na segunda parte e com maior solidez no sector intermédio. Chiquinho e Kokçu entraram, saíram João Neves e Florentino. Não quis esperar o técnico alemão, que rapidamente se questionou se teria, de facto, tomado a melhor decisão.
O primeiro aviso foi dado aos 49 minutos por Di Maria, com um remate a passar ligeiramente por cima da baliza. Por esta altura, o corredor central do Moreirense já estava 'minado' com amarelos (dois médios, dois centrais), tornando perigosamente expostas áreas do campo fulcrais por onde passava grande parte do jogo encarnado.
Do outro lado, cinco minutos depois, o Moreirense respondia por Franco com um remate forte, mas muito por cima do alvo. Por esta altura, o jogo mantinha a intensidade da primeira parte, mas com maior racionalidade na atitude das duas equipas em campo.
O relógio marcava 63 minutos de jogo e o Benfica, apesar de dominar o jogo com maior posse de bola - tal como na primeira parte - não conseguia efetivar a supremacia nesse parâmetro.
Ao contrário da primeira parte, o Moreirense poucas vezes conseguiu sair em transição para incomodar Trubin. O jogo acontecia quase sempre no meio-campo da equipa do Norte, que apesar de tudo controlava as intenções dos encarnados. Exceção feita ao minuto 72: golo de João Mário muito festejado, mas o médio estava 31 cm adiantado e o lance foi invalidado pelo VAR. Nas bancadas, os adeptos da casa festejavam como se de um golo se tratasse.
Este não contava, mas o Benfica estava literalmente instalado no meio-campo ofensivo. O golo estava perto, sentia-se, e a sete minutos do fim Rui Borges fez três alterações de uma só vez com o principal objetivo de refrescar a equipa, visivelmente desgastada.
No último sprint, o Benfica balanceou-se ainda mais na frente em busca dos três pontos, mas sem sucesso.
Os encarnados perdem dois pontos em Moreira de Cónegos e podem ver o Sporting, que só joga esta segunda-feira, garantir a liderança isolada no campeonato português à 12.ª jornada. Já a equipa comandada por Rui Borges soma o sétimo jogo consecutivo sem perder (quarto seguido sem sofrer golos) e reforçou, uma vez mais, a excelente época realizada até ao momento.
Comentários