No último jogo da 22.ª jornada da I Liga, estiveram frente a frente as equipas-sensação da I Liga. Uma, por ser uma surpresa, outra por ser uma confirmação. O Sporting chegava a Moreira de Cónegos com menos três pontos que o Benfica e com menos dois jogos. Pela frente, os leões encontravam o surpreendente 6.º classificado do campeonato, que regressou à liga principal depois de uma época no segundo escalão.
A deslocação adivinhava-se complicada, mas um golo de Morita aos três minutos ajudou a quebrar o gelo, se é que alguma vez chegou a existir. Depois, tudo simples. Ou aparentemente simples. Na segunda parte bastou ao leão gerir o resultado, mas sem nunca tirar os olhos da baliza. Que não haja dúvidas: este leão sabe rugir, caçar as presas e alimentar-se de pontos... e golos. Já são 60 na Liga, prova que volta a liderar ao lado do Benfica, que soma mais um jogo, não esquecer.
A noite ficou marcada pela pele escura do leão: o quarto equipamento da equipa verde e branca inspirado no equipamento Stromp.
Quanto ao Moreirense, a derrota em nada belisca a tremenda época da formação orientada por Rui Borges. Aliás, diga-se, houve muito mais mérito do Sporting do que propriamente demérito da equipa minhota, que ainda pode, e deve, continuar a sonhar com a Europa.
Em equipa que ganha, mexe-se
Com vitórias nos últimos jogos, Sporting e Moreirense decidiram mexer para a partida da 22.ª jornada do campeonato.
Depois de ativar o modo poupança na Liga Europa na passada quinta-feira, frente aos suíços do Young Boys, Rubén Amorim voltou a apostar no standart 3-4-3 e recuperou em Moreira de Cónegos o onze que aplicou a goleada por 5-0 sobre o SC Braga.
Coates, que foi poupado na Suíça para a visita a Moreira de Cónegos, volta ao onze inicial, assim como Geny Catamo, Hidemasa Morita e Francisco Trincão, suplentes utilizados ante os helvéticos na primeira mão do play-off de acesso aos oitavos de final da Liga Europa.
Saíram do onze inicial dos leões Matheus Reis, Ricardo Esgaio, Daniel Bragança e Marcus Edwards, todos de início no banco no Minho, esta noite. Quem também começou no banco, foi o central Ousmane Diomande (após o regresso da CAN, que ganhou pela Costa do Marfim) e o lateral-direito espanhol Iván Fresneda, recuperado de lesão. Começaram e de lá não saíram.
No Moreirense, Rui Borges lançou como novidades o médio Rúben Ismael e o extremo João Camacho, que na vitória frente ao Chaves, na última partida, não foi opção por estar a gozar de licença parental. Relativamente a esse jogo, saíram do onze Lawrence Ofori e Jeremy Antonisse, esta noite no banco.
Marcar cedo e cedo erguer
Dificilmente o encontro podia ter começado melhor para o Sporting. Ainda não tinham passado três minutos desde o início da partida, quando Morita colocou os leões na frente do marcador. Lance algo atabalhoado na grande área da equipa da casa: canto de Trincão, a bola atravessa toda a área e chega ao segundo poste. Frimpong tenta cortar, mas após um ressalto em Hide Morita a bola acaba mesmo dentro da baliza de Kewin Silva. Ainda se aguardou por suspeita de mão na bola do japonês, mas Fábio Veríssimo validou o lance.
O golo dava ainda mais confiança aos leões: Trincão, aos 11 minutos, voltava a colocar em sentido o guardião da equipa minhota. O mesmo que viria a travar, logo de seguida, nova investida de Geny Catano, com um remate forte, mas à figura.
A partida estava viva, com algumas saídas rápidas da equipa de Rui Borges, mas sempre com a defesa leonina muito atenta sem permitir quaisquer aproximações à baliza de Adán. O Sporting tinha mais bola e respirava confiança: os 19 golos marcados e apenas 1 um sofrido nos últimos quatro jogos talvez ajudem a explicar a cabeça bem erguida do leão.
