O presidente da Câmara de Lisboa disse hoje desconhecer que a PSP tenha emitido um parecer negativo à festa que se realizou junto ao estádio de Alvalade e reiterou que a autarquia “não tem nenhum poder de autorizar manifestações”.
“Eu vi notícias das fontes associadas à polícia […] que induziram em erro notícias que alguns jornalistas publicaram, invocando que havia um parecer negativo contra essa organização. Se o há eu não o conheço. E se o há deve ser dirigido internamente à polícia ou ao Ministério da Administração Interna”, afirmou Fernando Medina (PS) aos jornalistas, à margem da reinauguração das instalações do Supremo Tribunal de Justiça.
O Sporting sagrou-se na terça-feira campeão português de futebol pela 19.ª vez, 19 anos após a última conquista, e durante os festejos ocorreram confrontos entre os adeptos e a polícia.
Milhares de pessoas concentraram-se junto ao estádio, no Campo Grande, quebrando as regras da situação de calamidade em que o país se encontra devido à pandemia de covid-19, em que não são permitidos ajuntamentos de mais de 10 pessoas na via pública, nem o consumo de bebidas alcoólicas na rua.
O autarca realçou que “a Câmara não tem nada a ver com a autorização da manifestação”, acrescentando que o município cumpriu as suas competências legais.
“Eu não vou alimentar nenhum jogo de passa culpa sobre isto, mas agora também não aceito responder sobre competências que eu verdadeiramente não tenho”, sublinhou.
Fernando Medina reiterou que “a grande preocupação” da autarquia foi com os festejos no Marquês de Pombal, tendo, por isso, defendido a ausência de um palco naquele local e uma viagem do autocarro do Sporting, num percurso de seis quilómetros, para que “as pessoas pudessem estar distribuídas a ver a sua equipa”.
“É evidente que depois de tudo o que aconteceu houve várias coisas que não correram bem. […] O Governo já anunciou que tinha solicitado ao Ministério da Administração Interna um relatório sobre todo o relacionamento com as entidades neste âmbito. Eu próprio fornecerei ao Governo relato disso mesmo. E o Governo anunciou um inquérito à atuação da Polícia de Segurança Pública. Aguardemos os resultados. Eu não vou contribuir para o passa culpas”, reforçou.
O autarca admitiu que “há lições a tirar daquilo que aconteceu” e recordou o que anunciou na quarta-feira: a receção à equipa do Sporting nos Paços do Concelho não terá público devido aos incidentes ocorridos nos festejos de terça-feira, “esse sim” um evento organizado pelo município.
O presidente da Câmara de Lisboa defendeu ainda que se não tivesse havido uma preparação dos festejos com as entidades competentes, a concentração de pessoas “poderia ter sido muito maior”.
O vice-presidente do Sindicato Nacional de Oficiais da Polícia disse hoje, em declarações à agência Lusa, que a PSP apresentou propostas alternativas para as comemorações do Sporting como campeão nacional de futebol, que não foram aceites, e deu parecer negativo à festa que se realizou junto ao estádio.
Bruno Pereira notou que a Polícia de Segurança Pública se “opôs veementemente” ao modelo proposto pelo Sporting para o estádio e para o desfile do autocarro com os jogadores, tendo apresentado alternativas que permitiriam à PSP “agir de forma efetiva e não estar sempre a correr atrás do prejuízo”.
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