Negócios entre o Benfica e o Valencia estão a ser investigados pelo Ministério Público português, na sequência de uma denúncia feita em outubro por Miguel Zorío. O antigo vice-presidente do clube espanhol entre 2009 e 2010 garantiu que existem crimes de corrupção internacional e branqueamento de capitais, relacionados com transferências de jogadores.

Tal como teve acesso o 'El Diario', o MP português já está a investigar o pagamento de comissões alegadamente ilícitas entre os dois emblemas. Em causa estão as transferências de André Gomes, Rodrigo Moreno, João Cancelo e Enzo Pérez, bem como a saída de Jonas do Valencia rumo ao Benfica.

Miguel Zorío defende que, nos negócios em questão, o Valencia pagou determinadas quantias à SAD do Benfica, que não correspondem aos valores recebidos pelo clube da Luz. Ou seja, por exemplo, no caso da transferência de Rodrigo Moreno, a SAD do Benfica declara rendimentos de 12.642.000 euros e 17.358.00 euros de pagamentos a terceiros e serviços de intermediação, tal como refere o 'El Diário'.

O antigo vice-presidente alega que o mesmo esquema foi utilizado noutras transferências, como é o caso de João Cancelo ou André Gomes que custaram 15 milhões de euros cada um e o Benfica só recebeu seis milhões pelo primeiro e nove milhões pelo segundo, tal como já tinha dito Miguel Zorío ao jornal A Bola.

No caso de Jonas, a mudança foi inversa, mas o antigo vice-presidente levanta suspeitas no facto de o avançado ter sido oferecido às águias, que mais tarde o avaliaram em 20 milhões.

No fundo, Miguel Zorío alega "excessiva desproporção no enorme montante recebido por intermediários e terceiros", suspeitando que o Valencia poderá ter sido utilizado para 'salvar' a SAD encarnada.

“A operação de engenharia financeira descrita e acreditada demonstra uma burla aos direitos dos acionistas da SAD ao adquirir para financiamento a preços exorbitantes e fora do mercado o que o próprio acionista maioritário possuía, transferência que além de ser prejudicial à sociedade comercial Valencia CF SAD é igualmente prejudicial ao interesse público, como quando no caso as ações supostamente visam a evasão das obrigações tributárias de credores, devedores, compradores, vendedores, intermediários, terceiros e até mesmo jogadores (que teriam incluído o pagamento da comissão aos intermediários no preço total de venda pago pelo Valencia CF) e poderiam, pelos altos valores reportados e acreditados, ultrapassar em muito os limites da contraordenação para incorrer em ilegalidade penal qualificada como delito tributário”, pode ler-se na acusação, citado pelo 'El Diário'.