O Sporting continuava dominador, com mais bola, a mandar no jogo. Perto dos 20 minutos, uma incursão de Nuno Santos pela esquerda obrigou Marcelo a um corte apertado. O público animava-se com o ímpeto leonino na partida, com declarado ascendente para a equipa de Rúben Amorim, que viria a sorrir novamente aos 23 minutos.
Trincão arrancou no meio-campo, passou nas costas de Geny Catano e ainda chegou a tempo para assistir Pedro Gonçalves, que no meio da área marcou sem oposição junto ao primeiro poste.
Tudo parecia fácil, mas não nos esqueçamos: o fácil dá muito trabalho. E este leão pragmático, frio e caloroso ao mesmo tempo, chegava aos 10 jogos consecutivos a marcar pelo menos dois golos.
E por falar em golo, lá vinha mais um através de Nuno Santos com um remate de fora da área. Valeu Kewin, muito atento, com uma enorme defesa.
À passagem da meia-hora o Moreirense conseguiu estabilizar o jogo do Sporting. Chegou mesmo a acercar-se da área leonina algumas vezes, mas em nenhuma criou qualquer perigo. A sensação que dava era de que o Sporting jogava em superioridade numérica, tendo em conta a enorme pressão e rapidez que imprimiam no seu jogo, a chegar primeiro a quase todas as bolas.
E isso ficou evidente em mais uma recuperação de Hjulmand (que jogo!), que descobriu Gyokeres na esquerda. O sueco disparou, entregou a Pedro Gonçalves, mas desta vez a intenção do ex-Famalicão esbarrou na muralha dos cónegos.
A primeira parte terminava com 69% de posse de bola dos leões, que remataram 10 vezes contra apenas uma do Moreirense. A história do jogo era simples de contar e a justiça do resultado ao intervalo era incontestável, à boleia de um golo madrugador de Morita.
Arranque do segundo tempo parecia uma réplica do início da primeira parte, mas desta vez não contou
Ainda não tinham passado dois minutos do segundo tempo, quando Trincão (enorme jogo) colocou a bola no fundo das redes. As redes abanaram mesmo, é certo, mas não contou. Grande remate de Pedro Gonçalves, acertou em cheio no poste, o médio ex-Barcelona na recarga atirou para dentro da baliza, mas estava em fora de jogo.
Cinco minutos depois, Geny Catamo voltava a ameaçar com um remate potente, mas a bola saiu por cima da baliza de Kewin. Percebia-se que a entoada ofensiva do Sporting não abrandava, enquanto o Moreirense continuava sem conseguir apresentar a qualidade demonstrada ao longo do campeonato, nomeadamente em casa, onde só tinha perdido uma vez nos últimos dez jogos.
Apercebendo-se do domínio que conseguia manter, o emblema leonino foi incomodando a espaços, mas sem o fôlego do primeiro tempo.
Aos 72 minutos, as primeiras mexidas da partida e com quatro substituições praticamente de rajada na equipa de Rui Borges. Substituições que antecederam a primeira alteração promovida por Amorim, que optou por colocar Matheus Reis no lugar de Nuno Santos, que já tinha amarelo.
Depois de uma primeira parte escaldante, a segunda foi arrefecendo com o passar do tempo e as mudanças de parte a parte pouco ou nada influenciaram o decurso da partida.
Exceção feita aos 87 minutos com um cruzamento picante que, apesar disso, acabou nas mãos de Adán. Na verdade, a primeira intervenção do guarda-redes espanhol ao longo de toda a partida.
Ainda deu tempo para entrarem Edwards e Quaresma, que muito provavelmente serão titulares no jogo da próxima quinta-feira, em Alvalade, diante dos suíços do Young Boys, para a Liga Europa.
A fechar, nota ainda para mais uma tentativa de Trincão, incansável ao longo de toda a partida, mas Kewin - que muito fez - evitou o 3-0 com uma mancha formidável.
O Sporting venceu, convenceu, está bem e recomenda-se. Venha de lá a Liga Europa.
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